Eustáquio
Em meu vídeo de ontem, num
comentário, Edson Martins escreveu assim:
“Que me desculpem os que tem fé religiosa, mas os enxergo
como verdadeiros "débeis mentais"”
A observação feita
pelo Edson não é coisa nova. Sigmund Freud (1856 – 1939), o Pai da Psicanálise,
judeu e ateu, há quase um século, já afirmava tal coisa. Em seu livro “O futuro de uma ilusão”, editora
Pallotti, 2010, na página 110, acerca da religião, ele diz:
“(...) ela contém um sistema de ilusões de desejo com recusa da
realidade como apenas encontramos isolado na amência, uma confusão alucinatória
radiante.”
Assim, o homem religioso vive uma ilusão, recusa-se a ver a realidade
e tem comportamento semelhante ao de uma pessoa com amência, demência. Antes de
entrar no mérito do vídeo, você, que está assistindo a esse vídeo, pense na
seguinte situação: você está numa área pública aberta juntamente com 200
pessoas. Silêncio total. Aí você começa a falar. Quantas pessoas ouvirão você?
Com certeza, aquelas que estarão mais próximas de você, não é mesmo? Talvez,
umas 50 pessoas. As pessoas mais afastadas, por mais que você grite, não o ouvirão.
E veja que são apenas 200 pessoas. E suponha que sejam 10 mil pessoas. Imagine
você, num campo aberto, em cima de um monte, falando para 10 mil pessoas.
Quantas o ouvirão? Com certeza, apenas umas 10 pessoas ou 20. O restante, ou
seja, a quase totalidade das 10 mil pessoas não o ouvirão. Isso é a realidade,
isso é o óbvio. Para explicar melhor a situação, trago um exemplo vivenciado
por mim. Em 1985, em Fortaleza, no Ceará, eu estava cursando Letras na
Universidade Federal do Ceará. Estava no segundo ano do curso. Um cursinho
preparatório para a Escola Técnica Federal do Ceará estava precisando de um
professor de língua portuguesa. Apenas uma vaga. Inscreveram-se 7 candidatos. A
prova foi apenas uma aula. Cada candidato ia ao quadro e dava sua aula. Nas
cadeiras, o dono do cursinho, a secretária e alguns professores. Eu obtive a
primeira colocação. Fui professor lá durante um ano. As salas eram enormes, com
quase 100 alunos. Mesmo com as janelas fechadas e ar-condicionado, havia
necessidade do uso de microfones para que todos os alunos ouvissem. Sem o
microfone, jamais os alunos do fundo ouviriam o professor, isso numa sala
fechada e silenciosa. Imagine numa área pública. Pior ainda. Pois bem! Agora
que venha o mérito do vídeo!
O psiquiatra Augusto Cury,
ex-ateu, em seu livro “O Mestre Inesquecível”, editora
Sextante, 2006, na página 83, entre outras coisas, escreve o seguinte sobre
Jesus:
“Seus discursos e
sua didática magnetizavam as plateias. Era capaz de falar para milhares de
pessoas ao mesmo tempo. (...) Imagine o que é falar para um público misto e sem
microfone. Quase impossível! Mas Jesus falava com mestria para 10, mil ou 10
mil pessoas. Para isso procurava espaços abertos, sossegados e com boa
capacidade de difusão sonora. Seus discursos encantavam as multidões.”
Por favor, não
ria! Não ria! Augusto Cury diz que Jesus falava, sem microfone, para um público
imenso, 5 mil pessoas, 10 mil etc. E que, para ser ouvido por todos, procurava
lugares abertos, sossegados. É inacreditável que um psiquiatra tenha a coragem
de afirmar tal coisa, não é mesmo? É inacreditável!!!
Ora, ninguém pode levar a sério
os 4 evangelhos que estão no Novo Testamento. São relatos lendários, recheados
de ingenuidades de todas as espécies. E uma das ingenuidades é afirmar que
Jesus falava para multidões e que todos conseguiam ouvi-lo. E uma dessas
ingenuidades está no famoso sermão do monte, no evangelho de Mateus, capítulo
5. Veja o que diz o versículo 1:
“Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte, e,
como se assentasse, aproximaram-se os seus discípulos;”
Augusto Cury leu esse capítulo e chegou à conclusão de que Jesus
realmente falou para uma multidão. Jesus, num monte, e a multidão lá embaixo.
Na verdade, só quem o ouvia eram seus discípulos que estavam bem próximos dele.
As multidões nada ouviam por causa da distância e dos ventos. É inacreditável
que o psiquiatra tenha escrito que Jesus falava ao mesmo tempo para multidões,
sem microfone, e que era ouvido. E também ter escrito que em lugares abertos a
difusão sonora é melhor. Cury só pode estar brincando!
Já que estou tratando aqui
dessa fantasia bíblica de que Jesus falava para multidões, lembrei-me de um
filme fantástico que explora algumas fantasias em torno da figura de Jesus. O
filme se chama “A Vida de Brian”. Um filme
excelente! Numa cena, Jesus, num monte, está falando para uma multidão. O Brian
se junta à multidão, está bem distante de Jesus. E, como é óbvio, nada escuta.
E aí, nesse momento, ele grita bem alto para Jesus, dizendo, mais ou menos,
assim: “Mestre, mestre, fale mais alto que não estou escutando nada!” Que filme
inteligente, não é mesmo? Se o Augusto Cury tivesse assistido a esse filme,
talvez não tivesse escrito o que escreveu.
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