Eustáquio
Em seu fantástico livro “O Mestre Inesquecível”,
editora Sextante, 2006, o psiquiatra Augusto Cury, ex-ateu, na página 51, entre
outras coisas, escreve acerca de Jesus:
“Jesus falava de uma liberdade
poética. Não pressionava ninguém a segui-lo. (...) Se quisessem segui-lo, tinha
de ser por amor.”
Ora, mais uma afirmação de Augusto Cury que não
encontra apoio nos 4 evangelhos do Novo Testamento. A palavra “liberdade” não
existe nos dicionários das religiões. Como já dizia o intelectual britânico e
norte-americano ateu Christopher Hitchens, falecido em 2011, “a religião envenena tudo”. Ao longo das narrativas lendárias dos
evangelhos, não existe essa liberdade, principalmente, poética, a que se refere
o Cury.
Antes de entrar nos
4 evangelhos, vejamos a Constituição do Brasil, art. 5º, VI:
“É inviolável a liberdade de
consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas
liturgias.”
Como se vê facilmente, a Constituição federal do
Brasil levanta a bandeira a favor da liberdade, e no caso, da liberdade de
crença. Em todo o território brasileiro, qualquer pessoa pode ter a crença
religiosa que lhe convém, pode acreditar em qualquer deus ou deusa, pode
prestar cultos a quaisquer divindades. Isso, sim, se chama liberdade.
Augusto Cury diz que
Jesus falava de uma liberdade poética,
não pressionava ninguém para segui-lo. Se quisessem segui-lo, que fosse por
amor. Será que é isso mesmo o que dizem os 4 evangelhos? Vejamos, por exemplo,
o evangelho de Marcos, capítulo 16, versículos 15 e 16:
“15 E disse-lhes: Ide por todo o
mundo e pregai o evangelho a toda criatura.
16 Quem crer e for batizado será
salvo; quem, porém, não crer será condenado.”
Essa passagem trata da lendária ressurreição de Jesus. Ao ressuscitar,
Jesus se encontra com os onze discípulos. Onze porque Judas Iscariotes já havia
morrido. Jesus diz a eles que devem pregar sua doutrina pelo mundo. Quem crer
nela será salvo. E quem não crer será condenado ao inferno para sempre. Como se
vê também facilmente, não existe essa liberdade poética de Jesus, nos 4
evangelhos, como afirma o Augusto Cury. Compare essa passagem atribuída a Jesus
com o artigo da Constituição. A Constituição federal, sim, prega e protege a liberdade
de crença. Ninguém em território brasileiro sofrerá punição alguma por ter uma
crença religiosa qualquer. Todos são livres para crer em que quiserem. Com
Jesus, a coisa é diferente. Jesus diz que, quem crer em sua doutrina, será
salvo, isto é, não sofrerá punição alguma. Porém, quem não crer será condenado
eternamente ao fogo do inferno. Percebeu como não existe essa liberdade poética
nos discursos de Jesus, como afirma o Augusto Cury? Você, que está assistindo a
esse vídeo nesse momento, cuidado com o que lê ou vê. Em sua cabecinha, existe
um cérebro. Ele não está lá para separar as orelhas, mas para que você
raciocine, pense, medite, analise, compare etc. Se você utilizar esse cérebro
apenas para separar suas orelhas, será facilmente enganado por espertalhões ávidos
por dinheiro. Pense bem nisso!
Vejamos mais um
exemplo bíblico. No evangelho de Mateus, capítulo 10, versículo 37, mais uma
frase atribuída a Jesus:
“Quem ama seu pai ou sua mãe mais
do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a
mim não é digno de mim.”
Quem escreveu essa passagem bíblica não tinha a
menor ideia do amor familiar, do amor entre pais e filhos. Não se mede amor
familiar. Não existe essa exigência de um pai ou uma mãe amar mais um filho do
que ao outro. E pior ainda: de pais amarem mais a Jesus do que aos seus
próprios filhos, ou os filhos amarem mais a Jesus do que aos seus próprios
pais. Mais uma vez, Jesus aparece contra a liberdade. Regra geral, os filhos
são as pessoas que os pais mais amam no mundo. E os pais são as pessoas que os
filhos mais amam no mundo. Exigir que pais ou filhos amem mais a Jesus, além de
absurdo, é apagar qualquer vestígio de liberdade.
E mais um exemplo. No
evangelho de Mateus, capítulo 10, versículos 14 e 15, Jesus diz a seus 12
discípulos:
“14 Se alguém não vos receber, nem
ouvir as vossas palavras, ao sairdes daquela casa ou daquela cidade, sacudi o
pó dos vossos pés.
15 Em verdade vos digo que menos
rigor haverá para Sodoma e Gomorra, no Dia do Juízo, do que para aquela cidade.”
Nessa passagem bíblica, Jesus diz
a seus 12 discípulos que eles devem ir a várias cidades, batendo de porta em
porta. Quem abrir a porta para ouvir os discípulos, será salvo. Quem não abrir
a porta, será condenado. Percebeu como não existe liberdade alguma nos
discursos de Jesus, como afirmou o psiquiatra ex-ateu Augusto Cury?
Nada existe de mais
belo que a verdade, não é mesmo? Você, que está assistindo a esse vídeo nesse
momento, imagine que esteja em sua casa, num domingo pela manhã, e aparecem fiéis
de uma igreja cristã qualquer, batendo palmas diante do portão, só para
atrapalhar seu sono. Você não abre a porta para eles. Segundo a visão de Jesus,
você está condenado a sofrer eternamente no fogo do inferno. Percebeu como não
existe liberdade de crença nos discursos de Jesus, como afirma o Augusto Cury?
Se o Augusto Cury,
realmente, quiser ver um modelo de liberdade na pura acepção da palavra, que
procure a Constituição federal.
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