Eustáquio
Caro leitor,
Na
foto abaixo, sentadas, da direita para a esquerda, Célia Lins, Sofia e Liduína.
Em pé, Mônica Magali. As 4 estão no Jardim Japonês, na Beira-Mar, em Fortaleza.
Existe,
nas pessoas da foto, uma ligação com o saudoso Edvan Santos Dumont. Célia Lins,
sua viúva; Mônica Magali, filha; a linda criancinha Sofia, neta; e Liduína,
cunhada. Edvan Santos Dumont não tinha parentesco algum com o ilustre inventor
brasileiro Alberto Santos Dumont. Edvan nasceu no dia 24 de maio de 1934, e faleceu
no dia 3 de janeiro de 1994, com apenas 59 anos de idade.
Em
dezembro de 1975, com apenas 19 anos de idade, eu, juntamente com minha
família, deixei Sobral para morar em Fortaleza. Minha irmã Graça Lins, na época
solteira, alugara uma casa na Rua Naturalista Feijó, no bairro Ellery. Essa
casa era bem próxima da casa onde moravam o Edvan e sua família, composta pela
esposa Célia, e filhos: Mônica Magali, Márcia Altair e Roger. Todos os dias, eu
saía de casa para ir à casa do Edvan, situada na Rua Mário Studart. Como era
bem perto, eu ía a pé. Nessa época, Edvan trabalhava na CIBRESME que significa
Companhia Brasileira de Estruturas Metálicas, uma fábrica que ficava na Rua
Joaquim Lino, também bem perto da residência do Edvan. Ele ia a pé para o
trabalho todos os dias, exceto aos domingos. Era um especialista em pintura de
estruturas metálicas, exercendo depois o cargo de chefe. Ainda em dezembro de
1975, recém-chegado de Sobral, eu, certa noite de domingo, na calçada de sua
casa, conversava com Edvan, Célia e outras pessoas. E o Edvan me disse:
---
Eustáquio, amanhã, segunda-feira, vou conversar com um engenheiro da CIBRESME para
ver se ele tem uma vaga para você, lá na fábrica.
Fiquei
feliz com essa esperança porque eu jamais havia trabalhado. Eu queria ter um
dinheirinho no bolso porque só andava liso, mais liso que chuchu descascado. Na
segunda-feira, à noite, fui novamente à casa do Edvan. Na calçada como sempre,
sentado e com um copo pela metade de cachaça com pedaços de limão, Edvan me
disse:
---
Eustáquio, arranjei um emprego para você, lá na fábrica. O engenheiro fulano de
tal quer conversar com você amanhã. Vá lá por volta das 10h.
E
continuou o Edvan, rindo:
---
Olhe, o engenheiro que vai conversar com você tem a boca podre, fedorenta. Ele
é conhecido lá na fábrica por “boca de fossa”.
Eu
ri, dizendo ao Edvan:
---
Edvan, rapaz, eu estou tão liso que, se for preciso, darei um beijo na boca
desse miserável engenheiro.
Edvan
riu muito! No dia seguinte, terça-feira, pela manhã, lá estava eu, às 10h, na
fábrica. Subi por uma longa escada feita de ferro, chegando à sala do
engenheiro, um jovem bastante educado, mas, realmente, com a boca com um forte
cheiro de bosta. O próprio engenheiro era ciente de seu grave problema
estomacal porque, ao falar comigo, ele colocava sua mão direita na frente da
boca para que eu não sentisse o fedor, porém esse movimento não adiantava. Era
forte a catinga da merda! Após a conversa, ganhei o emprego. Estou aqui agora
com minha carteira de trabalho com o registro. Comecei a trabalhar na CIBRESME
no dia 5 de janeiro de 1976, após poucos dias de minha chegada a Fortaleza, no
cargo de apontador. Na fábrica, eu, com um formulário e uma caneta, andava pelo
grande pátio, anotando a produção de cada máquina. Era esse o meu trabalho, e o
salário era o mínimo. Eu entrava na fábrica pela manhã e saía às 12h para o
almoço. Como era perto, eu ía almoçar em casa a pé. Depois do almoço, retornava
à fábrica, saindo somente às 18h. Meu horário era o mesmo do Edvan. Nessa
fábrica, fiquei apenas durante 2 meses e 15 dias porque não gostei da
atividade. Saí no dia 20 de março do mesmo ano (1976). E saí para ficar
desempregado. Expliquei ao Edvan minhas razões, e ele entendeu bem. Nesses 2
meses e 15 dias de trabalho na fábrica, presenciei alguns fatos que narrarei
depois.
O
importante, neste artigo, é deixar claro que meu inesquecível cunhado Edvan
Santos Dumont conseguiu para mim o primeiro emprego. Como eu fiquei feliz na
época! Portanto, o Edvan é uma peça muito importante que conservo no baú de
minha existência.
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