quinta-feira, 17 de setembro de 2015

OS CRISTÃOS, OS JUDEUS E O ESTADO ISLÂMICO




Eustáquio
24/07/2015



Caro leitor,

Caso você seja um estudioso do fenômeno religioso, deve saber muito bem que o homem, desde as eras primitivas, criou religiões com todos seus elementos: deuses, deusas, ritos, rituais, sacrifícios, holocaustos etc.
Você sabe, leitor, quantas religiões e deuses existem ainda hoje em todo o planeta Terra? Para responder a essa pergunta, não há necessidade de você visitar cada lugar, cada grupo social, cada sociedade. Basta ler livros de religião e também livros de Antropologia e Sociologia. A Antropologia e a Sociologia são duas grandes ciências que estudam o homem sob os mais diversos aspectos. E a religião, como é uma criação humana, é também objeto de estudo dessas duas ciências. Porém, voltando à pergunta, vou responder a ela. Hoje, distinto leitor, no planeta Terra, temos, no mínimo, 10 (dez) mil religiões. E são obviamente religiões diferentes, com deuses diferentes, com ritos diferentes, com rituais diferentes, com sacrifícios diferentes etc. E por que são diferentes? Ora, são diferentes porque os grupos humanos têm concepções diferentes. Ninguém vê o mundo da mesma forma, do mesmo jeito, entendeu, leitor? Por isso, as religiões e os deuses são diferentes. Veja, leitor, o título deste artigo: os cristãos, os judeus e o Estado Islâmico. Não sei, amigo leitor, se você percebeu, mas, apenas neste título, existem 3 religiões, e religiões bem diferentes. Os cristãos (cristianismo), os judeus (judaísmo) e o Estado Islâmico (Islamismo). Percebeu, leitor, de forma clara, como o planeta Terra está infestado de religiões?
Pois bem! Existem hoje, no mínimo, 10 mil religiões. E quantos deuses? No mínimo, 2 mil deuses. E são também deuses diferentes, a exemplo das religiões. E são diferentes porque cada grupo social cria seus deuses à sua imagem e semelhança. É por essa razão que os deuses são uma cópia de seu povo. Por exemplo, um povo guerreiro cria deuses guerreiros. Um povo nômade cria deuses nômades. Um povo violento cria deuses violentos. Um povo que pratica sacrifícios e holocaustos cria deuses que adoram sacrifícios e holocaustos. Um povo intolerante cria deuses intolerantes. Ou seja, os deuses são criados pelo homem e recebem obviamente as características humanas.
Nesse mundo de fantasias religiosas, cada religioso obviamente defende sua religião, seu deus ou deuses, seus rituais, seus ritos, seu livro “sagrado” etc. Cada religioso vê sua religião como a “certa”, já as outras estão “erradas”. Cada religioso vê seu deus ou deuses respectivamente como o “verdadeiro” ou os “verdadeiros”, já os outros deuses são “falsos”. Como se vê, leitor, uma religião vai anulando a outra e, no final, não sobra nada nesse oceano de pura ilusão.
Neste artigo, trago mais um exemplo claro de que cada religioso defende sua religião às cegas. E por que utilizei a palavra “às cegas”? Ora, porque é comum um religioso de uma religião criticar o comportamento de um religioso de outra religião sem perceber que esse comportamento reprovável também está presente em sua religião. Ou seja, no fundo, a religião é um mundo repleto de fanatismo e intolerância. Resolvi abordar esse assunto, em razão de uma matéria jornalística que mostrarei mais adiante.
Pois bem! Veja, caro leitor, mais uma vez, o título deste artigo: os cristãos, os judeus e o Estado Islâmico. Todos os dias, a imprensa (televisões, rádios, jornais, revistas) nos mostram as barbaridades que são praticadas pelo Estado Islâmico que é formado por pessoas fiéis ao islamismo, que é uma religião diferente do cristianismo. Entre outras coisas, esses religiosos radicais torturam, estupram e matam outros religiosos, principalmente cristãos. Invadem lugares, expulsando dali seus moradores cristãos que ficam sem um lugar para morar, sem moradia. Segundo dados oficiais, mais de 1 milhão de cristãos foram expulsos pelo Estado Islâmico apenas porque têm uma crença diferente. É a chamada intolerância, marca das religiões. Os cristãos obviamente veem, na ação do Estado Islâmico, atos de maldade, de selvageria, de pura hediondez. E nisso estão certos. Mas agora vem a pergunta: será que esses atos de pura maldade praticados por integrantes do Estado Islâmico também não foram praticados por cristãos ao longo da existência do cristianismo? O que nos diz a História?
O jornal Correio Braziliense é o mais famoso do Distrito Federal. Domingo passado, dia 19 de julho do corrente ano, na página 13, ele traz um artigo com o título “Sefardies”. Quem escreveu esse artigo foi a Senhora Mônica Sifuentes. Ela é desembargadora federal do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região e doutora em Direito Constitucional. É, pois, uma mulher muito inteligente, culta e conhecedora de História. No início de seu artigo, ela escreve:

“Há uma lenda judaica segundo a qual em 1492, ano em que a rainha Isabel, de Castela, e seu amado Fernando, rei de Aragão, determinaram a expulsão dos judeus do seu território, muitos deles, acreditando no futuro retorno, guardaram por séculos as chaves das casas. Por ordem dos reis católicos, como ficou conhecido o casal Isabel e Fernando, os judeus que não quiseram se converter ao cristianismo foram considerados ameaça à unificação da Coroa Espanhola. Tiveram que abandonar a terra natal a pé e sem os bens, pois foram proibidos de levar metais preciosos, armas e cavalos. Dizem que 200 mil judeus preferiram deixar a Espanha a terem que renunciar à sua religião. Iniciou-se, assim, nova diáspora. Alguns foram para Portugal, de onde acabaram por ser expulsos anos depois.”

E aí, caro leitor, você entendeu o que diz acima a desembargadora federal Mônica Sifuentes?  Ora, ela está simplesmente narrando fatos históricos, ou seja, fatos verídicos que realmente ocorreram. E o que dizem esses fatos históricos? Ora, amigo leitor, eles dizem que o casal cristão católico Isabel e Fernando, em 1492, determinou a expulsão dos judeus dos territórios espanhóis. E por que os judeus foram expulsos? Ora, foram expulsos porque não aderiram ao cristianismo, ou seja, não quiseram deixar sua religião, o judaísmo. E os judeus foram expulsos das terras onde moravam. Foram obrigados a deixar o lugar, a pé, sem direito a levar seus pertences. E a lenda que corria na época, citada pela desembargadora, era que os judeus levaram as chaves de suas casas, guardando-as com cuidado, na esperança de que, num dia qualquer, retornariam. E isso nunca aconteceu.
Agora me responda, caro leitor: existe alguma semelhança entre os atos praticados hoje pelo Estado Islâmico e os atos praticados pelo cristianismo católico na Espanha em 1492? Os integrantes do Estado Islâmico expulsam cristãos de suas terras apenas porque não aderem ao islamismo. E esses cristãos são obrigados a deixar suas casas, a pé, sem direito a levar alguns pertences. A mesma maldade foi praticada pelo cristianismo católico na Espanha, em 1492. Os cristãos expulsaram judeus de suas terras apenas porque não quiseram aderir ao cristianismo. Os judeus preferiram continuar com sua crença, com sua religião. E foram expulsos, saindo a pé, sem direito a levar seus pertences.
Como se vê, amigo leitor, entre o cristianismo e o Estado Islâmico há mais semelhanças do que supõe a nossa vã filosofia. 

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