Eustáquio
7/06/2011
Ontem,
dia 6, segunda-feira, ao chegar ao meu local de trabalho, tive uma
grande alegria. O meu amigo Marcelo me deu um livro. De presente. É
óbvio que eu fiquei muito feliz. Trata-se do livrinho “Mística e
Espiritualidade”, com 163 páginas. Sua autoria é dos dois maiores e mais
conhecidos teólogos brasileiros: Leonardo Boff e Frei Betto. Tenho
vários livros desses teólogos cristãos. O “Mística e Espiritualidade”
veio se somar aos outros. Esse é o 2º livro de Leonardo Boff que recebo
de presente. Em 1999, meu amigo Washington me presenteou mais uma
preciosidade de Boff: “Vida para além da morte”. No mesmo ano, fiz um
esboço desse livro, encaminhando-o ao Washington e a alguns leitores.
Portanto, ao Marcelo e ao Washington, só me resta agradecer.
Em
meus artigos, cito com frequência esses dois grandes conhecedores da
teologia. E ambos são cristãos. Só que eles escrevem a verdade, a pura
verdade. Não são teólogos picaretas, pilantras e safados que desvirtuam o
texto bíblico para enriquecer sua igreja por meio de dízimos, ofertas e
doações.
Neste
artigo, vou abordar rapidamente uma passagem do livrinho que acabei de
ganhar, nas páginas 81 a 83. O texto é de Frei Betto:
“(...)
É verdade que o machismo aparece, não no sentido de dualismo, mas na
cultura da época, de uma sociedade patriarcal. Jesus foi um homem do seu
tempo, a ponto de ser limitado no seu tempo, na consciência do seu
tempo, nas possibilidades do seu tempo”
Ora,
caro leitor, Frei Betto diz a verdade. Ele afirma que Jesus viveu numa
época marcada pelo machismo. Jesus era um analfabeto judeu. Analfabeto
de pai e mãe. Vivia, pois, numa época e lugar de profundo atrasado e
ignorância. O machismo dominava. A mulher não tinha valor algum, a não
ser abrir as pernas e parir filhos. É por isso que a Bíblia é o conjunto
de livros que possui a maior carga de discriminação contra a mulher. Na
Bíblia, a mulher é um apêndice, um acessório. Veja, caro leitor, como
Frei Betto é sincero com a verdade. Ele diz que Jesus foi um homem do
seu tempo, limitado no seu tempo, na consciência de seu tempo e nas
possibilidades de seu tempo. O que ele quer dizer com isso? Ora, Frei
Betto está dizendo que Jesus não tinha poderes mágicos de prever o
futuro, de ter uma mente poderosa muito além da época em que viveu.
Jesus era realmente limitado no seu tempo, na cultura judaica. E Frei
Betto segue:
“(...)
No Novo Testamento, o machismo não é só de Paulo. Em Paulo é acentuado,
porque ele era fariseu. Embebeu-se de toda a ideologia judaica. (...) A
conversão de Paulo o tornou cristão, mas não antimachista. Continuou
com toda aquela visão que o fariseu tinha de que a mulher era mero
apêndice do homem. A mulher não podia entrar na sinagoga, não podia
falar nem ser rabino, enfim, no judaísmo farisaico, ela não tinha lugar,
importância, valor. Acredito que o próprio Jesus era machista, como
homem do seu tempo, porque seria uma extrapolação exigir que tivesse uma
atitude tão revolucionária quanto a de alguém que, no século XIX,
pudesse condenar a guerra nuclear do século XX. Tanto era um homem de
ideologia patriarcal que Jesus chamava Deus de pai. Podemos chamar Deus
de mãe, porque Deus não tem sexo. Deus não cabe nem na figura do Pai nem
na da Mãe, mas nas duas. Isso fica à escolha da consciência de cada um.
Mas Jesus foi revolucionário na medida em que integrou mulheres ao
grupo de discípulos, como Lucas relata, embora nenhuma na condição de
apóstolo.”
Como
diz Frei Betto, à luz da verdade, o machismo também dominava o mundo de
Jesus. Ao macho, tudo. À mulher, nada! O Velho e o Novo Testamento são
diplomas de pura ignorância e desrespeito à mulher. Na lenda bíblica de
Adão e Eva, no Jardim do Éden, está escrito que a pobre mulher Eva foi
enganada pela serpente, levando ao pecado o homem Adão. A culpa do
pecado caiu na pobre mulher. Os loucos Santo Agostinho, São Tomás de
Aquino e o apóstolo Paulo viam a mulher como um ser inferior, a
responsável pela desgraça da humanidade! Que loucos!!! A visão feia e
horrorosa que esses malucos cristãos tinham pela mulher era a mesma
visão podre e idiota que tinham pelo sexo. Ainda bem que Frei Betto não
esconde a verdade. Nas culturas hebraica (Velho Testamento) e judaica
(Novo Testamento), como bem diz Frei Betto, a mulher não tinha valor
algum. Ela, coitada, não podia entrar na sinagoga, não podia falar em
público, não herdava do marido, mas este era o seu único herdeiro etc.
Os hebreus e os judeus agradeciam a Deus por não terem nascido mulher. O
machismo era tão grande que Deus era tratado por Pai, e não por Mãe.
Por Mãe, seria uma blasfêmia, punida com a morte. Deus, portanto, é o
Pai, macho, autoritário e castigador. Isso é óbvio. Se o povo hebreu
criou um Deus, e esse povo era machista, o Deus criado só poderia também
ser machista.
Parabéns ao Frei Betto pelo texto sincero e verdadeiro!
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