UM ATEU, O PADRE FÁBIO DE
MELO E O JOHN LENNON
Eustáquio
16/08/2015
Caro
leitor,
Hoje são 16 de agosto de 2015, um belo domingo. Ontem,
sábado, dia 15, à noite, quando cheguei à minha casa, resolvi ligar o televisor.
Com o controle remoto em minha mão direita, comecei a fazer uma busca por
canais, até encontrar algo interessante. Quando passei pelo canal 520, da Rede
Globo de Televisão, deparei-me com o programa anual Criança Esperança. Já
estava quase no fim. Só fiquei nesse canal, caro leitor, porque vi o apresentador
Otaviano Costa ao piano. Jamais imaginei que ele tocasse piano. E, para mim,
ele toca muito bem. Ao lado do piano, uma atriz da Globo, cujo nome não sei,
cantava a canção “Imagine”, do falecido cantor John Lennon (1940-1980).
A essa altura, leitor, você, com certeza, está
perguntando o que tem a ver o título deste artigo, com o padre Fábio de Melo e
o John Lennon, não é mesmo? Calma, leitor, que vou lhe explicar. Você já
escutou essa canção do Lennon? É uma das mais bonitas de seu repertório. E também
uma das mais conhecidas. Veja, leitor, abaixo a tradução dela:
“ Imagine não haver o paraíso
É fácil se você tentar
Nenhum
Inferno abaixo de nós
Acima de nós, só o céu
Imagine
todas as pessoas
Vivendo o presente
Imagine
que não houvesse nenhum país
Não é difícil imaginar
Nenhum motivo para matar ou morrer
E nem religião, também
Imagine
todas as pessoas
Vivendo a vida em paz
Você
pode dizer que eu sou um sonhador
Mas eu não sou o único
Espero que um dia você junte-se a nós
E o mundo será como um só
Imagine
que não ha posses
Eu me pergunto se você pode
Sem a necessidade de ganância ou fome
Uma irmandade dos homens
Imagine
todas as pessoas
Partilhando todo o mundo
Você
pode dizer que eu sou um sonhador
Mas eu não sou o único
Espero que um dia você junte-se a nós
E o mundo
viverá como um só.”
Percebeu, leitor, como a canção
é realmente linda? Você sabe qual é a mensagem que John Lennon nos passa por
meio dessa canção? Ora, ele sonha com um
mundo sem divisão, sem países, sem guerras, sem fome, sem ganância, sem religião,
onde todas as pessoas possam viver em paz e com muito amor. Veja, caro leitor, o
3º parágrafo da canção:
“Imagine
que não houvesse nenhum país
Não é difícil imaginar
Nenhum motivo para matar ou morrer
E nem religião, também.”
Lennon
diz aqui, de forma clara, que desejaria que não houvesse país algum, divisão
alguma, motivo algum para matar ou morrer e que não houvesse religião alguma. Percebeu,
agora, leitor, a ligação entre essa canção de John Lennon e o padre Fábio de
Melo? O elo religioso, não é mesmo? Por que Lennon colocou nessa canção que
desejaria um mundo sem religião? Ora, porque ele sabia muito bem que a religião
é a cultura humana que agrega o maior índice de fanatismo e intolerância
religiosa. A religião matou, mata e matará muita gente ainda no planeta Terra. A
intolerância religiosa é manchete diária nas televisões, nas rádios, nos
jornais, nas revistas, nos livros etc. Seres humanos matando seres humanos
apenas por causa da crença religiosa, apenas porque o outro não segue sua
crença, seus deuses, seus ritos, seus livros “sagrados”. É por isso que John
Lennon desejaria que não houvesse religião alguma porque, não havendo religião,
obviamente o homem não praticaria barbaridades em nome de deuses. Ou seja,
menos violência no mundo.
E
onde entra o padre Fábio de Melo nessa história? Calma, amigo leitor, que você
saberá agora. Depois do programa Criança Esperança, começou o programa Altas
Horas, apresentado pelo Serginho Groisman. Estavam ali presentes, entre outros,
o humorista Ceará, a Cláudia Raia e o padre Fábio de Melo. Num dado momento, o
Serginho Groisman perguntou ao padre se os músicos que o acompanhavam eram
cristãos. O padre esboçou um leve sorriso, dizendo ao Serginho que não sabia se
seus músicos eram todos cristãos. E ficou por isso mesmo. Na plateia, havia 4
mulheres bem jovens com a cabeça coberta parcialmente, adeptas de outra
religião, o islamismo. Serginho se dirigiu a elas, indagando-lhes se já haviam
sofrido algum ato de intolerância por parte de outros religiosos. Elas, muito
simpáticas e bonitas, responderam que não, que jamais sofreram agressão alguma,
nem verbal, nem física. E ficou por isso mesmo.
Momentos
depois, o padre Fábio de Melo cantou uma canção. Após, disse ao Serginho, entre
outras coisas, que o importante é o amor, a justiça e a união entre as religiões.
Deu ênfase ao cristianismo, afirmando que Cristo é o amor e a compreensão em
sua plenitude máxima.
Bom!
Achei bonito o discurso do padre Fábio de Melo. Mas será que suas palavras
doces e sinceras refletem verdadeiramente a doutrina cristã dos evangelhos que
estão no Novo Testamento? Será que suas afirmações são cópias autênticas do que
está escrito no Catecismo da Igreja Católica Apostólica Romana? Será que a
doutrina cristã é marcada pelo amor, fraternidade e compreensão? O que você,
leitor, acha?
Para
início de conversa, veja, leitor, o que está escrito no Catecismo da Igreja Católica
Apostólica Romana, Edição Típica Vaticana, em seu § 846:
“Fora da Igreja não há
salvação”
O
padre Fábio de Melo está ligado à Igreja Católica Apostólica Romana. O discurso
dele reproduz fielmente o que diz o catecismo de sua Igreja? Claro que não, não
é mesmo, leitor? Ora, o próprio catecismo diz que “fora da Igreja não há salvação”.
Que salvação é essa? Ora, a salvação espiritual, que é a mais importante para a
doutrina cristã católica. E que Igreja é essa? Ora, a Igreja Católica Apostólica
Romana. Em resumo, o catecismo está afirmando que a Igreja Católica Apostólica
Romana é a única igreja verdadeira de Cristo. Quem não for um cristão católico
apostólico romano será condenado para sempre no fogo do inferno. Por que o
padre Fábio de Melo não disse ao Serginho Groisman que o cristianismo é uma
religião marcada pelo amor e solidariedade, mas o Deus hebreu vai mandar para o
inferno todos aqueles que pertencem a outras religiões, inclusive aquelas
jovens fiéis do islamismo que estavam naquele auditório? É óbvio que o padre não
iria dizer essa loucura, mas é essa a loucura que está gravada num dos
documentos mais importantes para a Igreja Católica, o seu próprio Catecismo.
E
essa loucura que está no Catecismo da Igreja Católica Apostólica Romana se repete
nos evangelhos que estão no Novo Testamento da Bíblia cristã. Como exemplo,
temos em João 3:18:
“18 Quem nele crê não é
julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito
Filho de Deus.”
Ou
seja, na ilusão religiosa cristã, quem não crê em Jesus já está julgado, ou
seja, será condenado ao fogo eterno do inferno. A Igreja Católica Apostólica
Romana reduziu ainda mais essa ilusão. Qualquer cristão de outras igrejas cristãs
já está condenado ao fogo eterno porque fora da Igreja Católica não há salvação.
E
o padre Fábio de Melo propaga que o cristianismo é uma religião que prega o
amor, a solidariedade, a paz e o respeito fraterno às outras religiões porque o
Deus hebreu ama a todos.
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