Eustáquio
Prezado leitor,
Na foto abaixo, um aparelho telefônico
da época em que vivenciei o fato que narrarei agora.
Em 1994, com 38 anos de idade, por meio
de concurso público, ingressei no TJDFT (Tribunal de Justiça do Distrito
Federal e Territórios), ocupando o cargo de analista judiciário, nível
superior, área fim (exclusiva para bacharéis em Direito). Fui trabalhar na 1ª
Vara Criminal do Gama porque morava lá, num apartamento defronte para o Fórum.
A cidade do Gama fica a 37 quilômetros do centro de Brasília.
Mais ou menos, em 1997, por volta das
17h, eu estava na Vara quando um dos telefones deu sinal de vida:
--- Trim! Trim! Trim! Trim!Trim! Trim!
Prontamente atendi, dizendo:
--- 1ª Vara Criminal do Gama, bom-dia?
E do outro lado da linha, uma voz
jovem:
--- Bom-dia! Por favor, eu posso falar
com o Sr. Eustáquio?
Respondi na hora:
--- Pois não! Sou eu mesmo!
E a voz jovem:
--- Que bom, então! Senhor Eustáquio,
eu me chamo Paulo César, e trabalho com mensagens fonadas. Uma pessoa muito
especial em sua vida veio até nós para mandar uma mensagem para o Sr. O Senhor
dispõe de tempo agora para ouvir a mensagem?
E eu, com bastante educação:
--- Pois não, meu amigo! Pode colocar a
mensagem!
E o jovem colocou. Eu fiquei apenas
ouvindo. Acho que a mensagem durou uns 2 minutos. Um saco! Mas fiquei ouvindo.
A mensagem dizia, mais ou menos, assim: “Você é a bússola de minha vida. Sem
você, encontro-me num labirinto sem saída. Você é o meu norte…” e outras
bobagens mais. Eu estava torcendo para que aquela bobagem chegasse ao fim. E
chegou. Aí, o rapaz me perguntou:
--- Sr. Eustáquio, o Senhor gostou da
mensagem?
E eu, mentindo, disse-lhe:
--- Adorei, meu amigo! Gostei tanto da
mensagem que estou aqui, quase chorando! Muito obrigado!
E o rapaz me perguntou:
--- Sr. Eustáquio, o Senhor tem a ideia
de quem lhe enviou essa mensagem?
--- Não, meu amigo, não tenho a mínima
ideia! Quem foi? --- perguntei-lhe.
E ele:
--- O Senhor conhece a Mirtes Fonseca?
E eu, sem entender nada:
--- Mirtes Fonseca? Mirtes Fonseca?
Não, meu amigo, não conheço nenhuma Mirtes Fonseca!!!
E o jovem me perguntou:
--- Mas... o Senhor não é o Eustáquio?
O Eustáquio Camargo?
Aí, eu me toquei:
--- Oh, meu amigo! Você ligou para o
Eustáquio errado. Eu sou o Eustáquio Lins, que trabalha na 1ª Vara Criminal. O
outro Eustáquio, o Camargo, trabalha na 2ª Vara Criminal.
E o jovem:
--- Senhor Eustáquio, então, me
desculpe pelo erro!
E eu, terminando, mentindo novamente:
--- Não há por que se preocupar, meu
jovem, porque eu adorei a mensagem!
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