Numa tarde chuvosa, coisa rara em Sobral, no Ceará, os garotinhos corriam para a Igreja da Sé, a mais famosa da cidade. Iam lá não para rezar, é óbvio, mas apenas para aproveitar a queda d’água proporcionada por uma grande bica. Que coisa gostosa! Que saudade!
Márcio Ribeiro, um dos garotinhos, com apenas 9 anos de idade, passada a chuva, encostou-se na porta principal da igreja, que já estava aberta. Olhando para o chão, avistou uma formiga que corria de um lado para o outro, mais perdida do que cego em tiroteio. Decidiu matar a bichinha com um palito de fósforo. Quando jogava o palito contra a formiga, sem soltá-lo, ela se desviava do ataque. A cada investida sem sucesso, Márcio gritava:
--- Errei, porra!
Mais uma tentativa fracassada:
--- Errei, porra!
Padre Lira Fialho, o mais conhecido da cidade, ouvia o palavrão do garoto. Caminhou até ele, dizendo:
--- Meu filho Márcio, não faça isso com a pobre formiguinha!
E o Márcio, sem educação, berrava:
--- Ah, seu padre, vá encher o saco do sacristão!
Padre Lira ficava irritado diante daquele moleque. E o moleque continuava:
---Errei, porra!
Impaciente, padre Lira lhe disse:
--- Olha, moleque, queira Deus que um raio caia do céu na sua cabeça!
Mal acabou de falar, um raio cai do céu na cabeça do padre Lira, matando-o instantaneamente. E, do céu, veio uma voz forte e estrondosa:
--- ERREI, PORRA!
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