quinta-feira, 27 de junho de 2019

MEU CUNHADO MARCOS E A DOAÇÃO DE SANGUE




                                                             Eustáquio


Prezado leitor,

Na foto abaixo, meu cunhado Marcos Sales Ribeiro que mora atualmente na cidade de Samambaia, aqui, no Distrito Federal, à distância de 20 quilômetros de onde eu moro. 
Marcos é casado com a Bete, e ambos têm 2 filhas: Dayane e Greyciane. Dayane mora com o esposo e as duas filhas em Planaltina de Goiás, a uma distância de 82 quilômetros da casa de seu pai, e a Greyciane com um casal de filhos mora com os pais. Todas as semanas, vou à casa do Marcos, no mínimo, 1 vez, chegando lá por volta das 15h. Levo sempre 3 sacos com goma já preparada para tapioca da marca “Ouro Branco”, a melhor que eu conheço. Eu, minha esposa, Marcos e Bete ficamos à mesa da cozinha, conversando horas a fio. Às 16 horas, Bete vai ao fogão, preparando tapiocas e um cafezinho impecável. Só retorno ao meu apartamento por volta das 20h.
Muito bem! Já escrevi aqui que cheguei a Brasília em abril de 1984, aos 27 anos de idade, com o objetivo de me submeter a concurso público para professor de língua portuguesa porque havia me formado em Letras pela Universidade Federal do Ceará. Chegando à capital federal, não havia concurso aberto para professor, então tive que enfrentar outros. O primeiro foi para o cargo de agente de portaria do Ministério do Trabalho. Agente de portaria nada tem a ver com a portaria do edifício. Não fui porteiro, mas, se tivesse sido, também seria uma honra para mim. Trabalhei lá por 11 meses, ganhando apenas 1 salário mínimo por mês. O salário mínimo é chamado de “salário menstruação” porque demora um mês para chegar, e 3 dias para desaparecer. Nessa época, passei por momentos difíceis que depois narrarei. No dia 27 de novembro de 1985, com 1 ano e 7 meses em Brasília, entrei, por concurso público, na Polícia Civil do Distrito Federal, ganhando um excelente salário. Eu ganhava no Ministério do Trabalho apenas 1 salário mínimo, o salário menstruação, e, na Polícia, passei a ganhar 12 salários mínimos por mês. Aí, minha vida mudou, e muito, para melhor. 
No dia 19 de agosto de 1987, já com 1 ano e 9 meses na Polícia, casei-me. Fui morar durante um tempo na casa de meus sogros, em Sobradinho, também no Distrito Federal, para economizar um dinheiro com a finalidade de adquirir um apartamento. Meu cunhado Marcos, na época, também morava lá, em uma casa construída nos fundos. Ele já era casado com a Bete. Pois bem! Eu trabalhava 1 dia, e folgava 2. Num certo dia, quando eu estava de folga, acordei-me pela manhã, escovei os dentes e tomei um gostoso banho. Depois, dirigi-me à mesa, onde havia tapiocas, ovos e café esperando por mim. Minha sogra (Alda Sales Ribeiro) era um ser humano de bondade inigualável. Assim que olhei para a mesa, vi meu cunhado Marcos com calça, camisa e sapatos, logo pela manhã. Sem entender, eu lhe perguntei:


--- Porra, Marcos, por que, logo pela manhã, você está tão arrumado assim? Será que você vai fazer exame de fezes?


Marcos riu, dizendo-me:



--- Não, Lins! Eu vou agora doar sangue, lá perto do hospital HRAN. Todo ano eu doo sangue!


HRAN, caro leitor, significa Hospital Regional da Asa Norte, localizado no centro de Brasília. Eu não sabia que meu cunhado Marcos era doador de sangue. Já que eu estava, naquele dia, de folga, e ainda não havia tomado café, disse-lhe:


--- Marcos, eu nunca doei sangue! Receba meus parabéns porque doar sangue é um ato de amor! Eu não tenho a menor ideia de como é o procedimento. Será que eu posso ir com você para também doar?


E o Marcos, feliz, me disse:


--- Oba, então vamos lá! Você também está em jejum, ainda não tomou café. Vamos lá, então! Depois da doação, existe um cafezinho com bolacha para os doadores. 


Fui com o Marcos. Chegando lá, Marcos me levou a uma jovem que o conhecia porque a cada ano ele estava lá para a doação. A jovem olhou para mim, perguntando, entre outras coisas:


--- Moço, você já teve hepatite?


Respondi na hora:


--- Nunca tive hepatite, nem otite, nem sinusite, nem bronquite, nem bursite!


A jovem funcionária riu bastante, dizendo-me:


--- Você é muito engraçado, hein? 


--- Sou cearense, meu amor! Terra de humoristas!


Deixando aquela jovem, sentei-me numa cadeira, à espera do chamado para a coleta do sangue. Marcos, meu cunhado, foi primeiro. Ele me disse assim:


--- Lins, vou doar sangue agora. Depois, vou para a copa a fim de lanchar. Espero você lá.


Cinco minutos depois, fui chamado. Deitaram-me numa cama, furaram uma veia de meu braço esquerdo e começaram a sugar meu sangue. Ainda bem que não era o mosquito da dengue. Nada senti de diferente. A coisa mais normal do mundo. E olhe, leitor, que era a minha primeira doação. Ao terminar o procedimento, fui para a copa a fim de encontrar meu cunhado Marcos. Quando chego à copa, ouvi um barulho provocado por várias pessoas. Olhei para aquelas pessoas, procurando meu cunhado. Nada. Perguntei então a uma daquelas pessoas:


--- Por favor, o que está ocorrendo?


E obtive a seguinte resposta:


--- Um rapaz que acabou de doar sangue está passando mal, está inconsciente!


Quando a pessoa me disse aquilo, jamais imaginei que se tratava do meu cunhado Marcos porque ele já era experiente na doação de sangue. Aí eu fui empurrando algumas pessoas para ver quem estava no centro. E vi o Marcos, sentado numa cadeira, inconsciente, com a ponta da língua deitada sobre o lábio inferior. Não esperava por aquilo. Ao lado dele, duas moças aplicavam alguma coisa sobre seu rosto. 3 minutos depois, Marcos volta a si. Ao voltar para casa, perguntei a ele:


--- Porra, Marcos! Você doa sangue todos os anos. Já passou mal também nas outras vezes? 


E ele me respondeu:


--- Não! Essa foi a primeira vez!

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