Eustáquio
O teólogo, psicanalista, escritor e
ex-pastor protestante Rubem Alves, no livro “É
uma pena não viver. Uma biografia de Rubem Alves”, de Gonçalo Junior, editora Planeta,
2015, na página 145, diz:
“A
teologia cristã é um edifício construído sobre o absurdo.”
Estou aqui com o livro “Por que Deus permite o sofrimento e o mal?”, escrito por
John Ankerberg e Dillon Burroughs, editora Holy Bible, 2010. Ankerberg é
norte-americano, da Igreja Batista, possui um mestrado em artes na história da
igreja, um mestrado em divindade e um doutorado em ministério. Seu companheiro
Dillon Burroughs é também norte-americano, batista, formado em teologia. Na
página 29, eles escrevem o seguinte:
“É
importante entender que nós vivemos em um mundo caído por causa dos nossos
primeiros ancestrais, Adão e Eva, que escolheram desobedecer a Deus. Isso
trouxe consequências negativas, incluindo (...) aumento das dores de parto
(Gênesis 3:16)”
No vídeo de
hoje, com o título “Os cristãos e as dores de parto”, fiz uma
rápida análise acerca da afirmação acima dos dois teólogos evangélicos
norte-americanos. No final do parágrafo, eles afirmam que o pecado praticado
por Adão e Eva fez com que o deus hebreu aumentasse um pouquinho mais as dores
de parto de Eva e, por extensão, de todas as mulheres. Por favor, não ria! Não ria! Seus risos
atrapalham minha concentração aqui. Mais uma vez, sou obrigado a afirmar que
Adão e Eva nunca existiram e que esses relatos são lendários, por isso mesmo,
repletos de erros e ingenuidades. Até o papa Francisco tem esse conhecimento. Os
dois teólogos evangélicos apresentaram apenas uma das duas punições do deus
hebreu à mulher Eva. Eles nada comentaram sobre a outra punição, talvez ficaram
envergonhados, mas eu vou mostrar. Trata-se da subordinação da mulher ao homem.
Em Gênesis, capítulo 3, versículo 16, está escrito:
“E à
mulher disse: Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio
de dores darás à luz filhos; o teu desejo será para o teu marido, e ele te
governará.”
No vídeo
anterior já citado, fiz uma análise sobre as dores durante o parto. Farei agora
algumas considerações sobre a segunda punição do deus hebreu à mulher Eva, e
estendida a todas as mulheres, segundo a visão cristã. Os dois teólogos
evangélicos, repito, nada comentaram em seu livro sobre essa segunda punição,
talvez ficaram envergonhados. Antes de entrar no assunto, quero dizer uma coisa
aos fiéis cristãos que frequentam igrejas e que lançam comentários em meus
vídeos. Nada tenho contra vocês. Eu os vejo como vítimas do sistema religioso.
Meu trabalho aqui é conscientizar pessoas que queiram conhecer um pouco mais
acerca de Bíblia, de cristianismo. Sou contra as mentiras do sistema religioso,
contra a exploração de pessoas ingênuas. Meu canal é 100% democrático. Não
apago comentário algum por mais infantil que seja. Estou aberto a todos.
Muito bem! Veja a segunda
punição do deus hebreu à mulher Eva, que está no livro de Gênesis:
“O teu desejo será para o teu marido, e ele te governará.”
A pergunta é
a seguinte: por que, na Bíblia, o deus hebreu decretou a
subordinação da mulher ao homem? Por que o deus hebreu disse que o desejo da mulher será para seu
marido e que ele a governará? A resposta é facílima, mais fácil que
empurrar um bêbado em ladeira. Tenho dito com frequência que, para alguém
entender a Bíblia, é necessário conhecer os costumes da sociedade hebraica
daquela época. Se não conhecer os costumes, jamais entenderá o livro que os
cristãos consideram “sagrado”. Qualquer historiador sabe muito bem que a
sociedade dos hebreus era patriarcal. Numa sociedade patriarcal, é o homem, o
macho, que predomina, em detrimento da mulher, da fêmea. Ao homem, tudo! À mulher,
nada! Na sociedade bíblica, o papel da mulher era parir e ficar no lar,
cuidando dos filhos. Ela devia obediência cega ao marido. Não podia sair de
casa sem a autorização marital. Se quisesse aprender alguma coisa, que
procurasse seu esposo. Fora de casa, não podia abrir a boca. Se tivesse irmãos,
não podia herdar etc. Esse era o triste quadro da mulher no mundo da Bíblia. É
justamente por isso que ela aparece como um ser inferior ao homem, sendo
reduzida a quase um mero objeto.
Uma coisa é o mundo da Bíblia. Coisa
bem diferente é o nosso mundo de hoje, principalmente nos países democráticos.
Se o hebreu que escreveu esses versículos, reduzindo o valor da mulher, vivesse
hoje no Brasil, com certeza, iria escrever coisa bem diferente sobre ela. Iria
registrar que a mulher não tem o desejo direcionado para o marido, nem é
governada por ele. Iria também escrever que a mulher tem os mesmos direitos
garantidos ao homem por força da Constituição Federal. Isto é, o hebreu teria
uma visão bem diferente da mulher.
É fácil ver que, na lenda
bíblica, mais uma vez, falhou a punição do deus hebreu que, segundo a visão
cristã, foi estendida para todas as mulheres que viessem a surgir depois da
lendária Eva. Um universo de mulheres escapou da punição. Um número incontável
de esposas têm desejo próprio e não estão subordinadas ao esposo. Estudam,
trabalham, exercem cargos de liderança, comandando até homens. Veja, como
exemplo, a situação da mulher no Brasil, e a situação da mulher na Arábia
Saudita, país que governa sob regime religioso. No Brasil, homens e mulheres
são iguais em direitos e obrigações. Na Arábia Saudita, as mulheres são
subordinadas aos homens e quase não possuem direitos. Só para você ter uma
ideia do atraso naquele país, há apenas dois anos é que as mulheres conseguiram
o direito de dirigir um automóvel. Que atraso, não é mesmo? E o mundo da Bíblia
era pior ainda para as mulheres do que a Arábia Saudita de hoje.
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