sábado, 19 de outubro de 2019

AUGUSTO CURY E A ACÚSTICA DE JESUS




                                                                                                              Eustáquio


            
                Na foto do vídeo, meu sobrinho Márcio que mora em Fortaleza. Há dois meses, ele esteve em Brasília pela primeira vez. Levei-o aos pontos turísticos daqui. Na foto, Márcio na Catedral de Brasília. Essa foto tem ligação com o teor desse vídeo. Mais à frente, você entenderá.
                Há dois dias, fiz o vídeo intitulado “Augusto Cury e a plateia de Jesus”. Naquela oportunidade, mostrei mais uma passagem do psiquiatra Augusto Cury, ex-ateu, em seu fantástico livro “O Mestre Inesquecível”. Na página 83, entre outras coisas, Cury escreve o seguinte sobre Jesus:



               “Seus discursos e sua didática magnetizavam as plateias. Era capaz de falar para milhares de pessoas ao mesmo tempo. (...) Imagine o que é falar para um público misto e sem microfone. Quase impossível! Mas Jesus falava com mestria para 10, mil ou 10 mil pessoas. Para isso procurava espaços abertos, sossegados e com boa capacidade de difusão sonora. Seus discursos encantavam as multidões.”



              Naquele vídeo, expliquei que é uma piada o Augusto Cury afirmar que, em espaços abertos e sossegados, é possível uma pessoa falar, sem microfone, a uma multidão de mil, 5 mil ou 10 mil pessoas. A Bíblia está repleta de ingenuidades. Quem tentar tornar essas ingenuidades racionais, com certeza cairá do cavalo, com certeza piorará a situação. E foi justamente o que ocorreu com o Cury.
               Pois bem! O internauta Esdras Condello de Souza assistiu àquele vídeo e lançou seu comentário assim:


               “Sua formação em Letras não te capacita a falar sobre acústica.”


                Esdras diz que, por eu ser um bacharel em Letras, esse fato não me capacita a falar sobre acústica. Além disso, ele, junto a seu comentário, enviou um “link” para eu assistir. O vídeo é do cristão Mario Persona. Nesse vídeo, Mario Persona explica por que Jesus falava para multidões, sem microfone, e era ouvido. E Mario diz que até os apóstolos faziam isso. Quando eu cliquei no “link” e fiquei sabendo que se tratava de mais um vídeo do Mario, desatei a rir. Assisti ao vídeo com duração de 8 minutos e 33 segundos. Ri muito durante todo o vídeo. Depois, escrevi assim para o Esdras:
                   Mário Persona?????? Esdras, você está perdido! Faça um teste em sua rua. Reúna todos os moradores. Por exemplo, apenas 100 pessoas. Coloque uma atrás da outra. E fale. Os de trás não o escutarão. Isso com apenas 100 pessoas. Imagine 5 mil. Imagine você, no centro do Maracanã, falando para 5 mil pessoas. Quem ouvirá você? Ninguém, Esdras. Veja os palanques com comícios de políticos. O candidato fica no palanque, e o povo embaixo. Se o candidato falar sem microfone, ninguém o ouvirá. Estou aqui para ajudar você, Esdras! E abandone o Mário Persona hoje mesmo porque ele só o leva aos absurdos. Um abraço!”

                    Em seguida, Esdras me respondeu assim:


               “obg pela resposta. Vou acompanhando as suas publicações. Forte abraço.”


                  Muito bem! Comento agora o vídeo do Mario Persona. O “link” do vídeo está lá, no comentário do Esdras. Se você quiser assistir... Como não poderia ser diferente, o cristão Mario Persona, em 8 minutos e 33 segundos, delira com profundidade. Tenho dó de quem dá crédito a seus vídeos. Mario inicia seu vídeo, afirmando que é possível uma pessoa falar, sem microfone, a uma multidão, e ser ouvido. Repito, ele começa seu vídeo assim, e o termina com outro discurso porque, no fundo, ele mesmo sabe que afirmou uma besteira. E aí, no finalzinho do vídeo, ele diz que talvez Jesus tenha feito um milagre, ou seja, levantou sua varinha mágica e fez com que fosse ouvido pelas multidões. Você, que está assistindo a esse vídeo nesse momento, muito cuidado com o que vê e lê. Você tem um cérebro em sua cabeça, e ele não está lá para separar suas orelhas, mas para que você raciocine, pense, analise, compare etc.
                   No início do vídeo, Mario diz que “uma arena em forma de concha permite que milhares de pessoas escutem o orador posicionado num ponto estratégico.” Não é verdade! Numa arena em forma de concha, poucas pessoas escutarão o orador, e somente as pessoas que estiverem bem próximas dele. Além do mais, o Jesus das narrativas lendárias do Novo Testamento não falava ao público em arenas. Logo em seguida, Mario Persona traz outro exemplo. Ele diz que estava num treinamento com, mais ou menos, 30 pessoas de uma empresa. Ele, o orador, estava com essas 30 pessoas numa sala de um hotel. As pessoas fizeram um círculo, sentadas nas cadeiras, e o Mario caminhando no meio do círculo. Ele diz que falava sem microfones, e as 30 pessoas o ouviam muito bem. Ora! Mario Persona deve estar brincando. Ele estava numa sala pequena, num círculo de 30 pessoas bem próximas dele. É óbvio que ele era ouvido muito bem. Nessa situação (sala pequena e apenas 30 pessoas em forma de círculo, bem próximas do orador), é óbvio que não há prejuízo para o discurso. Coisa bem diferente, seria o Mario falando para um auditório mesmo com acústica para 300 pessoas. Ele não seria ouvido. Trago um exemplo aqui. Veja um trecho do vídeo em que o teólogo, psicanalista e escritor Rubem Alves dá uma palestra num auditório pequeno com uma boa acústica. Poucas pessoas estão naquele auditório. Veja bem o que o Rubem Alves está segurando com a mão esquerda. Olhe para a mão esquerda dele.
                Como você viu muito bem, Rubem Alves segura um microfone. Isso em um auditório fechado, com ar-condicionado e com poucas pessoas. Se o Rubem Alves soltasse o microfone, nenhuma pessoa da plateia o ouviria. Essa é a grande verdade!
                O Mario persona, em seu vídeo, traz o terceiro exemplo. E o azar dele é que essa experiência foi aqui, em Brasília, onde eu moro há 35 anos. Diz o Mário que, quando era jovem, esteve em Brasília, na Catedral. Ele, então, falou bem baixinho para a parede em um lado, e a irmã dele, do outro lado, a 60 metros de distância, ouviu o que Mario havia sussurrado. Ri muito com mais um exemplo do Mario. Ele é um brincalhão. Ora, no início desse vídeo falei sobre a foto do meu sobrinho Márcio que esteve recentemente em Brasília. Levei-o à Catedral. Eu conheço a Catedral de Brasília por dentro e por fora muito bem. Se você, que está assistindo a esse vídeo nesse momento, vier algum dia a Brasília, na entrada, avistará o altar. Chegue até ele e veja o que existe em cima dele. Você verá, de imediato, um grande microfone e uma Bíblia aberta. Em todas as missas, o padre segura primeiramente o microfone. Por quê? Ora, para que os fiéis, sentados nos bancos, possam ouvi-los. A Catedral tem capacidade para 4 mil pessoas. Se houver apenas 100 pessoas sentadas nos bancos, não conseguirão ouvir o padre falando sem microfone. Imagine 4 mil, 5 mil ou 10 mil pessoas. Na própria Catedral, existe a sala de som. O padre fala, o som entra no microfone, corre pelo fio, e cai em amplificadores que transportam o som em várias caixas. O Mario Persona é um brincalhão. Ele deve pensar que todo mundo é bobo como seus seguidores. Em seu vídeo, ele diz que falou para a parede e que foi ouvido por sua irmã a 60 metros. Tudo isso sem microfone. Ora, existe nas paredes laterais internas da Catedral espaços em vazio deixados justamente para esse efeito. Numa entrada, uma pessoa diz, por exemplo, “olá”. E, na outra saída, a pessoa ouve, mas ainda ouve mal um simples “olá”. Se o Mario Persona disser “hoje lerei a Bíblia”, do outro lado ninguém entenderá seu recado. Esses espaços vazios na parede funcionam como um cano pelo qual passa a água. Numa ponta uma pessoa fala, na outra ponta, uma pessoa ouve. Entendeu? Isso nada tem a ver com a fala do padre durante a missa. Se o padre soltar o microfone, nenhum fiel o ouvirá. Eis a verdade!
              E o vídeo do Marco Persona está com 6.815 visualizações. Como as pessoas adoram ser iludidas!
               

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