quarta-feira, 23 de setembro de 2015
DEUS, A PROMESSA E O TEÓLOGO RUBEM ALVES
DEUS, A PROMESSA E O TEÓLOGO RUBEM ALVES
Eustáquio
23/09/2015
Caro leitor,
Este é o 8º artigo acerca da palestra do teólogo Rubem Alves cujo vídeo se encontra no “You Tube”, à disposição de qualquer pessoa, sob o seguinte título:
“RUBEM ALVES – “PERGUNTARAM-ME SE ACREDITO EM DEUS!”
Como eu já deixei bem claro nos artigos anteriores, esse vídeo, amigo leitor, resume-se numa palestra de Rubem Alves em que apresenta seu livro “Perguntaram-me se acredito em Deus”. Já que a palestra é bastante agradável, mas pode deixar alguém em dúvida, resolvi então fazer vários artigos, comentando trechos de forma bem clara para que ninguém fique com dúvidas sobre se Rubem Alves acreditava em Deus, ou não. Caso você, leitor amigo, queira mais detalhes sobre quem foi Rubem Alves, convido-o a ler meu primeiro artigo: “O teólogo Rubem Alves acreditava em Deus?”
Pois bem! Neste artigo, analisarei a fala do Rubem Alves que começa aos 21 minutos e 32 segundos e vai até os 23 minutos e 10 segundos. Por favor, caro leitor, assista ao vídeo e confirme o que diz o doutor em Teologia:
“Assim, quando eu escuto música, eu não preciso provar a existência de Deus. Pra mim, o que é Deus é a música. É a beleza da música. A beleza da música! A beleza é a sombra de Deus no mundo. Eu adoro a música! Mas há um outro... há um outro Deus vulgar! Que se deixa vender por promessas. Eu prometo uma coisa pra ele, eu prometo uma coisa pra ele, e ele me dá alguma coisa em troca. E a coisa gozada desse Deus é que ele só aceita como oferenda casca de ferida. Quando alguém faz promessa... eu nunca vi ninguém fazer ... bem... eu vou fazer uma promessa, promessa que durante 6 meses, às 6 horas da tarde, eu vou ler um poema de Fernando Pessoa para Deus ouvir. Eu nunca vi. Geralmente, a gente promete passar 6 meses sem transar, passar 6 meses sem beber refrigerante, subir 400 degraus na... na... quer dizer, a ideia de subir 400 degraus é uma coisa tão terrível, e terrível é imaginar que Deus gosta, que Deus gosta do meu sofrimento. Vocês podem imaginar isso: Deus se deleitar no meu sofrimento?”
Você, caro leitor, entendeu o recado acima do teólogo Rubem Alves, não é mesmo? Em resumo, ele quer dizer que cada pessoa tem uma ideia de Deus. Para ele, por exemplo, Deus é a música, a beleza da música. Já, para outras pessoas, principalmente religiosas, a ideia de Deus é outra, completamente diferente. E terrivelmente irracional!
A ideia religiosa de Deus, como bem o diz Rubem Alves, é algo terrível, profundamente irracional. O homem cria os mais diversos deuses e transmite a eles sua loucura, sua irracionalidade. Assim, por exemplo, os deuses adoram promessas e sacrifícios. Veja, leitor, o retrato do Deus ou deuses dos religiosos pintado por Rubem Alves:
“Mas há um outro... há um outro Deus vulgar! Que se deixa vender por promessas. Eu prometo uma coisa pra ele, eu prometo uma coisa pra ele, e ele me dá alguma coisa em troca.”
E Rubem Alves tem toda razão! Veja, por exemplo, o Deus dos cristãos. É a idealização de um Deus que serve como moeda de troca. Regra geral, cristãos (evangélicos e católicos), recorrem a Deus em busca de favores, de ajuda. Idealizam um Deus que adora promessas e sacrifícios, enfim, um Deus que adora o sofrimento humano. Que loucura, não é mesmo, caro leitor?
Fiéis cristãos, comumente, buscam a Deus para que resolva seus mais diversos problemas. Caso Deus resolva atender ao seu pedido, receberá algo em troca: dízimos, vigílias, adesão a alguma igreja cristã, sacrifícios etc., como se a entidade “espiritual” adorasse essas coisas. Cristãos buscam a Deus para a cura de todos os males (câncer, diabetes, hipertensão, acidente vascular cerebral, esclerose lateral amiotrófica etc.) Buscam a Deus também para aprovação em concursos públicos e vestibulares. Em troca da ajuda divina, oferecem a Deus os mais esquisitos e terríveis presentes: subir, de joelhos, longas escadas presentes em várias igrejas, principalmente, católicas, como se Deus adorasse assistir a esse sofrimento humano; Deixar de fazer sexo durante 1 mês, como se Deus adorasse esse sacrifício; golpear, com uma corda tendo em sua extremidade lâminas, suas próprias costas até sangrar, como se Deus adorasse esse martírio humano; deixar de se alimentar durante vários dias, como se Deus ficasse feliz diante dessa irracional ação humana; fazer, a pé e descalço, longas caminhadas sob um sol abrasador, como se Deus amasse assistir a esse sofrimento humano.
Como bem o diz o Rubem Alves, a ideia desse Deus cria um Deus vulgar, que adora casca de ferida, ou seja, só recebe dos fiéis tudo o que é de ruim.
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