A BÍBLIA E SEUS ERROS INGÊNUOS ( XIX )
Eustáquio
22/03/2015
Este, amigo leitor, é o 19º artigo de uma longa série acerca de inúmeros erros contidos na Bíblia. Em cada artigo, um erro bíblico diferente.
Líderes religiosos, principalmente evangélicos, dizem aos fiéis que a Bíblia não contém erro algum porque foi inspirada pelo Espírito Santo. E o Espírito Santo, obviamente, não iria permitir um erro sequer na Bíblia. Dizem também esses líderes religiosos que a Bíblia é um conjunto atualizadíssimo de livros, de caráter científico, contendo aí astronomia, astrofísica, biologia etc. E dizem até, por exemplo, que os relatos da criação do mundo que estão em Gênesis são realmente uma narração e descrição real, ou seja, tudo aconteceu realmente da forma exposta ali. E os fiéis, aqueles que vão a igrejas, passam a acreditar nesse discurso infantil de líderes religiosos.
Ao contrário! A Bíblia está lotada de lendas, mitos, alegorias, fábulas, contradições e erros de toda espécie. A Bíblia não é um conjunto atualizadíssimo de livros! Não é um manual de Ciências! Não é um compêndio de astronomia, astrofísica, biologia, geografia etc. A Bíblia é, fundamentalmente, um conjunto de livros de caráter religioso. Daí a existência de lendas, mitos, alegorias, fábulas, erros, contradições etc. E as narrativas acerca da criação do mundo e de todas as coisas que estão em Gênesis são apenas a visão ingênua do povo hebreu, sobrecarregada de sentimento religioso. O objetivo dos escribas ali não era fazer uma narrativa científica sobre a existência do mundo, de todas as coisas. Daí os erros ingênuos, claros e cristalinos.
Alfred Läpple nasceu na Alemanha, em 1915, e faleceu em 2013. Foi pedagogo, filósofo e doutor em Teologia. Escreveu inúmeros livros sobre religião. Era católico e muito amigo do papa Joseph Ratzinger. Em seu livro “A Bíblia hoje -- Documentação de História, Geografia, Arqueologia.”, editora Edições Paulinas, 1979, página 37, escreve:
“Para designar os onze primeiros capítulos do Gênesis, é frequente o uso da expressão “pré-história bíblica”. Ela não é muito feliz, pois pode fazer pensar que se encontre nesta parte da Bíblia material interessante sobre a história da Terra e sobre a origem do homem. É preciso esclarecer, porém, desde o início, que a Bíblia não é um manual de física, de geologia ou de biologia. É preciso libertar-se uma vez por todas da idéia, largamente difundida, que a “pré-história” bíblica seja uma espécie de reportagem sobre a origem do universo e do homem.”
Você entendeu, amigo leitor, o que diz acima o doutor em Teologia Alfred Läpple? Ele não era ateu, mas um cristão. Católico fervoroso, muito amigo de Joseph Ratzinger. Alfred Läpple era um doutor em Bíblia, pois! E o que ele afirma acima é uma verdade inatacável. Ele, caro leitor, está dizendo que os 11 primeiros capítulos do livro de Gênesis nada têm a ver com História, Física, Geologia ou Biologia. Ele diz, claramente, que a Bíblia não é um livro de Ciências. Ele está dizendo, por exemplo, que os relatos sobre a origem do Universo e do homem que estão nos capítulos 1 e 2 de Gênesis não são uma narrativa real, não são uma espécie de reportagem sobre o surgimento de todas as coisas. Ou seja, ele está dizendo que, nos 11 primeiros capítulos de Gênesis, ninguém vai encontrar História ali, Física ali, Astronomia ali, Biologia ali. Ele está dizendo que ali existe muita imaginação dos escribas hebreus, cujo objetivo não era fazer uma narração literal dos fatos.
E o doutor Alfred Läpple está certíssimo! Os relatos acerca da criação do Universo e do homem que estão nos 2 primeiros capítulos de Gênesis são, pois, relatos lendários, inventados pelos escribas. Ali, está a visão religiosa deles acerca de tudo. Ali está a visão ingênua e limitada dos escribas hebreus. É por isso que os relatos estão repletos de erros bobos e ingênuos. E isso é do conhecimento de historiadores bíblicos, arqueólogos bíblicos, teólogos sérios etc. Infelizmente, essa verdade não chega aos fiéis cristãos que vão a igrejas. Esses fiéis, em sua quase totalidade, não leem a Bíblia, não a analisam, não a estudam. Já que não conhecem a Bíblia, passam a acreditar na conversa fiada de líderes religiosos. Ora, os erros da Bíblia são tão bobos e ingênuos que basta alguém olhar rapidamente para enxergá-los. Nem é preciso que a pessoa tenha um profundo conhecimento de Cosmologia, Astronomia, Biologia, Física etc. As lendas bíblicas saltam aos olhos. Os erros bíblicos saltam aos olhos. A ingenuidade bíblica salta aos olhos.
Pois bem! No 1º artigo, mostrei um dos erros bíblicos sobre a LUA. No 2º, mais um erro bíblico sobre as ESTRELAS. No 3º, mais um, em relação ao PLANETA TERRA. No 4º, mais um erro bíblico, em relação ao HOMEM. No 5º, mais um, acerca da NOITE e DIA. No 6º, outro erro bíblico, acerca da SEPARAÇÃO DA LUZ DAS TREVAS. No 7º, mais um, sobre o ABISMO DA TERRA. No 8º, mais um erro, acerca da IMOBILIDADE da Terra. No 9º, mais um, em relação à IDADE DO UNIVERSO, DA TERRA, DO SOL E DA LUA. No 10º, mais um erro, acerca da FORMA DA TERRA. No 11º, mais um, sobre AS ÁGUAS DEBAIXO E ACIMA DOS CÉUS. No 12º, mais um erro, acerca do FIRMAMENTO. No 13º, mais um, sobre os 6 DIAS DA CRIAÇÃO. No 14º, mais um erro, acerca dos ANIMAIS DOMÉSTICOS. No 15º, mais um, sobre a CRIAÇÃO DAS ÁGUAS. No 16º, mais um erro, sobre o DESCANSO do Deus hebreu. No 17º, mais um, acerca da expressão “E VIU DEUS QUE ISSO ERA BOM”. No 18º, mais um erro, sobre A DOR DO PARTO. E, neste, mais um, acerca dos 2 DIFERENTES RELATOS SOBRE A CRIAÇÃO.
Você sabia, caro leitor, que existem, na Bíblia, 2 relatos diferentes acerca da criação de todas as coisas? Se sabia, meus sinceros parabéns porque pouca gente sabe disso. Quem estuda a Bíblia, com seriedade e isenção, sabe disso há muito tempo. E aí estão arqueólogos bíblicos, teólogos, historiadores de religião, sociólogos, antropólogos e outros.
Quando eu era um adolescente, lá em Sobral, minha querida cidade do Ceará, pensava que havia apenas 1 relato lendário acerca da criação de todas as coisas. E que esse relato estava no capítulo 1 do livro de Gênesis. Eu pensava também que o relato do capítulo 2 do mesmo livro era apenas uma explicação lendária sobre a formação do homem e da mulher. Ou seja, eu pensava que o relato do capítulo 2 era uma complementação do relato que está no capítulo 1. Quebrei a cara! Quando passei a estudar profundamente a Bíblia, descobri a verdade.
Por que são 2 relatos? Por que são diferentes? Como se descobre essa verdade? Vê-se facilmente que são 2 relatos em razão de vários fatores. O mais claro desses fatores é o início da narrativa bíblica. O escriba hebreu que escreveu o 1º relato começa sua narrativa, colocando, no versículo inicial, a expressão “No princípio, no início”. E o escriba hebreu que escreveu o 2º relato também coloca expressão equivalente no versículo inicial de seu relato. Ou seja, 2 escribas, duas pessoas e relatos lendários muito diferentes.
O 1º RELATO DA CRIAÇÃO
O primeiro relato lendário da criação de todas as coisas está no capítulo 1 de Gênesis, a partir do primeiro versículo. E termina no capítulo 2, versículo 3. Eis a expressão bíblica indicadora do início da criação:
“No princípio, criou Deus os céus e a terra.”
O 2º RELATO DA CRIAÇÃO
O segundo relato lendário da criação de todas as coisas está no capítulo 2 de Gênesis, a partir do versículo 4. Justamente aqui está a expressão bíblica indicadora do início da criação:
“Esta é a gênese dos céus e da terra quando foram criados, quando o Senhor Deus os criou.”
Você está entendendo, caro leitor? Um escriba hebreu (nada de Moisés) escreveu seu relato lendário. Outro escriba hebreu (nada de Moisés) também escreveu seu relato. E são relatos muito diferentes. E são relatos extremamente contraditórios. Quando se faz uma comparação entre eles, tudo é diferente. E são diferentes porque obviamente foram escritos por pessoas diferentes. Daí as diferenças entre os pontos de vista. Um escriba via o mundo com a visão pessoal dele. O outro escriba via o mundo com sua visão pessoal.
A Bíblia é um conjunto de livros essencialmente de cunho religioso. Não é um livro científico, de Astronomia, de Biologia, de Astrofísica etc. Veja, no início deste artigo, o que escreveu o teólogo alemão Alfred Läpple. Ele tem toda razão quando diz que não adianta tentar transformar a Bíblia naquilo que ela não é, principalmente nos 11 primeiros capítulos do livro de Gênesis. Por ser um conjunto de livros de caráter profundamente religioso, ela está lotada de lendas, mitos, alegorias, hipérboles, fábulas, contradições e erros de toda espécie. O objetivo dos escribas hebreus, ao escreverem o que está na Bíblia, não era fazer Ciência, mas apenas mostrar, em sua fé e ingenuidade, que tudo foi criado por um ser poderoso. Apenas isso, e nada mais!
Os cristãos dizem que Moisés escreveu os 5 primeiros livros da Bíblia. Eis mais um erro! Os cristãos dizem isso porque simplesmente ouviram dos judeus. No fundo, Moisés pertence às escrituras hebraicas, e não ao Novo Testamento. E os judeus atribuem os 5 livros a Moisés. Só que isso é apenas uma mera tradição. Na verdade, Moisés algum escreveu nada. Moisés não escreveu os 5 livros iniciais da Bíblia, como Mateus não escreveu o que está em Mateus, Lucas não escreveu o que está em Lucas, Marcos não escreveu o que está em Marcos etc. Tudo isso é pura tradição. E isso era muito comum naquele tempo. Atribuir escritos anônimos a pessoas reais ou irreais era uma prática muito frequente naquele tempo.
Em muitos artigos, mostrarei várias diferenças e contradições entre o 1º e o 2º relatos que estão no livro de Gênesis. Veja, logo, de cara, uma diferença gritante entre os dois escribas.
No 1º relato, o escriba hebreu trata a divindade por ELOHIM. Na verdade, ELOHIM, no hebraico, é plural, e significa DEUSES. Foi traduzido para o português, no singular: DEUS. Pois bem! O escriba que escreveu o capítulo 1 de Gênesis tratava a divindade por ELOHIM. Daí a chamada tradição eloísta.
No 2º relato, o outro escriba hebreu tratava a divindade por SENHOR DEUS. Compare, caro leitor, as duas menções ao nome da divindade: DEUS ( 1º relato) e SENHOR DEUS ( 2º RELATO). No segundo relato, a tradição javista (JAVÉ).
No 1º relato, o escriba hebreu coloca em destaque não propriamente a criação de todas as coisas. Em sua fantasia religiosa, ele realça o dia de SÁBADO. Ao longo de sua narrativa, vai citando o primeiro dia, o segundo dia, o terceiro dia, o quarto dia, o quinto dia, o sexto dia, e o SÁBADO. O objetivo dele é mostrar a importância do SÁBADO, já que os hebreus veneravam esse dia.
No 2º relato, o outro escriba hebreu não colocou em destaque o dia de SÁBADO. A preocupação dele era outra. Em seu relato lendário, ele coloca em destaque a criação do homem. Em sua fantasia, ele coloca o homem como a criação mais importante do Deus Javé. Em sua inocência, escreve que o Deus Javé fez o Sol, a Lua, as estrelas, os animais, as plantas etc. para prestarem serviços ao homem.
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