quarta-feira, 2 de outubro de 2019

E SE EU ORAR...


                          Eustáquio

                   Suponha a seguinte situação: você mora numa mansão com elevador, sauna, piscina, quadra de esporte etc. Num domingo qualquer, você se encontra sentado numa cadeira, lendo o jornal do dia, próximo à piscina. E aí você escuta um barulho, algo caindo na piscina. Abaixa o jornal, e vê seu filhinho, com apenas 3 anos de idade, afogando-se. O que você faz? Ora ao seu deus ou deuses, ou corre para salvar seu filho? Com certeza, você se levantará rapidamente da cadeira, desesperado, jogando-se na água para salvar seu filho. Não tenho a menor dúvida de que você agiria assim. E o que aconteceria com seu filho, se você apenas orasse a seu deus, pedindo socorro? Com certeza, seu filho teria morrido afogado. Eis uma pequena prova de que oração nada resolve, não produz efeito algum.


                 
                  O cristão protestante alemão Martinho Lutero (1483 – 1546) afirmou o seguinte:




                    “A razão é a cortesã do Diabo. Deveria ser destruída em todos os cristãos. Ela é o maior inimigo da Fé.”




                     Aplausos para Lutero! A razão, de fato, nada tem a ver com fé religiosa, seja ela de que natureza for. Fé é mera crença, ilusão, fantasia, desprovida de razão. A razão diz que orar a deuses é pura perda de tempo, nada resolve. Já a fé religiosa diz que, se você orar aos deuses com fervor, obterá tudo aquilo que deseja. Ontem, o Edson Martins escreveu assim:



               Não tem como conciliar razão com religião. Onde uma está, a outra não! É como o dia e a noite, a verdade e a mentira, a riqueza e a pobreza.”


               De fato, o ateu Edson Martins tem toda razão! Nessa linha, ele concorda com o cristão protestante alemão. Sobre a ineficácia da oração, o teólogo, ex- pastor protestante, psicanalista, escritor e professor universitário, já falecido, Rubem Alves, numa palestra, manifestou-se assim:



                “o papa ora pela paz, mas o mundo continua em guerra.”



                Ou seja, as orações do papa não surtem efeito algum. E Rubem fala ainda sobre a irracionalidade das orações. Ora, se o deus hebreu é onisciente, já sabe o que é necessário, ou não, não há obviamente necessidade de alguém orar, de alguém pedir. E, já que o mundo continua em guerra, apesar das orações do papa, então o deus hebreu é a favor da guerra, uma vez que não atende às orações do papa. Você, que está assistindo a esse vídeo, entendeu a idiotice no ato de orar? Pois fique sabendo que as igrejas cristãs propagam que as orações são eficazes, e muitas ganham rios de dinheiro com o chamado “disque-oração” que é, na verdade, disque-enganação.
             Em seu livro “Pecar e Perdoar – Deus e o homem na história”, editora Harper Collins, 2017, na página 190, o historiador e escritor brasileiro Leandro Karnal, entre outras coisas, escreve assim:



              “A oração funciona? Tenho certeza que, na maioria dos acidentes graves da aviação, muitas pessoas fizeram o sinal da cruz ou, ao menos, gritaram ‘meu Deus!’. E os aviões caíram.”



             Karnal, com toda razão, mostra que oração não surte efeito algum. Nada resolve de fato. E, na mesma página, ele continua:



           “Suponho, igualmente, em todos os hospitais do mundo, religiosos de todos os credos fizeram preces por entes queridos que agonizavam, e esses pacientes morreram. (...) Se fosse uma medicação, a prece seria considerada, matematicamente, ineficaz. Mas continua sendo feita.”



             Bela e verdadeira a afirmação do Karnal. A oração é completamente ineficaz, mas ainda continua sendo feita pelos fiéis. E o pior: muitas igrejas cristãs faturam muita grana por meio desse engodo, dessa enganação. Veja a parte final da passagem acima:



           “Se fosse uma medicação, a prece seria considerada, matematicamente, ineficaz.”



            O Karnal não traz exemplos sobre essa afirmação, mas explicarei agora. Suponha que 100 pessoas estejam com uma pequena dor de cabeça. Se as 100 pessoas tomarem uma pequena quantidade de dipirona diluída na água, a dor de cabeça desaparecerá em 30 minutos. Todas as pessoas se livrarão da dor porque realmente o medicamento é eficaz. Suponha agora que essas 100 pessoas não tomem dipirona. Apenas fazem orações ao deus hebreu. O que ocorrerá? Com certeza, a maioria continuará com dor de cabeça durante um certo tempo. Algumas delas não sentirão mais dor de cabeça com o passar do tempo. Ou seja, em relação à oração, não há a eficácia de 100% do medicamento. E, em relação às pessoas cuja dor de cabeça desapareceu, na verdade, não foi por causa das orações, mas pela própria química do corpo. Muitas dores que as pessoas sentem passam com o tempo, mesmo sem a ingestão de qualquer remédio.  E, no final da página, Karnal escreve:


            “É fácil ao cético ironizar essa crença”


               Isto é, é fácil, muito fácil, ao ateu ironizar a crença de que orar ao deus hebreu ou a qualquer “santo” tenha algum efeito.

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