segunda-feira, 28 de outubro de 2019

OS CRISTÃOS E A INFERIORIDADE DA MULHER




Eustáquio

                      O teólogo, psicanalista, escritor e ex-pastor protestante Rubem Alves, no livro É uma pena não viver. Uma biografia de Rubem Alves”, de Gonçalo Junior, editora Planeta, 2015, na página 145, diz:



                   “A teologia cristã é um edifício construído sobre o absurdo.”

                     
                       
                      Estou aqui com o livro “Por que Deus permite o sofrimento e o mal?”, escrito por John Ankerberg e Dillon Burroughs, editora Holy Bible, 2010. Ankerberg é norte-americano, da Igreja Batista, possui um mestrado em artes na história da igreja, um mestrado em divindade e um doutorado em ministério. Seu companheiro Dillon Burroughs é também norte-americano, batista, formado em teologia. Na página 29, eles escrevem o seguinte:


                 “É importante entender que nós vivemos em um mundo caído por causa dos nossos primeiros ancestrais, Adão e Eva, que escolheram desobedecer a Deus. Isso trouxe consequências negativas, incluindo (...) aumento das dores de parto (Gênesis 3:16)”


                 No vídeo de hoje, com o título “Os cristãos e as dores de parto”, fiz uma rápida análise acerca da afirmação acima dos dois teólogos evangélicos norte-americanos. No final do parágrafo, eles afirmam que o pecado praticado por Adão e Eva fez com que o deus hebreu aumentasse um pouquinho mais as dores de parto de Eva e, por extensão, de todas as mulheres. Por favor, não ria! Não ria! Seus risos atrapalham minha concentração aqui. Mais uma vez, sou obrigado a afirmar que Adão e Eva nunca existiram e que esses relatos são lendários, por isso mesmo, repletos de erros e ingenuidades. Até o papa Francisco tem esse conhecimento. Os dois teólogos evangélicos apresentaram apenas uma das duas punições do deus hebreu à mulher Eva. Eles nada comentaram sobre a outra punição, talvez ficaram envergonhados, mas eu vou mostrar. Trata-se da subordinação da mulher ao homem. Em Gênesis, capítulo 3, versículo 16, está escrito:

             “E à mulher disse: Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio de dores darás à luz filhos; o teu desejo será para o teu marido, e ele te governará.”

  
            No vídeo anterior já citado, fiz uma análise sobre as dores durante o parto. Farei agora algumas considerações sobre a segunda punição do deus hebreu à mulher Eva, e estendida a todas as mulheres, segundo a visão cristã. Os dois teólogos evangélicos, repito, nada comentaram em seu livro sobre essa segunda punição, talvez ficaram envergonhados. Antes de entrar no assunto, quero dizer uma coisa aos fiéis cristãos que frequentam igrejas e que lançam comentários em meus vídeos. Nada tenho contra vocês. Eu os vejo como vítimas do sistema religioso. Meu trabalho aqui é conscientizar pessoas que queiram conhecer um pouco mais acerca de Bíblia, de cristianismo. Sou contra as mentiras do sistema religioso, contra a exploração de pessoas ingênuas. Meu canal é 100% democrático. Não apago comentário algum por mais infantil que seja. Estou aberto a todos.
               Muito bem! Veja a segunda punição do deus hebreu à mulher Eva, que está no livro de Gênesis:

              O teu desejo será para o teu marido, e ele te governará.”


                A pergunta é a seguinte: por que, na Bíblia, o deus hebreu decretou a subordinação da mulher ao homem? Por que o deus hebreu disse que o desejo da mulher será para seu marido e que ele a governará? A resposta é facílima, mais fácil que empurrar um bêbado em ladeira. Tenho dito com frequência que, para alguém entender a Bíblia, é necessário conhecer os costumes da sociedade hebraica daquela época. Se não conhecer os costumes, jamais entenderá o livro que os cristãos consideram “sagrado”. Qualquer historiador sabe muito bem que a sociedade dos hebreus era patriarcal. Numa sociedade patriarcal, é o homem, o macho, que predomina, em detrimento da mulher, da fêmea. Ao homem, tudo! À mulher, nada! Na sociedade bíblica, o papel da mulher era parir e ficar no lar, cuidando dos filhos. Ela devia obediência cega ao marido. Não podia sair de casa sem a autorização marital. Se quisesse aprender alguma coisa, que procurasse seu esposo. Fora de casa, não podia abrir a boca. Se tivesse irmãos, não podia herdar etc. Esse era o triste quadro da mulher no mundo da Bíblia. É justamente por isso que ela aparece como um ser inferior ao homem, sendo reduzida a quase um mero objeto.
           Uma coisa é o mundo da Bíblia. Coisa bem diferente é o nosso mundo de hoje, principalmente nos países democráticos. Se o hebreu que escreveu esses versículos, reduzindo o valor da mulher, vivesse hoje no Brasil, com certeza, iria escrever coisa bem diferente sobre ela. Iria registrar que a mulher não tem o desejo direcionado para o marido, nem é governada por ele. Iria também escrever que a mulher tem os mesmos direitos garantidos ao homem por força da Constituição Federal. Isto é, o hebreu teria uma visão bem diferente da mulher.
              É fácil ver que, na lenda bíblica, mais uma vez, falhou a punição do deus hebreu que, segundo a visão cristã, foi estendida para todas as mulheres que viessem a surgir depois da lendária Eva. Um universo de mulheres escapou da punição. Um número incontável de esposas têm desejo próprio e não estão subordinadas ao esposo. Estudam, trabalham, exercem cargos de liderança, comandando até homens. Veja, como exemplo, a situação da mulher no Brasil, e a situação da mulher na Arábia Saudita, país que governa sob regime religioso. No Brasil, homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações. Na Arábia Saudita, as mulheres são subordinadas aos homens e quase não possuem direitos. Só para você ter uma ideia do atraso naquele país, há apenas dois anos é que as mulheres conseguiram o direito de dirigir um automóvel. Que atraso, não é mesmo? E o mundo da Bíblia era pior ainda para as mulheres do que a Arábia Saudita de hoje. 

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