Eustáquio
Em meu vídeo de ontem,
com o título “Jesus morreu por você”, o internauta
Bartolomeu Lopes escreveu o seguinte:
“Bom dia
professor, me chamo Bartolomeu Lopes, meu nome foi escolhido pelos meus pais,
católicos fervorosos. Eu fui criado nessa doutrina, mas sempre desconfiei da
bíblia e das religiões, após assistir um vídeo seu por acaso, resolvi me
escrever em seu canal no YouTube para acompanhar outros vídeos e confesso que
tô muito confuso sobre a existência de Deus. Não é fácil, me entenda, receber
uma doutrina uma vida toda e de repente, aos meus 42 anos ver que tudo isso
pode ser ilusão. Além do mais, as pessoas não irão me compreender, vão me
ignorar e talvez até se afastar de mim. Mas continuarei a assistir seus vídeos
e a estudar o assunto. Abraços para o senhor, bom dia!”
Bartolomeu
foi criado numa família católica, recebendo a doutrina cristã católica desde o
berço. Há muito tempo que ele já desconfiava da Bíblia e das demais religiões. E
diz que, por acaso, assistiu a um de meus vídeos. Gostou e se tornou um
inscrito. E confessa agora que está muito confuso sobre a existência do deus
hebreu. E ele explica o porquê de estar confuso. Ora, recebeu a doutrina cristã
desde o berço, e, somente agora, com 42 anos de idade, se depara com o fato de
que tudo isso não passa de uma mera ilusão. Realmente é um choque.
Eu, Eustáquio, igualmente ao Bartolomeu, nasci numa família católica, em
Sobral, no Ceará. Minha mãe não era uma cristã fervorosa, mas ia à igreja todos
os domingos e, todos os dias, rezava o terço. Às vezes, me levava, eu com uns 9
anos de idade, mas nunca me forçou. Nessa idade, eu já não dava crédito à
crença de minha mãe. Lia o catecismo, e achava aquilo muito estranho, sem
lógica alguma. Mas ficava na minha. Curioso, comecei a ler a Bíblia que ficava
aberta em cima de um armário. E aí começou para valer meu ateísmo. Mais ou
menos, com uns 15 anos de idade, eu já me declarava ateu. Minha mãe dizia que
iria orar muito ao deus hebreu para que mudasse minha cabeça. Eu ria muito. Às
vezes, eu dizia à minha mãe que ela vivia uma grande ilusão. Perguntava se ela
aceitava que eu lesse alguns capítulos da Bíblia a fim de questioná-la. E mamãe
me dizia assim: “Não, meu filho! Não quero duvidar
de minha crença. Estou tão feliz assim.” E eu entendia. Quando
eu morava na Rua Maria Tomásia, em Sobral, dois vizinhos eram evangélicos, da
Igreja Adventista do Sétimo Dia. Seus filhos eram amigos meus. Eles me
convidavam, quase todos os dias, para ir a um dos cultos. Para evitar que eles
ficassem aborrecidos comigo, fui àquela igreja apenas uma vez. Como diz o Edson
Martins, pessoas vão a igrejas para compartilhar ignorância. Como é que alguém
consegue se realizar vendo um pastor evangélico no púlpito, só pregando
besteiras? Disse a meus amigos que não iria mais. Com o tempo, seus pais
morreram. Seus filhos estão vivos hoje e continuam meus amigos. Nenhum deles
frequenta igreja alguma hoje, apesar de terem sua crença. Como ateu, jamais
falo sobre crença religiosa com pessoas crentes. Freud já dizia que os crentes
não abandonam sua crença por força de argumentos, isto é, não adianta mostrar a
eles os mais fortes argumentos. Por isso mesmo, não toco em crença religiosa
diante deles. Quando algum amigo crente se dirige a mim, solicitando alguma
explicação, aí sim, eu ajo.
O Bartolomeu diz que tem o receio de, ao assumir o ateísmo, ser
ignorado, afastado e incompreendido pelas pessoas que o cercam. Eu, Eustáquio,
nunca tive esse medo, essa preocupação. Ao contrário! Sempre fazia questão de
tornar público meu ateísmo. Queria que todos soubessem que eu não era um
ingênuo, que acreditava em deuses, que orava, que fazia sacrifícios etc.
Durante toda minha vida, todos os meus amigos, em Sobral, em Fortaleza e aqui,
em Brasília, todos, sabiam que eu sou ateu. Ninguém deve viver preocupado com o
que fulano ou beltrano pensa sobre você. Ninguém lhe dá um prato de comida, um
auxílio, uma ajuda nos momentos mais difíceis, por que então alguém haverá de
se preocupar com o que os outros pensem? Cada pessoa deve seguir sua
consciência, e nada mais. Quem anda pela cabeça dos outros é piolho, não é
mesmo? E também os que fiéis que frequentam igrejas. Agem em conformidade com a
cabeça de pastores e padres. Desse jeito, não há salvação.
Só me resta dizer uma coisa ao Bartolomeu. Estude sobre a Bíblia, meu
camarada! Estude com profundidade! Com seriedade! E fique certo de uma coisa:
deus algum existe, deus algum vai ficar com ódio de você. Você tem um cérebro,
Bartolomeu, e ele não está em sua cabeça para separar a orelhas, mas para levá-lo
a pensar, a raciocinar, a duvidar, a analisar. Não fique com medo da reação de
outras pessoas. Não dê bolas para o que a sociedade pense sobre você. A paz só
chegará a você a partir do momento em que você seguir a voz de sua consciência.
Se você está em paz com sua consciência, você está feliz e realizado.
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