Eustáquio
Antes de entrar no mérito do
vídeo de hoje, um recadinho para você. Já conhece o canal “Foco nas ideias responde”? Se não o conhece, você não tem a menor ideia do que
está perdendo. Trata-se de um canal criado por Ana Cristina Pereira, advogada
trabalhista, graduada em sociologia e filosofia. Ana aborda as mais variadas questões
jurídicas numa linguagem simples, ao alcance de todos. Dúvidas relativas a
direitos são muito comuns, qualquer pessoa as têm. E o canal da Ana está aí
para dissipá-las.
Vamos ao vídeo
propriamente dito. Tenho dito com frequência que a Bíblia, de Gênesis ao
Apocalipse, está repleta de lendas, mitos, alegorias, fábulas, contradições,
discrepâncias, erros etc. E tudo isso é do conhecimento de estudiosos bíblicos
sérios. E, lamentavelmente, não é do conhecimento dos fiéis cristãos que
frequentam igrejas, principalmente, evangélicas. Esses fiéis veem a Bíblia de
forma completamente errônea, pensando que ela é a palavra de Deus, não
apresentando lenda alguma, erro algum, contradição alguma.
Nos vídeos anteriores,
mostramos algumas passagens da lenda de Adão e Eva no Jardim do Éden. E nesse
vídeo veremos mais uma passagem. Estou aqui com o livro “A Bíblia hoje --- Documentação de
História, Geografia, Arqueologia”, de Alfred Läpple, Edições Paulinas, 1979. Alfred Läpple foi um
fervoroso sacerdote católico alemão, com doutorado em Teologia, autor de
inúmeros livros, tendo nascido em 1915, e falecido em 2013. Era um dos grandes
amigos de Joseph Ratzinger, o papa Bento XVI. Sobre a Bíblia, na página 37,
Läpple escreve o seguinte:
“Para designar os onze primeiros
capítulos do Gênesis, é frequente o uso da expressão ‘pré-história bíblica”.
Ela não é muito feliz, pois pode fazer pensar que se encontre nesta parte da
Bíblia material interessante sobre a história da Terra e sobre a origem do
homem. É preciso esclarecer, porém, desde do início, que a Bíblia não é um
manual de física, de geologia ou de biologia.”
Veja que Alfred Läpple não era um ateu. Longe
disso! Era um cristão católico fervoroso. Apaixonadíssimo pela doutrina da
Igreja Católica Apostólica Romana. Mas veja bem o que ele acabou de afirmar.
Ele disse que, por exemplo, os 11 primeiros capítulos de Gênesis não são um estudo
sério sobre a origem do homem e sobre a história da Terra. E disse mais: que a
Bíblia não é um manual de física, geologia ou biologia. Assim, ninguém deve
levar a sério, ao pé da letra, aquilo que está em Gênesis, no tocante aos
relatos da criação, de Adão e Eva no Jardim do Éden, de Abel e Caim, de Noé e o
Dilúvio, da Torre de Babel. Parabéns ao sacerdote católico por essa afirmação. Na
verdade, as lendas e os mitos infestam a Bíblia, de Gênesis ao Apocalipse.
Inúmeras narrativas bíblicas não são fatos reais, que realmente ocorreram, mas
criados sob a visão dos escritores hebreus da época. Até o papa Francisco, que
também era muito amigo de Läpple, sabe que nunca existiu Adão, Eva e Jardim do
Éden. Que aqueles relatos foram criados por algum hebreu, seguindo sua
imaginação. Por isso mesmo, os relatos estão repletos de erros e ingenuidades.
E, nesse vídeo, mostraremos mais uma. Em Gênesis, capítulo 2, versículos 19 e
20, está escrito:
“19 Havendo, pois, o Senhor Deus
formado da terra todos os animais do campo e todas as aves dos céus, trouxe-os
ao homem para ver como este lhes chamaria; e o nome que o homem desse a todos
os seres viventes, esse seria o nome deles.
20 Deu nome o homem a todos os
animais domésticos, às aves dos céus e a todos os animais selváticos...”
Percebeu a ingenuidade do relato lendário bíblico, não é mesmo? Ora,
nesse segundo relato da criação, que está em Gênesis, capitulo 2, um hebreu,
que não foi Moisés, escreveu que Adão arranjou um nome para todos os seres
vivos. Você notou a infantilidade do relato? O escritor hebreu, na maior
inocência, colocou todos os animais da Terra bem pertinho de Adão. Cada animal
ia passando diante de Adão, e este lhe dava um nome. Percebeu a ingenuidade,
não é mesmo? Imagine mais de dois milhões de animais desfilando diante de Adão
para receber um nome! Esse texto bíblico é mais um que poderia estar em
qualquer livro infantil, destinado a crianças, não é mesmo? Na verdade, nenhum
lugar do planeta Terra agasalha todos os seres vivos. Há milhares de animais
que só vivem em determinados lugares, ausentando-se de outros. No Brasil, por
exemplo, você não encontra sequer um urso polar. Nem um elefante, nem um
camelo. Esses são animais que vivem em outras regiões, de acordo com o clima e
vegetação. E outra ingenuidade do relato lendário bíblico é que milhares de seres
vivos não são vistos a olho nu pelo homem. É necessário o uso de microscópio
para que o homem veja esses seres de tamanho muito pequeno. Na lenda, o Adão,
obviamente, não conseguia ver os ácaros, que só são vistos por microscópios.
Imagine os seres que vivem no mar. Milhares que nem aparecem na superfície. Imagine
o Adão mergulhando em águas profundas e dando nome a cada bichinho. É, ou não
é, um relato infantil? Claro que é! Por isso mesmo, o cristão católico fervoroso
Alfred Läpple afirmou que ninguém deve buscar na Bíblia aulas de física,
geologia, biologia etc.
Infelizmente, os
fiéis que vão a igrejas não são orientados nesse sentido porque, do contrário,
não haveria uma igreja de pé. E os evangélicos são piores ainda porque, quando
leem a Bíblia, o fazem ao pé da letra. Eles acreditam piamente que realmente
Adão deu nome a todos os seres vivos da Terra. Quanta ignorância! Na verdade, o
hebreu escreveu assim para dizer que é o homem, no sentido geral, que põe nome
a todos os animais, já que os animais irracionais não falam. Mas esse homem não
é aquele Adão da lenda. Só isso, e nada mais!
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