O ser humano é louco pela ilusão. Vive mergulhado nas mais loucas superstições.
No dia 11 de novembro do corrente ano, enviei aos meus leitores o artigo “11/11/2011”. Mostrei ali a bobagem propagada por tarólogos e astrólogos, dois “profissionais” que espalham a ignorância na face da Terra.
Hoje, retorno ao assunto, tendo em vista outra reportagem publicada pelo jornal Correio Braziliense no dia 12 de novembro, na página 35. Ou seja, só tomei conhecimento dessa porcaria no dia seguinte. Eis o título da matéria:
“FIM DE SEMANA ENERGIZADO”
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E a superstição continua, caro leitor! Ora, não existe esse negócio de dia energizado, semana energizada, mês energizado, ano energizado. Tudo isso é conversa fiada para enganar os bobos, os idiotas que infestam o planeta Terra. Como o ser humano é bobo!
A energia verdadeira que está presente no dia a dia, por exemplo, do povo de Brasília, é aquela que é distribuída pela CEB (Companhia Energética de Brasília). Se um bobo qualquer não acredita no que afirmo, então que coloque o dedo no buraco de uma tomada. Só levando mesmo um choque é que ele vai entender a minha afirmação.
A matéria jornalística traz uma foto em que aparece um grupo de pessoas, sentadas sobre um tapete de cor azul estendido no chão, ouvindo líderes bobos. A cor azul é a preferida do político cristão católico Joaquim Domingos Roriz. Se fosse em época de eleição, alguém iria criticar essa reunião.
Um dos trechos da reportagem diz:
“Para a comerciante Luciana Rocha, o dia 11 tem um forte significado. Ela pretendia inaugurar uma loja de produtos orgânicos ontem, mas atrasos na obra impediram que aproveitasse as vibrações da data. “Era para ser as energias de um recomeço. O dia 11 é sobre esquecer o passado e continuar o presente”, explicou.”
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Pobre Luciana Rocha! Ela está mais perdida do que cego em tiroteio. O dia 11 é um dia como outro qualquer. Não tem significado algum. Tudo isso é conversa para boi dormir. O jornal é do dia 12. Diz ele que Luciana pretendia inaugurar uma loja no dia 11, mas não deu certo porque houve atrasos na obra. E esses atrasos safados impediram que ela inaugurasse a lojinha no dia 11, o que seria maravilhoso. Assim, Luciana não aproveitou as “vibrações” do dia 11. Ora, leitor amigo, não existe esse negócio de “vibrações” causadas por uma data qualquer. Vibrações existem, mas são causadas por outras coisas, inclusive por vibradores sexuais. Basta introduzir o aparelho na vagina, acioná-lo e aguardar o orgasmo.
E a matéria continua sobre Luciana Rocha:
“Como não pôde concluir seus planos, a comerciante buscou paz no encontro do Parque da Cidade. Lá, conversou com uma numeróloga que lhe aconselhou a fazer uma inauguração no próximo dia 20, que é outra coincidência numérica (20/11/2011). “Ela disse que é melhor, porque atrai dinheiro”, animou-se.”
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Pobre Luciana Rocha! Ela foi, no dia 11, ao Parque da Cidade em busca de paz. E lá conversou com uma numeróloga. Que desperdício de tempo! Luciana procurou orientação com uma pessoa que só serve para espalhar a ignorância na face da Terra. A numerologia é outra espécie de superstição. Como não deu certo a inauguração da lojinha de Luciana no dia 11, é óbvio que a numeróloga iria dizer a ela para escolher outra data futura. Não deu outra. Disse-lhe que deixasse a inauguração para o próximo dia 20, pois também é uma data especial. E a pobre Luciana Rocha caiu como patinho na conversa fiada da numeróloga. E, segundo a numeróloga, a nova data é melhor ainda que o dia 11 porque atrai dinheiro. E a pobre Luciana Rocha acreditou na numeróloga. Que idiotice! Data alguma atrai dinheiro. Número algum atrai dinheiro. O que atrai dinheiro é a natureza do negócio. Por exemplo: quem cria um banco vai atrair dinheiro. Pouco importa o dia em que a instituição financeira foi inaugurada. Se foi no dia 2, 3, 11, 15, 30 ou 31. A data não importa, pois. O banco sempre vai faturar dinheiro, muito dinheiro. Quem, por exemplo, inaugura uma loja de venda de guarda-chuvas em Sobral, no Ceará, vai falir porque a coisa mais difícil do mundo é alguém conseguir vender um guarda-chuva em Sobral. Onde já se viu vender guarda-chuva onde quase não chove! Pode inaugurar a lojinha no próximo 12/12/2012. Vai à falência, meu irmão! Quem inaugura uma igreja vai ganhar muito dinheiro. Não importa o dia da inauguração porque data não significa nada, nem reflete em nada. Vai ganhar dinheiro porque o povo brasileiro tem uma carga religiosa elevadíssima. E é essa carga religiosa que o vai levar aos templos, e não a mera data em que a igrejinha foi inaugurada. Quem inaugura uma loja de venda de areia no Deserto do Saara vai falir no dia seguinte, pouco importa se a inauguração foi no dia 11. Vai falir porque areia é o que não falta naquele lugar, e totalmente gratuita.
Em outro trecho, o jornal traz:
“A psicóloga e terapeuta floral Berenice de Lara veio de São Paulo em busca da energia oferecida no Planalto Central. (...) “Podemos enviar nossa vibração para sensibilizar nossos políticos ou curar nossa questão pessoal.” Além de participar da meditação, a especialista aproveitou para dar palestras e mostrar aos frequentadores seu trabalho com essências de cristais.”
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Berenice de Lara, segundo a reportagem, é psicóloga. Que absurdo! Como é que uma verdadeira psicóloga cai numa conversa fiada dessa! Mas ela não caiu não, caro leitor. Ao contrário, ela é, na verdade, uma vendedora de essências de cristais. Ou seja, vende porcarias para os tolos. E também dá palestras a eles. Esse negócio de dizer que uma pessoa é isso ou aquilo é muito relativo. Há milhões e milhões de pessoas que se formam nisso ou naquilo, mas não o são. Milhões de pessoas se formam em Psicologia, mas nada sabem sobre psicologia. Milhões se formam em Letras, mas nada sabem sobre Língua Portuguesa. Milhões se formam em Administração de Empresas, mas não conseguem sequer administrar uma lojinha que vende produtos a R$ 1,99. Milhões de pessoas se formam em Direito, mas não sabem nada, nem diferenciar um crime doloso de um culposo. Milhões se formam em Análise de Sistemas, porém não sabem nada de sistemas computadorizados, a não ser apenas ligar a tomada macho na fêmea.
Berenice veio de São Paulo só para participar do encontro do dia 11. Que desperdício de vida! Não foi desperdício de dinheiro porque ela, com certeza, deve ter vendido seus produtos. A cada segundo, nasce um otário no mundo. E Berenice acredita que a “vibração” daquele encontro vai sensibilizar os políticos e, de quebra, curar a questão pessoal de cada cidadão. Coitada da Berenice! Como esse pessoal gosta de vibração! Só fala em vibrações. A “vibração” desses encontros não sensibiliza político algum, e, muito menos, cura questão pessoal alguma. Tudo isso é pura superstição. O que realmente sensibiliza os políticos é o jogo de interesses.
E o jornal continua:
“Praticante de reiki e adepta da meditação, a psicóloga Simone Ros, 39 anos, fez questão de comparecer à reunião espiritualista. “É uma data astrológica importante. Acreditamos que essas datas abrem alguns portais de conexão com o divino, com a luz, com o amor. E o mundo precisa disso”, opinou.
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Eis, caro leitor, outra “psicóloga”! Tenho amigos que são formados em Letras, todavia nada sabem sobre Língua Portuguesa. Tenho também amigos que são formados em Administração de Empresas, porém nada sabem de empresas. Tenho amigos que são analistas de sistemas, mas nada sabem de computadores e informática. Tenho amigos que são formados em Direito, mas nada sabem de Direito. E assim por diante.
Simone Ros diz que o dia 11 passado foi uma data astrológica muito importante. Tudo conversa fiada! Não existe data importante alguma. Datas são criações humanas, puras convenções. E números também. Ela também diz “acreditar” que o dia 11 foi uma data que abriu “portais” de conexão com o “divino”, com a “luz” e com o amor. Como o cérebro de Simone é criativo! Ainda bem que ela diz “acreditar”, e não que realmente o é! Tudo isso é ilusão! O dia 11 não abre portal algum. Não abre sequer porta de cadeia, imagine contato com o divino e com a luz. O divino não existe, e quem quiser contato com a verdadeira luz basta olhar para o Sol ou acender uma lâmpada qualquer.
E, sobre Simone Ros, a matéria continua:
“Com ela, veio o namorado Jairo Lima, 40, servidor público, recém-iniciado na arte de meditar. Estimulado pela companheira, ele afirma que a ocasião foi valiosa para seus primeiros passos nessa cultura. “Quando fazemos as coisas no coletivo, você sente não só a energia do ambiente, mas a das pessoas.”
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Simone Ros veio de São Paulo, trazendo, de bagagem, o seu namorado Jairo Lima. E ele, perdidamente apaixonado, caiu na fantasia de Simone Ros. O casal viajou de São Paulo até Brasília em busca de uma “energia”. Ora, há mais energia em São Paulo do que em Brasília. Simone e Jairo deveriam ter ficado lá mesmo. Há mais energia em São Paulo porque o estado é simplesmente enorme. Possui o maior parque industrial do Brasil. As fábricas, principalmente, exigem carga de energia maior. Por isso, a energia de São Paulo supera, e muito, a de Brasília. Simone e Jairo, em vez de virem a Brasília, deveriam ter ido a Caldas Novas para tomarem um banho de água quente natural. Teria sido realmente proveitoso o passeio. Ao virem a Brasília, perderam tempo e dinheiro.
Jairo Lima, embalado na fantasia da namorada, diz que sente uma “energia” quando faz alguma coisa coletivamente, ou seja, ao lado de outras pessoas. Na verdade, ele deve sentir uma “energia” maior quando faz “coisa” ao lado apenas de uma pessoa, de uma mulher, por exemplo. A “energia”, claro, é muito mais intensa. Tenho certeza disso.
E a reportagem continua com as superstições:
“Para os pais do pequeno Enrique, que nasceu às 11h40 na maternidade do Hospital Santa Lúcia, tudo foi festa. “Eu já gosto de números e tinha feito a numerologia com várias datas prováveis, mas mais para o dia 8, que é nosso aniversário de casamento. Mas 11 é um número muito digital e o Enrique nasceu numa era muito informatizada, isso pode ser legal”, relaciona a mãe do menino, Lisa Lopes, 27 anos. O pai, Ricardo Moreira, 32, aponta mais um fator interessante para o menino. “Quando ele fizer 11 anos, vai achar o máximo. E vai ser curioso quando ele disser a data de nascimento para as pessoas”.
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Eis, caro leitor, mais um festival de pura superstição. A reportagem traz a foto do casal e do menino Enrique. A mãe, Lisa Lopes, com todo respeito, é uma mulher muito bonita, mas bobinha que só! Ela diz que adora a numerologia, ou seja, adora superstição. Ela própria afirma que, de acordo com os “cálculos” da numerologia, o Enriquezinho iria nascer no dia 8 de novembro, data do aniversário de casamento do casal. Não ocorreu! O menino nasceu no dia 11. Mesmo assim, ela acha que o menino nasceu numa data “legal”, já que “11 é um número muito digital”. Veja, leitor, a criatividade de Lisa Lopes. O número 11 é um número digital. Que loucura! Se o Enriquezinho tivesse nascido no dia 8, ela diria que o 8 também é um número digital. E se fosse o nascimento no dia 7? Também seria um número digital! Ou seja, dependendo da ocasião, todos os números de um mês são digitais! Que bobagem!
Já o pai de Enriquezinho diz que o menino, quando fizer 11 anos, “vai achar o máximo”. Eis outra bobagem, caro leitor! Ora, o Enriquezinho nasceu no dia 11 de novembro de 2011. Portanto, fará 11 anos de idade no dia 11 de novembro de 2022. O pai diz que nessa data o Enriquezinho vai achar o máximo. Não há razão alguma para o Enriquezinho achar o máximo a data 11/11/2022 porque não há a coincidência do 11/11/2011. E na verdade o Enriquezinho deve achar o máximo todos os anos quando comemora aniversário, ou seja, quando fizer 5, 10, 11, 26 ou 100 anos de idade.
No trecho seguinte:
“Para a numeróloga Marcia Godoy, crianças que nasceram ontem “podem ter facilidade de interlocução entre os mundos interno e externo se forem bem ensinadas. Do contrário, podem ser de grande rebeldia”, adverte.
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A cada segundo nasce um otário no mundo! Eis, caro leitor, uma verdade!
A numeróloga Marcia Godoy afirma que crianças nascidas na data 11/11/2011, se forem bem orientadas, podem ter facilidade de comunicação com os mundos interno e externo. Que idiotice! E pensar que a humanidade acredita nessas tolices! Ao contrário do que diz a numeróloga, crianças nascidas nessa data, se não forem bem orientadas, se não tiverem uma relação bem próxima com a Ciência, contribuirão para o aumento do número de otários existente no planeta Terra. Essa, amigo leitor, é a grande verdade! Não há mundos interno e externo. E muito menos comunicação entre eles. O Universo é vasto. A Terra é apenas um planeta que gira no Universo. Bilhões de planetas também giram. A Terra não constitui um mundo interno, e o Universo, um externo. Há uma infinita multiplicidade de astros celestes, sem a dicotomia interno e externo. Pura bobagem!
E a reportagem continua acerca da numeróloga Marcia Godoy:
“De acordo com suas avaliações, nascidos em 11 de novembro de 2011 podem ter uma boa tendência para a estética, a música e as áreas relacionadas às artes.”
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Eis outra idiotice propagada por Marcia Godoy! Quem nasceu no dia 11 de novembro de 2011 não terá “tendência” alguma para a estética, a música e as áreas relacionadas às artes. Não há relação alguma entre números e tendências humanas para determinadas áreas do conhecimento humano. Tudo isso é conversa fiada de astrólogos e numerólogos. Bilhões de pessoas acreditam nessas besteiras porque a cada segundo nasce um otário no planeta Terra. Astrólogos e numerólogos, quando afirmam alguma besteira, fazem uso do “podem”. Eles dizem “pode ou podem” para se armarem quando a coisa não ocorrer. Se a coisa ocorre, eles dizem que acertaram. Se não ocorre, eles dizem que falaram “pode ocorrer”, e não “vai ocorrer”, o que é diferente. Pura esperteza! E os otários caem como patinhos. Se você, amigo leitor, fizer uma pesquisa acerca da data de nascimento dos maiores gênios da música, arquitetura, astronomia, astrofísica, antropologia, física, matemática e outras mais, verá que nada tem a ver a data com a performance do profissional.
E o jornal continua com a Marcia Godoy:
“Essa maleabilidade do 11, quando vem com o oito, dá um senso ético e atrai dinheiro. Se alguém estiver sendo julgado nesse dia, pode ter uma sentença mais severa.”
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A numeróloga Marcia Godoy continua no seu mundo supersticioso. O número 11 não é maleável. O número 2 não é maleável. O número 3 não é maleável. O número 8 não é, também, maleável. Enfim, nenhum número é maleável. Tudo isso é conversa fiada da numeróloga! Existe uma coisa que é realmente maleável, doce. O cérebro dos otários que acreditam em Marcia Godoy!
E a união do número 11 com o número 8 também não produz senso ético algum e também não atrai dinheiro. O senso ético de cada pessoa é adquirido durante sua vida, com base em seu comportamento e visão do mundo. Já o dinheiro é atraído por vários ramos: bancos, igrejas, empresas, astrologia, numerologia, búzios, etc. Tudo isso dá dinheiro.
E Marcia Godoy afirma, no final da matéria, que, se alguém tiver algum processo correndo no Poder Judiciário, e o juiz de Direito proferir a sentença no dia 11 de qualquer mês, é bem provável que a sentença seja mais severa. Que loucura!
Ora, caro leitor! Não consigo entender como é que uma pessoa tem cérebro para aceitar uma idiotice dessa! A sentença dada por um juiz de Direito não tem relação alguma com a data em que está sendo proferida. Nada! Assim, se um juiz elabora uma sentença no dia 2 de novembro, com certeza absoluta seria a mesma sentença que elaboraria no dia 11. E que também elaboraria no dia 20, 25 e 30. Portanto, data alguma interfere nos fundamentos jurídicos em que um juiz de Direito se apoia.
Não existe, pois, essa loucura de um juiz, no dia 11, proferir uma sentença mais severa a alguém, do que a tivesse proferido no dia anterior. Pura loucura!
A cada segundo nasce um otário na face da Terra!
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