segunda-feira, 21 de outubro de 2019

AUGUSTO CURY E A LIBERDADE DE JESUS




                                                                                                              Eustáquio


            
                 Em seu fantástico livro “O Mestre Inesquecível”, editora Sextante, 2006, o psiquiatra Augusto Cury, ex-ateu, na página 51, entre outras coisas, escreve acerca de Jesus:



               “Jesus falava de uma liberdade poética. Não pressionava ninguém a segui-lo. (...) Se quisessem segui-lo, tinha de ser por amor.”



               Ora, mais uma afirmação de Augusto Cury que não encontra apoio nos 4 evangelhos do Novo Testamento. A palavra “liberdade” não existe nos dicionários das religiões. Como já dizia o intelectual britânico e norte-americano ateu Christopher Hitchens, falecido em 2011, “a religião envenena tudo”. Ao longo das narrativas lendárias dos evangelhos, não existe essa liberdade, principalmente, poética, a que se refere o Cury.
              Antes de entrar nos 4 evangelhos, vejamos a Constituição do Brasil, art. 5º, VI:



             “É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias.”



              Como se vê facilmente, a Constituição federal do Brasil levanta a bandeira a favor da liberdade, e no caso, da liberdade de crença. Em todo o território brasileiro, qualquer pessoa pode ter a crença religiosa que lhe convém, pode acreditar em qualquer deus ou deusa, pode prestar cultos a quaisquer divindades. Isso, sim, se chama liberdade.
           Augusto Cury diz que Jesus falava de uma liberdade poética, não pressionava ninguém para segui-lo. Se quisessem segui-lo, que fosse por amor. Será que é isso mesmo o que dizem os 4 evangelhos? Vejamos, por exemplo, o evangelho de Marcos, capítulo 16, versículos 15 e 16:



          “15 E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura.
            16 Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado.”



            Essa passagem trata da lendária ressurreição de Jesus. Ao ressuscitar, Jesus se encontra com os onze discípulos. Onze porque Judas Iscariotes já havia morrido. Jesus diz a eles que devem pregar sua doutrina pelo mundo. Quem crer nela será salvo. E quem não crer será condenado ao inferno para sempre. Como se vê também facilmente, não existe essa liberdade poética de Jesus, nos 4 evangelhos, como afirma o Augusto Cury. Compare essa passagem atribuída a Jesus com o artigo da Constituição. A Constituição federal, sim, prega e protege a liberdade de crença. Ninguém em território brasileiro sofrerá punição alguma por ter uma crença religiosa qualquer. Todos são livres para crer em que quiserem. Com Jesus, a coisa é diferente. Jesus diz que, quem crer em sua doutrina, será salvo, isto é, não sofrerá punição alguma. Porém, quem não crer será condenado eternamente ao fogo do inferno. Percebeu como não existe essa liberdade poética nos discursos de Jesus, como afirma o Augusto Cury? Você, que está assistindo a esse vídeo nesse momento, cuidado com o que lê ou vê. Em sua cabecinha, existe um cérebro. Ele não está lá para separar as orelhas, mas para que você raciocine, pense, medite, analise, compare etc. Se você utilizar esse cérebro apenas para separar suas orelhas, será facilmente enganado por espertalhões ávidos por dinheiro. Pense bem nisso!
              Vejamos mais um exemplo bíblico. No evangelho de Mateus, capítulo 10, versículo 37, mais uma frase atribuída a Jesus:



              “Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim.”



               Quem escreveu essa passagem bíblica não tinha a menor ideia do amor familiar, do amor entre pais e filhos. Não se mede amor familiar. Não existe essa exigência de um pai ou uma mãe amar mais um filho do que ao outro. E pior ainda: de pais amarem mais a Jesus do que aos seus próprios filhos, ou os filhos amarem mais a Jesus do que aos seus próprios pais. Mais uma vez, Jesus aparece contra a liberdade. Regra geral, os filhos são as pessoas que os pais mais amam no mundo. E os pais são as pessoas que os filhos mais amam no mundo. Exigir que pais ou filhos amem mais a Jesus, além de absurdo, é apagar qualquer vestígio de liberdade.
            E mais um exemplo. No evangelho de Mateus, capítulo 10, versículos 14 e 15, Jesus diz a seus 12 discípulos:



           “14 Se alguém não vos receber, nem ouvir as vossas palavras, ao sairdes daquela casa ou daquela cidade, sacudi o pó dos vossos pés.
             15 Em verdade vos digo que menos rigor haverá para Sodoma e Gomorra, no Dia do Juízo, do que para aquela cidade.”



            Nessa passagem bíblica, Jesus diz a seus 12 discípulos que eles devem ir a várias cidades, batendo de porta em porta. Quem abrir a porta para ouvir os discípulos, será salvo. Quem não abrir a porta, será condenado. Percebeu como não existe liberdade alguma nos discursos de Jesus, como afirmou o psiquiatra ex-ateu Augusto Cury?
            Nada existe de mais belo que a verdade, não é mesmo? Você, que está assistindo a esse vídeo nesse momento, imagine que esteja em sua casa, num domingo pela manhã, e aparecem fiéis de uma igreja cristã qualquer, batendo palmas diante do portão, só para atrapalhar seu sono. Você não abre a porta para eles. Segundo a visão de Jesus, você está condenado a sofrer eternamente no fogo do inferno. Percebeu como não existe liberdade de crença nos discursos de Jesus, como afirma o Augusto Cury?
                Se o Augusto Cury, realmente, quiser ver um modelo de liberdade na pura acepção da palavra, que procure a Constituição federal.

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