sábado, 29 de junho de 2019

POSSO FALAR COM O SR. EUSTÁQUIO?


                                                              Eustáquio


Prezado leitor,

Na foto abaixo, um aparelho telefônico da época em que vivenciei o fato que narrarei agora.
Em 1994, com 38 anos de idade, por meio de concurso público, ingressei no TJDFT (Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios), ocupando o cargo de analista judiciário, nível superior, área fim (exclusiva para bacharéis em Direito). Fui trabalhar na 1ª Vara Criminal do Gama porque morava lá, num apartamento defronte para o Fórum. A cidade do Gama fica a 37 quilômetros do centro de Brasília.
Mais ou menos, em 1997, por volta das 17h, eu estava na Vara quando um dos telefones deu sinal de vida:


--- Trim! Trim! Trim! Trim!Trim! Trim!


Prontamente atendi, dizendo:


--- 1ª Vara Criminal do Gama, bom-dia?


E do outro lado da linha, uma voz jovem:


--- Bom-dia! Por favor, eu posso falar com o Sr. Eustáquio?


Respondi na hora:


--- Pois não! Sou eu mesmo!


E a voz jovem:

--- Que bom, então! Senhor Eustáquio, eu me chamo Paulo César, e trabalho com mensagens fonadas. Uma pessoa muito especial em sua vida veio até nós para mandar uma mensagem para o Sr. O Senhor dispõe de tempo agora para ouvir a mensagem?


E eu, com bastante educação:


--- Pois não, meu amigo! Pode colocar a mensagem!


E o jovem colocou. Eu fiquei apenas ouvindo. Acho que a mensagem durou uns 2 minutos. Um saco! Mas fiquei ouvindo. A mensagem dizia, mais ou menos, assim: “Você é a bússola de minha vida. Sem você, encontro-me num labirinto sem saída. Você é o meu norte…” e outras bobagens mais. Eu estava torcendo para que aquela bobagem chegasse ao fim. E chegou. Aí, o rapaz me perguntou:


--- Sr. Eustáquio, o Senhor gostou da mensagem?


E eu, mentindo, disse-lhe:


--- Adorei, meu amigo! Gostei tanto da mensagem que estou aqui, quase chorando! Muito obrigado!


E o rapaz me perguntou:


--- Sr. Eustáquio, o Senhor tem a ideia de quem lhe enviou essa mensagem?


--- Não, meu amigo, não tenho a mínima ideia! Quem foi? --- perguntei-lhe.


E ele:


--- O Senhor conhece a Mirtes Fonseca?


E eu, sem entender nada:


--- Mirtes Fonseca? Mirtes Fonseca? Não, meu amigo, não conheço nenhuma Mirtes Fonseca!!!


E o jovem me perguntou:


--- Mas... o Senhor não é o Eustáquio? O Eustáquio Camargo? 

Aí, eu me toquei:


--- Oh, meu amigo! Você ligou para o Eustáquio errado. Eu sou o Eustáquio Lins, que trabalha na 1ª Vara Criminal. O outro Eustáquio, o Camargo, trabalha na 2ª Vara Criminal. 


E o jovem:


--- Senhor Eustáquio, então, me desculpe pelo erro!


E eu, terminando, mentindo novamente:


--- Não há por que se preocupar, meu jovem, porque eu adorei a mensagem!


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