O ATEÍSMO, O DEUS CRISTÃO E O TEÓLOGO LEONARDO BOFF
Eustáquio
24/09/2015
Caro leitor,
Este é o 3º artigo em que analiso a fala do teólogo Leonardo Boff, ao ser entrevistado pelo competente jornalista Kennedy Alencar. A entrevista está à disposição de qualquer pessoa no “You Tube”, em 3 vídeos. Estou, no momento, analisando a 2ª parte. Para que você, leitor, encontre facilmente os vídeos, eis o título como eles se apresentam lá:
“Leonardo Boff fala sobre Deus 2/3”
O teólogo Leonardo Boff dispensa comentários, não é mesmo? Quem estuda religião conhece muito bem o Boff. Sem dúvida alguma, ele é o teólogo brasileiro que possui o maior número de livros publicados no Brasil e no exterior. É mais um dos teólogos que eu chamo de sério, a exemplo de Rubem Alves e de Frei Betto.
Neste artigo, distinto leitor, analisarei, pois, a fala de Leonardo Boff que começa aos 10 minutos e 20 segundos e vai até os 11 minutos e 5 segundos. Veja, leitor, o vídeo e confirme o que diz abaixo o teólogo Boff. Como mostrei no 1º artigo, o jornalista Kennedy Alencar faz a seguinte pergunta ao teólogo:
“Qual é a prova da existência de Deus, Leonardo?”
E Boff continua respondendo:
“Então há um ateísmo que é fruto de uma pregação, de um anúncio cristão que não engrandece o ser humano. Mostra um Deus tão terrível, um abismo aterrador que não vale a pena crer. Quando pra mim a fé e uma aposta. Que a vida tem sentido, que há um polo que nos atrai para um fim bom da criação.”
Leonardo Boff foi um sacerdote cristão católico. Mestre e doutor em Filosofia e Teologia, é um teólogo que chamo de “sério”. Honesto, não se acovarda diante da verdade. No fundo, sabe que a expressão “Deus” é apenas uma abstração, uma ideia.
Ele diz acima, caro leitor, que existe um ateísmo que é fruto de uma pregação cristã que não engrandece o ser humano. Você, leitor, entendeu esse recado de Boff? Se não entendeu, entenderá agora. Boff está afirmando que existem alguns ateus que são ateus principalmente em razão da irracional propaganda cristã que não engrandece o homem. Ou seja, os cristãos pregam um Deus tão terrível que não vale a pena alguém crer nele. Diante de um Deus assim, é preferível não crer nele, daí o surgimento de alguns ateus. Entendeu, agora, leitor, a afirmação de Boff, não é mesmo?
E Leonardo Boff tem toda razão! De fato, os cristãos pregam um Deus terrível, assustador, vingativo, intolerante, guerreiro e ciumento. Basta abrir a Bíblia cristã para que alguém veja essa verdade. Nas lendas bíblicas, o Deus hebreu, criado pelo povo hebreu, absorveu as qualidades humanas do povo que o criou. O povo hebreu, a exemplo de outros povos daquela época, era ciumento, intolerante, guerreiro e vingativo. Ao criar seu Deus, colocou nele essas características. Os cristãos, lamentavelmente, acreditam nas lendas bíblicas. Eles, por causa do fanatismo religioso, não percebem que fazem propaganda de um Deus terrível e aterrador. Assim, nos relatos lendários bíblicos, o Deus hebreu pratica as piores barbaridades: destrói a própria criação, causando o extermínio da flora e da fauna porque faltou-lhe a onisciência; ordena a matança de seres humanos por causa do ciúme doentio, não permitindo a liberdade de crença; incentiva seu povo a invadir terras alheias, matando pessoas (homens, mulheres, crianças e idosos) e roubando animais e outros objetos; adora a gordura de animais sacrificados; proíbe a ingestão de algumas carnes, por exemplo, a de porco; fixa um dia da semana (sábado) para repouso absoluto, mandando matar quem desobedece a esse mandamento; pune crianças por causa do comportamento de seus pais etc.
Entendeu, leitor, por que o teólogo Leonardo Boff tem razão quando afirma que os cristãos propagam um Deus terrível e aterrador? Segundo Boff, com todas essas loucuras atribuídas à divindade dos cristãos, a tendência é aumentar o número de ateus. No final de sua fala, ele se manifesta assim:
“Quando pra mim a fé e uma aposta. Que a vida tem sentido, que há um polo que nos atrai para um fim bom da criação.”
A fé, para Boff, é uma aposta, ou seja, um mero entendimento de que a vida tem sentido, que vale a pena viver em paz e com amor, num mundo em que as pessoas se respeitem.
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