domingo, 27 de setembro de 2015

PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS ( IV )

PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS  (IV)


Eustáquio





A religião só serve para espalhar a ignorância na face da Terra.
Sob o título acima, estamos analisando as “provas” da existência de Deus apresentadas pelo pastor evangélico Jefferson Magno Costa, em seu livro intitulado “Provas da Existência de Deus”, lançado pela Editora Vida.
Já fizemos a análise de 3 dessas “provas”, nos trabalhos anteriores. Neste trabalho, veremos a 4ª “prova” da existência de Deus. Ei-la:
“Os primeiros homens que povoaram a terra adoravam a Deus... Veremos, porém, que por influência de Satanás e seus anjos, ao longo dos séculos, a crença na existência de um único Deus soberano foi-se corrompendo no coração dos homens. O politeísmo (a crença na existência de vários deuses) mergulhou-os na idolatria, levando-os a ver deuses em todas as coisas, e a cultuá-los” (Página 13).

Temos aqui mais uma idiotice registrada pelo pastor evangélico Jefferson Magno Costa. Mais uma vez, ele afirma uma inverdade. E, na verdade, novamente, não se trata, aqui, de uma prova da existência de Deus. É mais um discurso bobo, sem amparo lógico e histórico.
O missionário evangélico diz que “os primeiros homens que povoaram a terra adoravam a Deus”. Ele diz isso porque está se referindo à Bíblia, já que Adão, o primeiro homem, teve contato com Deus. Ora, isso é uma piada. A história das religiões afirma o contrário. De início, devemos fazer um reparo. O Deus a que se refere o pastor evangélico é o Deus único e espiritual da civilização hebraica. Ora, a história das religiões nos diz que os primeiros homens que povoaram a Terra adoravam diversos deuses, e não um Deus único e espiritual. Na verdade, o que surgiu primeiro foi o politeísmo, ou seja, o culto a diversos deuses. Com o tempo, apareceu o monoteísmo, o culto somente a um único Deus. E esse monoteísmo teve o seu aparecimento na civilização hebraica. As outras civilizações contemporâneas e vizinhas eram politeístas.
O missionário evangélico, ao arrepio da história, diz que o monoteísmo surgiu primeiro. Depois, com a atuação do Satanás e de seus anjinhos endiabrados, o homem passou a prestar culto a diversos deuses.  O pastor está mais por fora do que bunda de índio.
Na verdade, o homem primitivo adorava diversos deuses. E esses deuses não tinham a forma do Deus bíblico. Não eram deuses espirituais. O exemplo mais fácil para explicar esse fenômeno encontramos na civilização egípcia, contemporânea e vizinha da hebraica.  Esta última é a civilização do povo hebreu, do povo da Bíblia.
No Egito, a religião era politeísta. Os egípcios inventaram diversos deuses não espirituais. Muitos desses deuses eram representados pelas forças da natureza (o sol, o céu, a terra, o rio Nilo etc). Os deuses criados e adorados pelos egípcios eram antropozoomórficos, ou seja, eles tinham uma forma híbrida, metade humana e metade animal. Como exemplos de deuses egípcios temos: Anúbis, deus dos mortos; Amon, deus que traz o sol e vida ao Egito; Atum, deus que criou o universo; Hator, deusa das mulheres, etc.
O Egito é uma civilização bastante mencionada na Bíblia. O povo hebreu, durante as terríveis secas, sempre recorria ao Egito a fim de matar a fome. Graças ao rio Nilo, o Egito quase não passava por momentos difíceis. Abraão ia sempre ao Egito, fugindo da seca. Como o Deus de Abraão não resolvia o problema da seca, em Canaã, o jeito era procurar matar a fome no Egito. E sempre Abraão ia lá, com sua esposa Sara e família. Foi no Egito que José conseguiu salvar toda a sua família da fome. Foi no Egito também que a lenda da fuga do menino Jesus, juntamente com José e Maria, ocorreu.
Já que o povo hebreu, o povo da Bíblia, mantinha contato direto com o povo egípcio, é óbvio que iria captar muitos costumes praticados no Egito. Daí, a razão pela qual o próprio Abraão, no início, era politeísta, ou seja, adorava diversos deuses. Isso é consenso entre os historiadores. Somente depois, é que Abraão passou a adorar somente a um Deus, único e espiritual. Ou seja, do politeísmo passou para o monoteísmo. E não o contrário como diz o pastor evangélico Jefferson Magno Costa.
E a influência do politeísmo adquirido pelo povo da Bíblia no Egito marcou para sempre a civilização hebraica. Dessa forma, em toda a história do povo da Bíblia, o politeísmo era marcante, ou seja, o povo de Deus adorava também outros deuses. Como naquele tempo não havia liberdade religiosa, muitos hebreus foram assassinados por Moisés, Josué, Davi e muitos outros, simplesmente porque estavam adorando outros deuses. Em toda a Bíblia, o politeísmo está presente. Em Êxodo 20: 3, temos:

“”  Näo terás outros deuses diante de mim.””

Aqui está a prova. Abraão já havia espalhado a idéia de um Deus único e espiritual. Moisés, em suas leis, que os cristãos atribuem a Deus, especificamente aos dez mandamentos, sacramentou essa idéia. Aquele hebreu que continuasse adorando a outros deuses deveria ser morto. Ou seja, no mundo da Bíblia, não havia liberdade religiosa. E assim foi. Milhares de hebreus foram assassinados por hebreus simplesmente porque continuaram adorando outros deuses, e não o Deus único e espiritual criado por Abraão. A expressão “não terás outros deuses diante de mim”, por si só, já é uma prova de que o povo hebreu já tinha contato com outros deuses. Os cristãos pensam erroneamente que uma divindade espiritual determinou esse mandamento, proibindo que qualquer hebreu viesse a adorar outros deuses. Nada disso. Não existe divindade alguma espiritual. O que temos aqui é a intolerância, marca característica das religiões. Naquele tempo, o povo devia obrigatoriamente adorar os deuses preestabelecidos. No caso do povo hebreu, o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó. Na cultura hebraica, quem viesse a adorar outros deuses, deveria ser morto. E centenas de hebreus foram mortos justamente por isso. Para ilustrar, vejamos as seguintes passagens bíblicas:



“ Mas vendo o povo que Moisés tardava em descer do monte, acercou-se de Aräo, e disse-lhe: Levanta-te, faze-nos deuses, que väo adiante de nós; porque quanto a este Moisés, o homem que nos tirou da terra do Egito, näo sabemos o que lhe sucedeu”  (Êxodo 32:1);


“  Pós-se em pé Moisés na porta do arraial e disse: Quem é do SENHOR, venha a mim. Entäo se ajuntaram a ele todos os filhos de Levi.
                          E disse-lhes: Assim diz o SENHOR Deus de Israel: Cada um ponha a sua espada sobre a sua coxa; e passai e tornai pelo arraial de porta em porta, e mate cada um a seu irmäo, e cada um a seu amigo, e cada um a seu vizinho.
                   E os filhos de Levi fizeram conforme à palavra de Moisés; e caíram do povo aquele dia uns três mil homens” (Êxodo 32: 26 a 28).


Os versículos bíblicos acima, em sua narração lendária, nos diz que Moisés subiu ao monte Sinai a fim de receber as tábuas da lei. Ele ficou lá, por muito tempo. Ao pé do monte, estava o povo hebreu, aguardando ansiosamente a descida do líder Moisés. Como este estava demorando a descer, o próprio povo de Deus que teve contato no Egito com o politeísmo passou a adorar outros deuses. Fizeram um bezerro de ouro. Moisés, com muita raiva, desceu do monte Sinai. Reuniu vários homens, determinando que eles matassem os próprios irmãos hebreus porque estavam prestando culto a outros deuses. Ao fio da espada, morreram uns três mil homens. Ou seja, houve uma verdadeira carnificina. Cabeças rolaram ensanguentadas,  braços e pernas decepados. Mulheres, velhos e crianças foram barbaramente assassinados simplesmente por prestaram culto a outras divindades. Moisés ficou muito contente com aquela matança.  E os padres e pastores evangélicos dizem que Moisés era um homem maravilhoso, justo e misericordioso. Um homem de Deus. Apesar desse homicídio em massa, o próprio povo hebreu continuou adorando também outros deuses. Ou seja, não havia unanimidade na adoração a um Deus único e espiritual.
Outro absurdo é o fato de o pastor evangélico afirmar a existência de Deus simplesmente porque os homens primitivos adoravam deuses. Segundo o raciocínio do pastor, se o homem primitivo adorava a Deus, então Deus existe. Isso é uma conclusão completamente louca. Ora, o homem primitivo adorava diversos deuses. Então, pelo raciocínio do pastor, existem diversos deuses. Com certeza o pastor está enrolado porque ele não acredita na existência de deuses, mas apenas na de Deus. Ou seja, o pastor é esmagado pelo próprio raciocínio débil. O homem primitivo, por não conhecer a causa dos fenômenos naturais, acreditava em coisas completamente irracionais, nem por isso elas existem.

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