quinta-feira, 17 de setembro de 2015

ATEU EUSTÁQUIO RESPONDE AO CRISTÃO SAMUEL MATEUS



Eustáquio
13/07/2015

Caro Samuel Mateus,

Há dois dias, você me escreveu dizendo que confia na Bíblia, já que, para você, ela é a mais pura verdade. Respondi a você que a Bíblia não tem ligação alguma com verdades e que você faz essa afirmação por causa de sua crença religiosa. Para lhe mostrar que a Bíblia não é aquilo que os líderes religiosos cristãos pregam aos fiéis nas igrejas, resolvi fazer-lhe um desafio. Desafiei-o a não desaparecer de minha página no “You Tube” depois de eu lhe mostrar algumas passagens bíblicas. Comuniquei a você que os cristãos, diante de meus vídeos e artigos, evitam a própria Bíblia em seus comentários, se é que posso chamar aquilo de comentários. E por que cristãos evitam a Bíblia? Ora, simplesmente porque a Bíblia é o melhor livro de ateísmo que eu conheço, no mundo ocidental. É até engraçado cristãos fugirem da própria Bíblia, quando, na verdade, deveriam recorrer a ela, já que é o livro “sagrado” para eles.
Pois bem, caro Samuel Mateus! Ao propor-lhe esse desafio, você, de imediato, aceitou. Que bom! Assim sendo, logo para começar, peguei um dos 10 mandamentos bíblicos, que não são 10, que estão descritos no livro de Êxodo, capítulo 20. Peguei o mandamento que está no versículo 17. Ei-lo:
“17 Não desejarás a casa do teu próximo. Não desejarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem cousa alguma que pertença ao teu próximo.”
Disse a você, Samuel, que, nas igrejas cristãs, os líderes religiosos, ao lerem o versículo acima, afirmam aos fiéis que esse mandamento foi feito pelo Deus Javé com o objetivo de proibir o adultério, a traição conjugal. Dizem os líderes cristãos que Deus aplicou esse mandamento tanto ao homem quanto à mulher. Ou seja, Deus proibiu o homem casado a fazer sexo com outra mulher e proibiu também a mulher casada a fazer sexo com outro homem.  E os fiéis cristãos acreditam nessa grande mentira propagada pelos líderes religiosos. E por que os fiéis cristãos acreditam nessa mentira? Ora, porque não conhecem a história do povo hebreu e a história do povo judeu. Quando uma pessoa não conhece um assunto qualquer, é facilmente enganada por qualquer pessoa. E você, Samuel, também é enganado por concordar com seu líder religioso. Veja sua resposta à minha indagação:
“+eustaquio544 sim.porque?
                        Na biblia Fala só em pensar vc já peca
Ou seja, você, Samuel, está redondamente errado quando diz que o mandamento acima foi feito por Deus e vale para o homem e para a mulher. Na verdade, deuses não existem. E quem faz leis é o homem. E essas leis que estão na Bíblia são leis velhas, injustas e desiguais. E esse mandamento não se aplicava ao homem.
Samuel, para que uma pessoa entenda a Bíblia, é preciso que essa pessoa conheça profundamente a história do povo que escreveu a Bíblia. Quem escreveu a Bíblia foi um povo chamado hebreu. Logo, os versículos bíblicos só podem ser explicados verdadeiramente sob a ótica dos costumes daquele povo. Quando um líder religioso cristão diz aos fiéis que o mandamento acima valia para o homem e também para a mulher, ele está mentindo porque, na verdade, esse mandamento só valia para a mulher casada. Quem estuda a história da civilização hebraica sabe muito disso. Quem estuda a história da civilização judaica sabe muito bem disso.
Veja, Samuel, uma das partes do mandamento:
“Não desejarás a mulher do teu próximo”
O mandamento acima, dentro da sociedade hebraica e da sociedade judaica, era claro: o homem casado não podia fazer sexo com outra mulher casada. Mas, se essa outra mulher fosse solteira, o homem casado poderia fazer sexo com ela sem cometer o crime de adultério. Entendeu, Samuel, que lei maravilhosa para o homem?  Samuel, abra o olho, meu amigo! Essa lei, feita pelo homem hebreu, só era maravilhosa para o homem, para o macho. Repito: o homem casado poderia fazer sexo à vontade com qualquer mulher solteira. O homem casado não era obrigado a ser fiel à sua esposa porque a mulher era considerada quase um objeto. Abra o olho, Samuel! Você, Samuel, acha mesmo que uma divindade “espiritual” iria fazer uma lei tão injusta e má como essa, que permitia ao homem casado trair sua mulher tantas vezes quisesse, desde que as amantes fossem solteiras?  Nesse momento, Samuel, tenho certeza de que você está se tremendo diante do impacto do que está lendo aqui. E o que estou escrevendo é a mais pura verdade. Estude, Samuel, sobre a vida do povo da Bíblia, que você dará razão a mim.
Você, Samuel, pelo que tudo indica, é casado. Pergunte à sua esposa se ela concordaria que você fizesse sexo com várias mulheres solteiras. Com certeza, sua esposa não concordará. Porém, se vocês tivessem vivido no mundo da Bíblia, naquele tempo, você, Samuel, mesmo casado, poderia fazer sexo com outras mulheres solteiras. Você não devia respeito nem fidelidade conjugal à sua esposa. Entendeu, Samuel, que lei boazinha feita pelo homem em seu benefício?
E a mulher casada? Será que ela, no mundo da Bíblia, podia também fazer sexo com outros homens? Claro que não! A mulher casada, Samuel, nas civilizações hebraica e judaica, só podia fazer sexo com seu esposo. E por quê? Porque a mulher casada era uma propriedade do homem. Ou seja, a mulher casada tinha um dono. Era equiparada a quase um mero objeto. Daí o mandamento para o homem: “Não desejarás a mulher do teu próximo”. Ou seja, o homem casado não podia fazer sexo com uma mulher casada porque essa tinha um dono. Mas, em se tratando de mulher solteira, o homem casado estava livre para trair sua esposa. Já pensou, Samuel, o Deus Javé, fazendo uma lei que dizia: o homem casado pode fazer sexo com qualquer mulher solteira, mas com as mulheres casadas, não. Já a mulher casada jamais poderá fazer sexo com qualquer homem fora da relação conjugal.
Esse, Samuel, é o verdadeiro significado do mandamento que está no versículo 17. O povo hebreu vivia assim, à luz desse mandamento que foi feito por ele mesmo em benefício do homem, e em desfavor das pobres mulheres. Percebeu, Samuel, a mentira que é dita nas igrejas cristãs todos os dias? E os fiéis são enganados porque não conhecem a história, os costumes do povo hebreu. Líderes religiosos cristãos deturpam o verdadeiro significado dos versículos bíblicos. Como afirmei, os versículos bíblicos só podem ser explicados à luz dos costumes do povo que os escreveu.
Eis, portanto, a verdade que está na história do povo hebreu, nas escrituras hebraicas. É impossível tapar o Sol com uma peneira. Quando um fiel cristão diz que esse mandamento era para homens e mulheres, coitado, não conhece a própria escritura hebraica, não conhece os costumes da sociedade hebraica, não tem a mínima noção sociológica da sociedade hebraica. Para concluir este artigo, trago aqui uma lição de um doutor em Teologia que mostra bem o quadro da sociedade hebraica.
           Michael Coogan é professor de Teologia e diretor de publicações do Museu Semita da Universidade Harvard, nos EUA. A revista brasileira ISTOÉ nº 2153, do dia 16 de fevereiro de 2011, nas páginas 60 e 61, fez uma matéria com o título “Deus e o sexo”. Essa matéria foi escrita pelo jornalista João Loes. Nela, ele faz uma rápida abordagem sobre o livro mais recente do doutor em Teologia Michael Coogan. Diz o jornalista, com base no livro:


             “O adultério, a poligamia e a prostituição são apresentados pela ótica do patriarcalismo. O adultério, por exemplo, é tratado mais como uma violação proprietária do que moral. A mulher que pertence a um homem não deve ser usada por outro. (...) As regras sobre prostituição, em especial, são curiosas. Se um homem casado se relacional sexualmente com uma mulher sem marido, não se configura adultério, o mais grave desse três pecados. O mesmo não vale para mulheres.” Veja, leitor, as últimas partes:



                 “Se um homem casado se relaciona sexualmente com uma mulher sem marido, não se configura adultério, o mais grave desse três pecados. O mesmo não vale para mulheres”


                Percebeu, Samuel, como as leis hebraicas eram maravilhosas para o homem, e péssimas para as mulheres?

4 comentários:

  1. boa noite a todos-
    Mas o senhor só citou um trecho do mandamento- Os pastores tambem usam "interpretação" para fugirem do como está escrito- Se a biblia basta para o senhor contestar as religiões, porque está usado a historia. Esse mandamento, todo ele, pode ser interpretado como " O homem não deve desejar o que é dos outros", condenando a INVEJA- Ele não menciona só a mulher do próximo, mas tudo que pertence ao proximo- É mais interessante não usar a historia pois quem estiver debatendo com o senhor pode dizer que historia apesar de verdadeira, com esses costumes horrendos foram condenados(os costumes) por Deus que usou a biblia para registrar o novo costume (lei) -
    grato

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  2. JOSÉ, estude acerca dos costumes da civilização hebraica. Não permita que sua crença cegue você. O mandamento aí não é nada daquilo que as igrejas cristãs propagam. A mulher era equiparada a um mero objeto de desejo, apenas ela. Um abraço!

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    1. boa tarde a todos
      Desculpe Senhor Eustaquio mas não entendeu nada do que eu escrevi acima-
      Não prestou atenção de novo-
      só está acostumado com contestações-
      Acho que está sem tempo para mim-
      Escrevi bastante e obtive uma resposta bem pão-dura-
      O senhor reclama que as pessoas só sabem ofendê-lo e não comentar sobre o quê falou- Tem toda razão. Mas eu não me igualo a esses . Eu fiz várias perguntas acima acerca do que disse-
      Para este episodio não preciso aprofundar no conhecimento de todos os costumes hebreus- Bastam os que o senhor expôs acima, bem colocados-
      Eu estou concordando e não discordando-
      estou me colocando no lugar de dois possiveis debatedores e imaginando qual seriam as respostas que colacariam sem ter que enfiar goela abaixo um do outro os seus argumentos-
      um ateu não deve tropeçar- é só usar a lógica-
      se perguntado deve responder sobre o que foi perguntado ou então a pergunta permanecerá-
      Um cristão leva uma certa vantagem pois a torcida maior sempre será dele (entenda-se aqui no Brasil)
      Todo mundo está acostumado com as mesmas ladainhas repetitivas e aceitam as respostas vazias , fugindo do teor das perguntas e colocações-
      um raciocinador, principalmente ateu não aceita-
      entende?
      desculpe se estou sendo chato-
      grato

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  3. Desculpe-me, caro José, se não me fiz entender. Pelo que vi, você me pede que eu esclareça o meu artigo endereçado ao Samuel. Eu disse ao cristão Samuel que o mandamento "Não desejarás a mulher do próximo" não tem o significado que as igrejas cristãs propagam. Ele é mais feio do que se pensa.
    No mundo da Bíblia, uma sociedade machista (patriarcal), o homem (o macho) tinha todos os direitos, a fêmea (mulher) não. Esse mandamento significava o seguinte: o homem (macho), mesmo casado, não poderia desejar a mulher do próximo. Se essa mulher não tivesse um próximo (marido), o homem casado poderia fazer sexo com ela. Um homem casado, na sociedade hebraica, podia trair a mulher dele com qualquer mulher solteira ou não prometida. E não estaria cometendo crime algum. Já a mulher, coitada, casada, jamais poderia trair o marido. Se o fizesse, estaria cometendo adultério. Ou seja, o homem casado estava livre para trair sua esposa. A mulher, não. Por isso, o mandamento. Qualquer judeu, sabedor dos costumes de seu povo, sabe disso. Era assim na história dos hebreus (Velho Testamento), era assim na história dos judeus (Novo Testamento). Os fiéis cristãos que frequentam igrejinhas não sabem disso por falta de estudo, de conhecimento sobre as leis bíblicas. Espero que você agora tenha entendido. Essa lei benéfica ao macho obviamente foi feita pelo macho, pelo homem hebreu, em detrimento da mulher. Que lei in justa e terrível, não é mesmo?

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