Sr. Luiz Carlos Azedo,
Em sua coluna publicada no Correio Braziliense ontem, sexta-feira, dia 16, na página 6, sob o título “Sem aumento”, o Senhor fez duas comparações entre os servidores do Poder Judiciário e os empregados regidos pela CLT. Ei-las:
a) “Enquanto os trabalhadores regidos pela CLT receberão aproximadamente 6,5% de aumento em 2012, os servidores do Judiciário lutam por 56% de aumento.”;
b) “O salário médio dos trabalhadores CLT com carteira assinada está em R$ 1.612. O salário médio dos servidores da Justiça, segundo o governo, estaria em R$ 11.466.”.
Veja, Senhor Azedo!
Milhares de leitores bobos do Correio Braziliense, ao lerem seu artigo, vão se posicionar contra o aumento salarial reivindicado pelos servidores do Poder Judiciário. Eles vão raciocinar da seguinte forma:
“Ora, que absurdo! Os celetistas com carteira assinada têm um salário médio de R$ 1.612. Os servidores do Judiciário, R$ 11.466. E esses caras ainda querem aumento! E os celetistas, apesar do salário baixíssimo, só receberão 6,5% de aumento. Já os servidores do Judiciário, que já ganham muito, ainda querem 56% de aumento. Que absurdo! Que injustiça!”.
Leitores bobos chegarão a essa infantil e falsa conclusão. Ora, não se pode comparar salário de servidor do Poder Judiciário com salário de empregado regido pela CLT. São naturezas distintas. Celetistas devem ser comparados com celetistas. E servidores do Poder Judiciário devem ser comparados com os demais servidores federais, por exemplo, os do Congresso Nacional e os do Tribunal de Contas da União. Ou seja, cada macaco no seu galho.
É público e notório que os servidores do Senado Federal e da Câmara dos Deputados ganham os melhores salários do funcionalismo federal. A remuneração de um analista legislativo é superior, e muito, a recebida por um analista judiciário. E a mesma coisa ocorre na Câmara dos Deputados, no Tribunal de Contas da União e em muitas carreiras do Poder Executivo. Os servidores dos órgãos acima citados, apesar de terem as melhores remunerações, recebem facilmente aumentos anuais sem a necessidade de greves. Já os servidores do Poder Judiciário, que recebem muito menos, ficam sofrendo pressão das mais variadas espécies. Por que um analista judiciário deve ganhar mensalmente 6 mil reais, enquanto um analista legislativo percebe 16 mil reais? Por que um técnico judiciário deve ganhar 4 mil reais, enquanto um técnico do Senado Federal fatura 13 mil reais?
A remuneração dos servidores do Judiciário deve ser, pois, comparada com a dos demais servidores federais, e não com o salário percebido pelos celetistas. Os celetistas, que formam a maior massa de trabalhadores, têm realmente um salário extremamente miserável, incapaz para satisfazer suas necessidades básicas. Porém, compará-lo com um servidor do Judiciário, do Legislativo ou do TCU é uma autêntica insensatez. A quase totalidade dos celetistas ganha um salário mínimo por mês. E não tem carteira assinada. Ser contrário a um aumento reivindicado pelos servidores do Judiciário apenas porque os celetistas ganham uma miséria, é uma atitude ilógica e insensata.
O governo, como sempre, mente, Senhor Azedo! Há dinheiro suficiente para atender a reivindicação dos servidores do Poder Judiciário. O governo mente vergonhosamente. O próprio deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), relator-geral do Projeto da Lei Orçamentária de 2012, afirmou publicamente que o problema não é a falta de dinheiro, mas a falta de acordo com o Palácio do Planalto. Percebeu, Senhor Azedo?
A presidente Dilma e seus amiguinhos dizem, com assombro, que o impacto será de 7 bilhões. O povão idiota ouve esse discurso bobo e pensa que o país vai quebrar. O que são 7 bilhões em bilhões e bilhões de dinheiro? Como disse Chinaglia, dinheiro há. O que não está havendo é vontade política. A política brasileira , Senhor Azedo, me causa ânsia de vômito.
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