quinta-feira, 5 de abril de 2012

O RAIO E 2 MORTOS EM ÁGUAS LINDAS


 
O jornal Correio Braziliense, hoje, quinta-feira, dia 3, na página 37, traz uma matéria intitulada “Tristeza para duas famílias”. Ao lê-la, lembrei-me do meu tempo de criança e adolescente em Sobral, minha cidade natal.
A reportagem jornalística aborda a morte de 2 jovens moradores da sofrida cidade de Águas Lindas, que fica bem próxima a Brasília. Terça-feira passada, no fim da tarde, 10 garotos muito pobres jogavam bola num campo improvisado daquela cidade. Chovia torrencialmente. Como é gostoso, amigo leitor, jogar bola num campinho debaixo de chuva! Num dado momento, um raio atinge uma parte do campo, pegando 3 garotos. Francisco Jonathas Prada Souza, 16 anos, e Alex Lima de Freitas Silva, 15 anos, morreram na hora. O terceiro garoto atingido, Irarles Pereira dos Santos, 14 anos, conseguiu escapar. Eis, caro leitor, a desgraça.
Eu adoro tomar banho de chuva. Sempre gostei. Lá, em Sobral, quando chovia, colocava um calção e saía correndo descalço e sem camisa pelas ruas, juntamente com um grupo de amigos. Que prazer maravilhoso! Os trovões e os raios fortíssimos não eram obstáculos. Na verdade, ninguém percebia o risco, e ele era muito grande. Ainda bem que nunca um raio atingiu alguém do nosso grupo. Eu ficava sabendo, por meio do rádio, que outras pessoas haviam morrido. Após o impacto dessas notícias, minha mãe me proibia de sair durante a chuva, mas eu não lhe obedecia. Saía alegre, dizendo-lhe que nada aconteceria. E, de fato, nada de ruim aconteceu comigo e com meus coleguinhas.
Eu gosto tanto de chuva que até hoje eu saio de casa para tomar meu banho pluvial. Com certeza, eu sou o único morador de Brasília que toma banho de chuva. Quando a chuva chega, boto um calção, e pernas pra que te quero. É muito gostoso. Os moradores de Brasília ficam olhando para mim como se eu estivesse doido. Na verdade, a loucura está com eles. Sou cônscio dos riscos que corro por causa dos raios, mas riscos todo mundo corre. E, segundo as estatísticas, pouca gente morre atingida por raios durante um banho de chuva. Muitos morrem trabalhando.
Em relação aos 2 jovens moradores de Águas Lindas, que morreram por causa de um raio, veja, amigo leitor, as imbecilidades religiosas. A doméstica Célia Prada, mãe de Francisco Jonathas, disse:


 
“DEUS QUIS ASSIM. É ELE QUEM SABE DA VIDA DA GENTE. PELO MENOS NINGUÉM ATIROU NEM ESFAQUEOU O MEU FILHO.”



Essa pobre mãe afirmou que o filho dela foi atingido por um raio porque isso foi um desejo de Deus. Que idiotice! Quem colocou essa burrice na cabeça dessa infeliz mulher? Ora, os estelionatários religiosos! Esses pilantras dizem que Deus está por trás de tudo o que ocorre no Universo. Se uma folhinha seca cai de uma árvore, isso ocorre porque Deus quis. Se uma vaca solta um peido, isso acontece porque Deus quer. Se Deus não quiser, a vaca não peida. Se um raio cai do céu, é porque Deus quer e dirige o seu trajeto. E bilhões e bilhões de fiéis acreditam num troço desse. Pobre humanidade! E a miserável mãe ainda afirma que teria sido pior se o seu filho tivesse sido assassinado por tiros ou facadas, o que é muito comum em Águas Lindas. Pobre mãe!
Ora, o que não existe não faz mal a ninguém. Os deuses não existem. São frutos da imaginação humana. Logo, não fazem mal a ninguém. Durante a chuva, raios caem em solo terrestre. Já que os seres humanos estão no solo, é óbvio que alguém pode ser atingido. É natural, pois, que muitas pessoas morram por causa disso. Não há Deus algum que cria o raio e o joga contra determinadas pessoas. Os raios são simplesmente descargas elétricas formadas pelo atrito das partículas de gelo que estão nas nuvens. Não há ser inteligente algum, ou muito burro, que cria uma porra dessa, jogando-a contra crianças inocentes cujo divertimento é apenas um gostoso banho de chuva. Não existe Deus louco algum capaz de fazer uma merda dessa qualidade.
Na desgraça de Águas Lindas, 10 rapazes estavam jogando bola num campo. O raio atingiu apenas 3 deles. 2 morreram, e 1 sobreviveu. Os dois morreram porque receberam uma descarga maior. E o sobrevivente recebeu uma descarga menor. Quanto aos 7, todos ficaram livres do perigo. Tudo isso é um questão de probabilidade. Nos campos, os raios caem com mais frequência, não porque um Deus louco quer, mas porque as matas os atraem. Se os 10 garotos estivessem jogando bola numa quadra coberta, protegida por um para-raios, todos estariam vivos hoje. Todos!
O garoto Irarles escapou com leves ferimentos. Sua mãe, Jucilene Pereira da Silva, 40 anos, disse:


 
“DEUS ME DEU O MELHOR PRESENTE: SALVOU O MEU FILHO.”




Eis outra tolice! Jucilene pensa que Deus resolveu jogar um raio sobre os 3 garotos com o objetivo de matar dois deles e salvar apenas 1. Que burrice! No fundo, essa pobre mãe é uma vítima. Vítima da conversa fiada dos estelionatários religiosos que atribuem a ocorrência dos fatos a Deus.
Antônio Francisco dos Santos, 39 anos, pai do garoto Jonathas, que morreu, disse a verdade:


 
“FOI UMA FATALIDADE.”




Que afirmação linda! Parabéns, “Seu” Antônio!
Responda-me uma coisa, caro leitor: por que em todas as igrejas há um para-raios?

Nenhum comentário:

Postar um comentário