Eustáquio
Estou aqui com o livro “Por que Deus permite o sofrimento e o mal?”, escrito por
John Ankerberg e Dillon Burroughs, editora Holy Bible, 2010. Ankerberg é
norte-americano, da Igreja Batista, possui um mestrado em artes na história da
igreja, um mestrado em divindade e um doutorado em ministério. Seu companheiro
Dillon Burroughs é também norte-americano, batista, formado em teologia. Na
página 15, eles escrevem o seguinte:
“Jesus
deixou um exemplo perfeito desse amor ao ofertar sua vida por nós.”
Tenho dito
com frequência que os livros religiosos, principalmente os evangélicos, só
levam as pessoas ao erro e à ignorância. Em inúmeros vídeos, abordo vários livros
evangélicos, mostrando uma série de erros e absurdos. Aproveito a oportunidade
para analisar mais um desses absurdos que está presente no livro dos dois
teólogos norte-americanos.
John Ankerberg e Dillon
Burroughs afirmam que o Jesus das narrativas lendárias do Novo Testamento deu a
maior prova de amor, isto é, morreu pela humanidade. Ofertou sua vida. Eis mais
um absurdo do cristianismo.
O teólogo, psicanalista, escritor e
ex-pastor protestante Rubem Alves, no livro “É
uma pena não viver. Uma biografia de Rubem Alves”, de Gonçalo Junior, editora Planeta,
2015, na página 145, diz:
“A
teologia cristã é um edifício construído sobre o absurdo.”
E,
na página 163, continua:
“Onde
estava a minha inteligência? Tenho vergonha de haver acreditado no que
acreditei. (...) Joguei minha vida inteira nas ideias doidas.”
Sempre tenho
dito em meus vídeos que, para entender a Bíblia, é necessário conhecer os
costumes da sociedade hebraica (Velho Testamento) e da sociedade judaica (Novo
Testamento). Se uma pessoa desconhecer esses costumes, será facilmente levada
ao erro por escritores cristãos. A pergunta é: por que os cristãos dizem que
Jesus morreu pela humanidade, deu sua vida por nós? Eles inventaram essa
maluquice, ou foram buscá-la em algum lugar? A resposta é muito fácil: eles não
inventaram. Foram buscar em algum lugar! Mas onde? Ora, foram buscar nas
escrituras hebraicas, hoje, o Velho Testamento, que não é velho para os judeus.
Os cristãos que frequentam igrejas,
regra geral, não têm familiaridade com a Bíblia. Não a leem, não a estudam, não
a examinam a fundo. Eles acreditam piamente nos discursos dos líderes
religiosos, daí o fato de incorrerem em erros fantásticos. As escrituras
hebraicas são mais antigas do que todos os livros que estão no Novo Testamento.
Isto é, existiam há 4 mil anos antes do surgimento dos textos cristãos (Novo
Testamento). Para ser mais claro, quando os textos de Gênesis até Malaquias
foram escritos, não havia nenhum cristão na Terra, não existia o cristianismo. Quando
os cristãos apareceram na Terra, formaram seus livros (Novo Testamento) a
partir das escrituras hebraicas (Velho Testamento). Veja que sempre eles fazem
referências ao Velho Testamento. Sempre. Então, os cristãos primitivos tiveram
como fonte os livros que estão hoje no Velho Testamento. Por exemplo, quando os
cristãos dizem que Jesus ressuscitou, não estão afirmando coisa nova. Foram
buscar a ressurreição nas escrituras hebraicas, fantasia que era muito comum já
naquela época. Portanto, a ressurreição de mortos não foi uma fantasia criada
pelos cristãos, mas pelos hebreus.
E o mesmo fenômeno ocorreu com a
fantasia cristã de que Jesus morreu pela humanidade. Ou seja, de que Jesus foi
sacrificado em prol da humanidade. Essa maluquice os cristãos foram buscar
também nas escrituras hebraicas. Em todo o Velho Testamento, que não é velho
para os judeus, o sacrifício em prol da humanidade, do povo, está presente. Os
cristãos pegaram essa ideia absurda e a empregaram em Jesus. Veja, por exemplo, o
livro de Levítico, capítulo 9, versículo 2:
“E
disse a Arão: Toma um bezerro, para oferta pelo pecado, e um carneiro, para
holocausto, ambos sem defeito, e traze-os perante o Senhor.”
Nessa
passagem bíblica, o lendário Moisés diz a seu irmão Arão que ele deve pegar um
bezerro e um carneiro sem defeito, como oferta pelo pecado do povo. Repito:
quando esse texto foi escrito, não havia um cristão na Terra. Veja a ignorância
dos hebreus! Eles sacrificavam animais irracionais (e até seres humanos) como
oferta pelo pecado do povo. Eles sangravam os animais, e os ofertava ao deus
hebreu para que a divindade perdoasse os pecados do povo. Assim, os animais
irracionais eram sacrificados, eram ofertados em prol do povo. Morriam pelo
povo.
A partir do momento em que surgiram os cristãos, eles liam essas
passagens de sacrifícios com animais e as achavam uma coisa linda. E aí
empregaram o terrível sacrifício em Jesus. Eles diziam intimamente assim: se os
hebreus praticavam o sacrifício de animais em prol do povo, então vamos
praticar o sacrifício de Jesus também em prol do povo. E aí Jesus, um homem,
foi sacrificado para que o deus hebreu perdoasse os pecados da humanidade.
Entendeu? Veja que, no Velho Testamento, os animais sacrificados não deveriam
ter defeitos. E, na visão dos cristãos, Jesus não tinha defeitos. Daí, seu
sacrifício! Entendeu a ligação dos animais irracionais sem defeitos com o Jesus
sem defeitos? Veja o que
está no evangelho de João, capítulo 1, versículo 29:
“No
dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o cordeiro de
Deus, que tira o pecado do mundo.”
Aqui, já é um texto cristão, no Novo Testamento. Está dito que Jesus é
o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Ora, os cordeiros eram também
sacrificados pelos hebreus para que o deus hebreu tirasse o pecado do povo,
como vimos na passagem que está em levítico. Entendeu agora como os cristãos
foram buscar nas escrituras hebraicas essa maluquice do sacrifício de Jesus?
Além de ser uma maluquice, é uma visão errônea de justiça do homem antigo. Naquele
mundo profundamente atrasado, era comum pessoas inocentes pagarem pelas ações
de outras pessoas. E os cristãos pegaram carona nesse barco de atraso. É um
absurdo sacrificar a Jesus, um inocente sob a visão cristã, para que o deus
hebreu perdoasse o pecado da humanidade. É o justo pagando pelos pecadores!
Ora, em nosso mundo civilizado de hoje, ninguém aceita essa maluquice. Quem
comete um erro é que deve pagar por esse erro. Por exemplo, se um pai comete um
crime, somente ele deverá receber a punição. O Estado não vai sacrificar o
filho dele para que os pecados de seu pai sejam perdoados. Essa maluquice só
está na Bíblia e em livros muitos antigos.
Sempre tenho afirmado em meus vídeos que, você, que está assistindo a
esse vídeo nesse momento, possui um cérebro em sua cabeça. Ele não está lá para
separar suas orelhas, mas para que você pense, raciocine, medite, analise,
compare etc. Se você usá-lo na primeira modalidade, será facilmente enganado
por líderes cristãos.
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