Eustáquio
Inicio esse vídeo novamente
com o comentário feito pelo Valdenir Félix, em meu vídeo com o título “Deus é...é...é”:
“Pois
é, digníssimo mestre, se tais atrocidades estivessem escritas em qualquer outro
livro religioso, provavelmente os crentes sentiriam repulsa, asco... mas como
está na bíblia... deixa o pau torar, ..." a ignorância é uma bênção".
Valdenir Félix fica indignado com o comportamento dos cristãos. Segundo
ele, diante de um fato monstruoso fora da Bíblia, os cristãos se manifestam
contrariamente com todo fervor. Porém, se o mesmo fato monstruoso estiver na
Bíblia, os cristãos ficam cegos, a ponto de não vê-los. E pior: chegam até a
exaltá-los, a comemorá-los.
Antes
de entrar na Bíblia, narro um fato real ocorrido em Fortaleza, há, mais ou
menos, 15 anos. Dona Salete é uma amiga de longa data. Hoje, está com 80 anos
de idade, casada, com 4 filhos. Mora em Fortaleza, perto da casa de uma das
minhas irmãs. Sempre que vou à capital cearense, visito-a. Ela teve 6 filhos.
Há 15 anos, perdeu tragicamente 2 filhos: o Ivan, e o Jeovan. Ambos eram amigos
meus de adolescência, em Sobral, minha terra natal. Antes da perda dos filhos,
Dona Salete era uma mulher bastante ativa. Artista de primeira qualidade:
pintava quadros e tecidos, costurava, bordava, fazia tapetes etc. Ganhava um
bom dinheiro com seu trabalho. Num dia muito triste, em Fortaleza, tudo mudou.
Seus filhos Ivan e Jeovan, com idades aproximadas de 21 e 24 anos,
estavam num carro com mais dois amigos. Era uma madrugada. Por motivo
desconhecido para mim, a polícia militar passou a segui-los. Ivan, na direção
do carro, apertou o acelerador para fugir dos policiais. Mais à frente, sem
saída, o carro caiu num canal. Os irmãos Ivan e Jeovan morreram na hora. Os 2
amigos escaparam com leves ferimentos. Imagine o quadro trágico na casa de Dona
Salete: dois caixões na sala, dois filhos mortos. Que dor insuportável, não é
mesmo? Dona Salete, a mãe, desmaiou várias vezes durante o cortejo fúnebre. Duas
semanas depois do sepultamento dos dois filhos, sofreu um derrame que a colocou
eternamente numa cadeira de rodas. A partir daí, nunca mais voltou a trabalhar.
Seus braços ficaram inertes. E tudo isso sobreveio porque perdeu os dois
queridos filhos. Casos idênticos ao de dona Salete são muitos pelo Brasil
afora. Você, que está assistindo a esse vídeo nesse momento, é mãe? Tem filhos?
Imagine perder um de seus filhos. Ou dois. Só em pensar, você, que é mãe, já
sente uma coisa ruim, não é mesmo?
Saio agora da realidade, da vida real, para entrar na Bíblia. Pegarei a
lenda bíblica de Jó. O personagem de Jó nunca existiu. Mas analisarei um pouco
a mentalidade do hebreu que escreveu o que está ali. No relato lendário, Jó era
um homem temente ao deus hebreu. Deus o amava porque era um homem íntegro e
reto. Deus dera a Jó, como gratidão, uma riqueza estupenda. Possuía 7 mil
ovelhas, 3 mil camelos, 500 juntas de bois, 500 jumentas, inúmeros escravos
etc. E tinha 10 filhos (7 homens e 3 mulheres).
Num dia qualquer, Satanás veio ao encontro do deus hebreu. Deus
aproveita a ocasião, perguntando a Satanás se havia visto na Terra o fiel Jó.
Satanás diz ao deus hebreu que o Jó é um servo fiel a ele porque recebeu de
Deus muitos bens. E Satanás propõe uma aposta a Deus: se o deus hebreu permitir
que Jó perca tudo o que tem, com certeza, ele blasfemará contra o próprio Deus.
Deus, então, topa a aposta de Satanás. Permite que Satanás tire tudo de Jó. O
pobre Jó, na Terra, não tem a menor ideia do acordo macabro entre o deus hebreu
e o Satanás. No decorrer da narrativa, Jó perde tudo, mas não blasfema contra o
deus hebreu. Entre as perdas, os 10 filhos. Você, que está assistindo a esse
vídeo, viu que minha amiga dona Salete perdeu 2 filhos, e ficou inutilizada
para a resto da vida. Na lenda bíblica, Jó perde não 2, mas 10 filhos, e os
perde simplesmente porque o deus hebreu resolveu fazer uma aposta terrível com
o Satanás. Não perdeu os 10 filhos em acidente de carro, depois de uma
perseguição policial. Perdeu os 10 filhos só para satisfazer um mero capricho
do deus hebreu que queria ganhar a aposta feita por Satanás. Que acordo
diabólico, hediondo, não é mesmo? No final da lenda, o deus hebreu, diante da
obediência de Jó, resolve premiá-lo, dando-lhe em dobro tudo o que possuía
antes, inclusive mais 10 filhos. E o pior vem agora: nas igrejas cristãs,
principalmente evangélicas, pastores pregam que o deus hebreu é maravilhoso, de
uma bondade sem fim. Eles dizem que o deus hebreu tirou tudo de Jó, mas, no
final, devolveu-lhe tudo em dobro. E os fiéis gritam em alto som: “Oh, Deus, como tu és maravilhoso!!!”
Veja que dona Salete se acabou depois da perda dos
2 filhos. Perder um filho não é tarefa fácil, imagine 2, 3, 10. Imagine, você
perder todos os seus filhos! Que coisa horrível, não é mesmo? Quando uma mãe
perde um filho, levará essa dor até o último dia de sua vida. Essa mãe poderá
ter outro filho, ou dois, ou três. Jamais, jamais o surgimento de outros filhos
diminuirá a dor sentida pelo falecimento de outros filhos. Quem escreveu essa
lenda de Jó não tinha a menor ideia da dimensão de amor entre pais e filhos. Seres
humanos não são objetos que podem ser substituídos facilmente. Se uma pessoa
possui um carro, e o perde num acidente ou num furto, amanhã comprará outro e
tudo bem porque é um mero objeto. É uma coisa substituível. O ser humano, não!
Se uma mãe perde um filho, jamais aquela perda poderá ser substituída pelo
surgimento de um novo filho. Filhos não são objetos, descartáveis, que podem
ser substituídos a qualquer hora, como insinua o escritor hebreu que escreveu
essa lenda maluca de Jó.
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