Eustáquio
Distinto leitor,
Nas fotos abaixo, eu, Eustáquio,
em dois momentos distintos de minha jornada. À esquerda, em 1973, quando estava
com 17 anos de idade, em Sobral, minha terra natal. E, à direita, em 1989,
quando contava com 33 anos de idade, na cidade de Sobradinho, no Distrito
Federal. Na foto em preto e branco, estou com 4 amigos, na areia do rio Acaraú
que banha a cidade de Sobral. Da esquerda para a direita: eu, Marcelo, Neto,
Maurício e Edilson. Marcelo e Maurício são irmãos. Hoje, os dois moram em
Fortaleza. Marcelo mora perto do Colégio Estadual Liceu do Ceará, onde cursei o
2º Grau. E o Maurício, não sei onde mora, mas ele tem uma banca de jornal
defronte para o “North Shopping”, ao lado de uma agência do Banco do Brasil, na
Avenida Bezerra de Menezes. Todas as vezes que estou em Fortaleza, visito
várias vezes o Maurício. Saio de casa a pé, perto do Supermercado Frangolândia,
situado na Avenida Sargento Hermínio Sampaio, e fico na banca dele, conversando
horas a fio. O Maurício sempre pergunta pelo meu sobrinho Roger Lins que mora
perto da banca, mas nunca apareceu por lá. Já o Neto, que aparece também na
foto, mora hoje em Fortaleza. Sobrou o Edilson, que mora num sítio perto de
Sobral e que é irmão do Raimundo Alves Pereira.
Muito bem! É bastante comum o
povo do Ceará relacionar magreza a doenças. Segundo a visão de grande parte dos
cearenses, uma pessoa gorda é sadia, já uma pessoa magra é doente. O Jô Soares,
com certeza, deve adorar os cearenses. Quando eu morava em Sobral, era
excessivamente magro. A foto abaixo confirma essa verdade. Até as minhas
costelas são visíveis nessa foto. Quando minha turma de amigos estava jogando
bola num campinho na Praça do Abrigo, hoje, Praça Quirino Rodrigues, defronte
para o antigo Colégio Sobralense, próximo ao Arco de Nossa Senhora de Fátima,
eu era tão magro, que alguns (não todos) diziam assim:
--- Joga a bola,
tuberculoso! Cruza a bola, tuberculoso!
Ora, eu nunca sofri de tuberculose, uma doença que
emagrece seus portadores. Apesar de ter sido extremamente magro, sempre gozei
de boa saúde. Meu cunhado Edvan Santos Dumont, que morava em Fortaleza, foi
vítima dessa doença terrível, mas conseguiu vencê-la. Morreu depois em
consequência de outros problemas. Na foto abaixo, eu estava com 17 anos de
idade. Meu maior sonho era fazer musculação para ficar musculoso. Só que havia dois
problemas: eu não tinha um tostão no bolso, e em Sobral não havia sequer 1
academia de musculação. Nessa época, eu e minha família estávamos morando na
Rua Maria Tomásia, perto da casa do Manéis, numa casa alugada. Minha irmã Graça
Lins era manicura, ou seja, fazia estética nas unhas dos pés e das mãos de
muitas mulheres. Nos sábados, a sala da casa ficava lotada de mulheres. Haja
fofocas! Minha irmã Graça gostava de ler as revistas “Sétimo Céu” e “Contigo”.
Duas porcarias! Eram revistas que só traziam fofocas entre cantores, atores e
atrizes. Mesmo assim, eu pegava aquelas duas porcarias e lia. Nessas revistas,
apareciam propagandas de cursos a distância, por meio dos Correios e
Telégrafos. E lá estava o curso do fisiculturista canadense Joe Weider que
faleceu em 2013. Eu via nas revistas a foto dele, uma montanha de músculos. Como
eu invejava o físico do Weider! Eu não tinha dinheiro para comprar as lições do
curso e também para fazer os pesos com ferro e cimento. Então, tudo ficou só no
desejo, e nada mais. Eu teria que suportar minha magreza excessiva durante mais
alguns anos. Em dezembro de 1975, quando eu estava com 19 anos de idade, minha
família foi morar em Fortaleza. E eu fui junto. Assim que cheguei a capital,
meu cunhado Edvan Santos Dumont me arranjou um emprego numa indústria chamada
CIBRESME (Companhia Brasileira de Estruturas Metálicas). Eu era um apontador,
ou seja, ficava apenas anotando a produção das pesadas máquinas. Ganhava apenas
1 salário mínimo por mês. Fiquei lá por apenas 3 meses. Pedi exoneração porque
não gostei do serviço. Dois meses depois, minha irmã Graça Lins conseguiu um
emprego para mim na COELCE (Companhia de Eletricidade do Ceará), onde ela
trabalhava como telefonista. Era um emprego terceirizado. O salário também era
o mínimo. Fiquei lá durante dois anos e meio. Nessa época, eu morava na Rua
Naturalista Feijó, no Bairro Ellery. A COELCE ficava na Rua Dr. João Moreira,
ao lado do Quartel da 10ª Região Militar, defronte para a Praça dos Mártires
(Passeio Público), frequentada hoje por prostitutas e drogados. Para chegar à
COELCE, eu pegava um ônibus defronte minha casa e descia na Praça José de
Alencar. De lá, ia a pé, passando pela Rua Guilherme Rocha e pela Praça do Ferreira.
Quando eu recebi o primeiro salário, 1 salário mínimo, comecei a procurar uma
academia de musculação. Estava louco para começar a fazer musculação para
acabar com minha magreza excessiva. E encontrei facilmente. Que maravilha! Num
sábado maravilhoso, peguei o ônibus defronte minha casa e desci na Praça José
de Alencar. E saí caminhando à procura de uma academia. Eu estava na calçada do
Teatro José de Alencar. Ao virar à direita, entrando na Rua General Sampaio, vi
uma placa com os seguintes dizeres:
“Academia de musculação. Seja invejado pelos homens e admirado pelas
mulheres”
Como fiquei feliz! Eu disse para
mim mesmo: chegou a hora de ficar musculoso, igual ao Joe Weider. Entrei rapidamente
no edifício. O edifício ainda está lá hoje. Ali funciona atualmente, no térreo,
a loja “Fort Couro”. A academia funcionava no 3º andar. Subi rapidamente pelas
escadas. Chegando à academia, vi logo 3 homens muito fortes, fazendo
exercícios. O instrutor, chamado Renato, responsável pela academia, veio ao meu
encontro. Ele era mais baixo que eu, negro e usava apenas uma sunga
apertadíssima. Quando vi aquele cabra, invejei logo o corpo dele. Que físico
lindo! Uma montanha de músculos! Ele me levou à sua mesa. Passou todas as
informações para mim. Fiz minha inscrição e já comecei a cair pesado nos
exercícios no dia seguinte. Como eu adorava todos os aparelhos! Meus dias de
exercícios eram às segundas, quartas e sextas-feiras. Em apenas 6 meses, meu
corpo já era outro. Aquele magrinho “tuberculoso” de Sobral não existia mais. Como
eu já estava um pouco musculoso, só andava com camisas sem manga para que as
pessoas vissem meu corpo. Eu percebia que as pessoas já me olhavam diferente,
principalmente as garotinhas com minha idade. Quando eu entrava no ônibus,
percebia facilmente garotas olhando para mim fixamente e os rapazes também. Aí
eu me lembrava dos dizeres do cartaz da academia:
“Seja invejado pelos
homens e admirado pelas mulheres”
Não deu outra! Comecei então minha
aventura com algumas jovens. Fiquei na querida academia até 1984 quando resolvi
morar em Brasília. Como eu já estava com um físico bom, não voltei à musculação.
Parei. Perdi uma parte considerável do que adquiri, mas não perdi tudo. Na foto
abaixo, à direita, eu já vivia em Brasília há 5 anos, ou seja, 5 anos sem praticar
musculação. Porém, dá para ver o progresso de meu corpo, comparando-se com
aquele da foto de Sobral. Nessa foto colorida, eu estava morando numa casa em
Sobradinho, aqui, no Distrito Federal, sentado sobre uma mesa de supino que eu
comprei juntamente com algumas barras. Ou seja, não deixei definitivamente a
musculação. Continuava praticando um pouquinho em minha própria casa. Atualmente,
não pratico mais! Mesmo assim, pessoas do meu convívio olham para mim e dizem:
“Você fez musculação, não fez?”
--- Fiz sim, há muito tempo! ---
respondo eu.
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