terça-feira, 29 de outubro de 2019

UM CRISTÃO NA CORDA BAMBA




Eustáquio


                      Em meu vídeo de ontem, com o título “Jesus morreu por você”, o internauta Bartolomeu Lopes escreveu o seguinte:



                                  “Bom dia professor, me chamo Bartolomeu Lopes, meu nome foi escolhido pelos meus pais, católicos fervorosos. Eu fui criado nessa doutrina, mas sempre desconfiei da bíblia e das religiões, após assistir um vídeo seu por acaso, resolvi me escrever em seu canal no YouTube para acompanhar outros vídeos e confesso que tô muito confuso sobre a existência de Deus. Não é fácil, me entenda, receber uma doutrina uma vida toda e de repente, aos meus 42 anos ver que tudo isso pode ser ilusão. Além do mais, as pessoas não irão me compreender, vão me ignorar e talvez até se afastar de mim. Mas continuarei a assistir seus vídeos e a estudar o assunto. Abraços para o senhor, bom dia!”



                             Bartolomeu foi criado numa família católica, recebendo a doutrina cristã católica desde o berço. Há muito tempo que ele já desconfiava da Bíblia e das demais religiões. E diz que, por acaso, assistiu a um de meus vídeos. Gostou e se tornou um inscrito. E confessa agora que está muito confuso sobre a existência do deus hebreu. E ele explica o porquê de estar confuso. Ora, recebeu a doutrina cristã desde o berço, e, somente agora, com 42 anos de idade, se depara com o fato de que tudo isso não passa de uma mera ilusão. Realmente é um choque.
                  Eu, Eustáquio, igualmente ao Bartolomeu, nasci numa família católica, em Sobral, no Ceará. Minha mãe não era uma cristã fervorosa, mas ia à igreja todos os domingos e, todos os dias, rezava o terço. Às vezes, me levava, eu com uns 9 anos de idade, mas nunca me forçou. Nessa idade, eu já não dava crédito à crença de minha mãe. Lia o catecismo, e achava aquilo muito estranho, sem lógica alguma. Mas ficava na minha. Curioso, comecei a ler a Bíblia que ficava aberta em cima de um armário. E aí começou para valer meu ateísmo. Mais ou menos, com uns 15 anos de idade, eu já me declarava ateu. Minha mãe dizia que iria orar muito ao deus hebreu para que mudasse minha cabeça. Eu ria muito. Às vezes, eu dizia à minha mãe que ela vivia uma grande ilusão. Perguntava se ela aceitava que eu lesse alguns capítulos da Bíblia a fim de questioná-la. E mamãe me dizia assim: “Não, meu filho! Não quero duvidar de minha crença. Estou tão feliz assim.” E eu entendia. Quando eu morava na Rua Maria Tomásia, em Sobral, dois vizinhos eram evangélicos, da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Seus filhos eram amigos meus. Eles me convidavam, quase todos os dias, para ir a um dos cultos. Para evitar que eles ficassem aborrecidos comigo, fui àquela igreja apenas uma vez. Como diz o Edson Martins, pessoas vão a igrejas para compartilhar ignorância. Como é que alguém consegue se realizar vendo um pastor evangélico no púlpito, só pregando besteiras? Disse a meus amigos que não iria mais. Com o tempo, seus pais morreram. Seus filhos estão vivos hoje e continuam meus amigos. Nenhum deles frequenta igreja alguma hoje, apesar de terem sua crença. Como ateu, jamais falo sobre crença religiosa com pessoas crentes. Freud já dizia que os crentes não abandonam sua crença por força de argumentos, isto é, não adianta mostrar a eles os mais fortes argumentos. Por isso mesmo, não toco em crença religiosa diante deles. Quando algum amigo crente se dirige a mim, solicitando alguma explicação, aí sim, eu ajo.
                 O Bartolomeu diz que tem o receio de, ao assumir o ateísmo, ser ignorado, afastado e incompreendido pelas pessoas que o cercam. Eu, Eustáquio, nunca tive esse medo, essa preocupação. Ao contrário! Sempre fazia questão de tornar público meu ateísmo. Queria que todos soubessem que eu não era um ingênuo, que acreditava em deuses, que orava, que fazia sacrifícios etc. Durante toda minha vida, todos os meus amigos, em Sobral, em Fortaleza e aqui, em Brasília, todos, sabiam que eu sou ateu. Ninguém deve viver preocupado com o que fulano ou beltrano pensa sobre você. Ninguém lhe dá um prato de comida, um auxílio, uma ajuda nos momentos mais difíceis, por que então alguém haverá de se preocupar com o que os outros pensem? Cada pessoa deve seguir sua consciência, e nada mais. Quem anda pela cabeça dos outros é piolho, não é mesmo? E também os que fiéis que frequentam igrejas. Agem em conformidade com a cabeça de pastores e padres. Desse jeito, não há salvação.
                Só me resta dizer uma coisa ao Bartolomeu. Estude sobre a Bíblia, meu camarada! Estude com profundidade! Com seriedade! E fique certo de uma coisa: deus algum existe, deus algum vai ficar com ódio de você. Você tem um cérebro, Bartolomeu, e ele não está em sua cabeça para separar a orelhas, mas para levá-lo a pensar, a raciocinar, a duvidar, a analisar. Não fique com medo da reação de outras pessoas. Não dê bolas para o que a sociedade pense sobre você. A paz só chegará a você a partir do momento em que você seguir a voz de sua consciência. Se você está em paz com sua consciência, você está feliz e realizado.

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