ATEU EUSTÁQUIO X CRISTÃO EDEILDO OLIVEIRA ( VI )

ATEU EUSTÁQUIO  X   CRISTÃO EDEILDO OLIVEIRA  ( VI )

                                                                                                                        Eustáquio

                                                                                                                              8/6/2015

Caro Edeildo,

Você é um cristão, logo acredita nas “profecias” que estão descritas na Bíblia. E, como cristão, você acredita também em anjinhos celestiais que possuem asas, em Inferno, em Céu, em demônios, em jumentas e cobras falantes, na concepção virginal de Maria etc. Ou seja, você acredita em inúmeras fantasias registradas na Bíblia.

Estou tratando, no momento, de algumas “profecias” bíblicas. E o que eu estou fazendo? Ora, estou pegando as principais “profecias”, justamente aquelas 5 invocadas por Mateus para comprovar que Jesus era o Messias, o Cristo, aguardado pelo povo judeu. São as principais “profecias” porque, sem elas, o Jesus deixa de ser o Messias, o Cristo. E o que eu estou provando? Ora, estou provando claramente que o Jesus dos evangelhos nada tem a ver com o Messias, o Cristo, anunciado pelo povo judeu. As 5 “profecias” sobre o nascimento de Jesus, na verdade, não se referem a Jesus.

Nos artigos anteriores, já analisei 2 “profecias”. Neste, analisarei a 3ª, a que se encontra no livro de Mateus, capítulo 2, versículo 23. Ei-la:

“23 E foi habitar numa cidade chamada Nazaré, para que se cumprisse o que fora dito por intermédio dos profetas:

        Ele será chamado Nazareno.”

Muito bem, amigo Edeildo! Em sua igreja cristã, você escuta o pastor dizendo que a “profecia” acima é mais uma prova de que o Jesus dos evangelhos era o Messias, o Cristo, aguardado pelo povo judeu. Seu pastor diz que Jesus foi o cumprimento da “profecia” acima. Eis, caro Edeildo, mais uma mentira.

Na verdade, essa “profecia” não existia nas escrituras hebraicas. Mateus, que não foi Mateus, mente quando diz que a “profecia” acima era conhecida pelos profetas. Nada disso. Das 5 “profecias” citadas por Mateus, 4 estavam nas escrituras hebraicas. Essa aqui, não. Essa “profecia” foi criada por Mateus.

Por que Mateus criou essa “profecia”, afirmando que Jesus seria chamado de Nazareno porque seria levado para Nazaré, após seu nascimento? Por que Mateus inventou essa fantasia? Ora, Mateus inventou essa “profecia” por causa daquela “profecia” que já comentei em outro artigo. A outra “profecia” dizia que o Messias, o Cristo, iria nascer na mesma terra de Davi, ou seja, em Belém. O povo judeu, naquela época, esperava a chegada de um salvador, um homem forte e poderoso que seria rei de Israel como o lendário rei Davi o foi. E o povo judeu sabia que esse salvador, esse Cristo, iria nascer na mesma terra de Davi, ou seja, em Belém.

Jesus não nasceu em Belém, na Judéia. Jesus nasceu em Nazaré, na Galiléia. Ora, Mateus queria colocar na cabeça do povo judeu que aquele Jesus era o Messias, o Cristo. No fundo, Mateus sabia que Jesus havia nascido em Nazaré, na Galiléia. Mas, como ele queria que o povo judeu acreditasse que Jesus era o Cristo aguardado, então Mateus inventou que Jesus havia nascido em Belém, na Judéia, mas depois foi levado para a cidade de Nazaré, na Galiléia. Se Mateus dissesse a verdade, ou seja, que Jesus nasceu em Nazaré, o povão ignorante não iria acreditar que Jesus era o Messias porque o Messias, como dizia a “profecia”, deveria nascer em Belém, na terra de Davi.

Você, Edeildo, está entendendo?  Mateus inventou que Jesus havia nascido em Belém, apenas para adaptar o caso a uma “profecia” que estava registrada nas escrituras hebraicas. Ao inventar essa bobagem, Mateus escorregou numa casca de banana. Como se trata de um relato lendário, a invenção de Mateus é completamente diferente da invenção de Lucas. Lucas, em sua lenda sobre o nascimento de Jesus, diz que o casal José e Maria, pais de Jesus, moravam em Nazaré, na Galiléia, muito antes de o menino Jesus nascer.

Percebeu, Edeildo, a mentira do Mateus? Mateus diz que o casal José e Maria só foram conhecer a cidade de Nazaré, depois do nascimento do menino Jesus. Mateus diz que, depois do nascimento de Jesus, o casal José e Maria “foi habitar numa cidade chamada Nazaré.” Eis a mentira de Mateus. O casal José e Maria não foi habitar numa cidade chamada Nazaré depois do nascimento do menino Jesus. Antes mesmo de Jesus nascer, o casal José e Maria já habitavam em Nazaré, na Galiléia, como bem o diz o Lucas. Percebeu, agora, Edeildo, a mentira do Mateus?

Lucas e Mateus sabiam que Jesus havia nascido em Nazaré, na Galiléia. Eles inventaram Jesus nascendo em Belém, na Judéia, apenas com o objetivo de mostrar que aquele Jesus era o Messias, o Cristo, em cumprimento às “profecias”. Lucas diz a verdade quando escreve que o casal morava em Nazaré, na Galiléia, antes do nascimento de Jesus. De fato, o casal morava em Nazaré, e o menino Jesus nasceu em Nazaré. Lucas mente quando inventa que o casal saiu de Nazaré para Belém por causa do recenseamento. Nunca houve esse recenseamento. Lucas inventou esse recenseamento apenas para fazer o casal sair momentaneamente de Nazaré para que, em sua fantasia, o menino Jesus nascesse em Belém. E apenas para adaptar o caso à “profecia”.

O casal José e Maria residia em Nazaré, na Galiléia. E ali nasceu o menino Jesus, que nunca foi o Messias, o Cristo. Por ter nascido justamente em Nazaré, na Galiléia, ele foi chamado de Nazareno, de Galileu, de o homem de Nazaré.

A Bíblia, caro Edeildo, está lotada de lendas, mitos, fábulas, erros de toda espécie. Quando os escribas escreviam sobre seu povo, o objetivo não era fazer história no sentido próprio da palavra. Para entender a Bíblia, é preciso conhecer profundamente os costumes das épocas vivenciadas. Cada versículo bíblico deve ser analisado à luz da época. Nenhuma igreja cristã age assim. Nessas igrejas, líderes religiosos enganam os fiéis, pegando isoladamente os versículos. Os fiéis, coitados, como nada conhecem, passam a aceitar o discurso desses lideres. Nenhum versículo bíblico se refere, por exemplo, ao mundo em que vivemos hoje.

Um abraço!