Eustáquio
Em seu
livro “O Mestre Inesquecível”,
editora Sextante, 2006, na página 20, o psiquiatra, ex-ateu, Augusto Cury
escreve:
“A inteligência de Jesus era
assombrosa.”
O Jesus a que se refere Cury é o das narrativas dos
4 evangelhos que estão no Novo Testamento (Mateus, Marcos, Lucas e João). Cury
andou lendo esses evangelhos e chegou à conclusão de que Jesus possuía uma
inteligência assombrosa. Vamos, mais uma vez, verificar a procedência da
afirmação de Cury.
No evangelho de
Mateus, capítulo 9, versículo 2, está escrito:
“E eis que lhe trouxeram um
paralítico deitado num leito. Vendo-lhe a fé, Jesus disse ao paralítico: Tem
bom ânimo, filho; estão perdoados os teus pecados.”
No relato lendário bíblico, Jesus cura um
paralítico e lhe diz que seus pecados estão perdoados. Por que Jesus disse que
os pecados do paralítico estavam perdoados? Por quê? Você sabe me dizer? Ora,
por que, naquela época de profundo atraso, o povo era tão ignorante que
associava doenças e enfermidades a pecados. E os cristãos eram especialistas
nessa área, razão pela qual Jesus fez a afirmação acima. Ora, uma pessoa
inteligente jamais fará essa associação porque não tem fundamentação alguma. Doenças
e enfermidades nada têm a ver com a prática de ações proibidas. Além do mais,
não são exclusivas do homem. Animais irracionais, que obviamente não “pecam”,
padecem também de doenças e enfermidades. Uma amiga minha, que mora em
Fortaleza, tem uma cadela chamada Keite, com 11 anos de idade. Keite está muito
doente, com um câncer em estado terminal. É um animal irracional, nunca “pecou”,
porém está com uma doença incurável, à beira da morte. É fácil ver que as
pessoas adoecem e morrem, não por que são pecadoras, mas em razão de serem
seres vivos. Percebeu como o mundo da Bíblia era de profunda ignorância? No
Velho Testamento, que não é velho para os judeus, quando uma epidemia qualquer matava
vários hebreus numa aldeia, eles diziam que era o deus hebreu agindo contra a
desobediência do povo de Israel. Da mesma forma, os cristãos no Novo
Testamento. Quando alguém estava muito doente ou com enfermidades, dizia-se que
era por causa dos pecados cometidos. Na passagem lendária acima, Jesus curou o
paralítico, que estava lotado de pecados, daí sua enfermidade. Ao curá-lo,
disse que, a partir da cura, ele estava totalmente limpo, sem pecado.
Vejamos outro
exemplo. No evangelho de Mateus, capítulo 17, versículo 18, está escrito:
“E Jesus repreendeu o demônio,
e este saiu do menino; e, desde aquela hora, ficou o menino curado.”
Nesse relato lendário, um homem conduz seu filho,
um lunático, isto é, um rapaz com deficiência mental, até a Jesus, pedindo que
o cure. Jesus repreende o demônio que se apossou do rapaz. Quando o demônio sai
do corpo do rapaz, este fica totalmente curado. Eis mais uma ignorância daquela
época. Associar enfermidades e doenças à atuação de demônios. Isso é muito
frequente nos 4 evangelhos. Uma pessoa inteligente, obviamente, jamais faz essa
associação infantil. Quando alguém sofre de deficiência mental, não fica curado
e não há demônio algum em seu corpo, nem fora dele. Tudo isso é pura ignorância
de um povo que viveu há dois mil anos numa região fortemente marcada pela
ignorância e analfabetismo.
Mais um exemplo.
No evangelho de João, capítulo 5, versículo 14, está registrado:
“Mais tarde, Jesus o encontrou
no templo e lhe disse: Olha que já estás curado; não peques mais, para que não
te suceda coisa pior.”
Percebeu a
ingenuidade da afirmação atribuída a Jesus? Nesse relato lendário, Jesus curou
um paralítico. E lhe disse: “não
peques mais para que não te suceda coisa pior”. É fácil ver 3 absurdos aqui: o primeiro absurdo se
refere à afirmação de que o homem era um paralítico porque havia pecado; o
segundo absurdo está na afirmação de que ocorrerá coisa pior àquele homem, caso
ele venha a cometer outros pecados. E o terceiro absurdo se localiza na ordem
dada por Jesus: não peques mais! Ora, dentro da visão cristã, é impossível uma
pessoa não pecar, não é mesmo? O “não peques mais” proferido por Jesus não
passa de uma mera ordem inalcançável. O ser humano sempre cometerá pecados,
dentro da ótica cristã.
Percebeu a
ingenuidade das afirmações de Jesus? Sempre atribuindo doenças e enfermidades a
pecados? Ora, uma pessoa inteligente não faz essa associação porque é
completamente absurda, irracional. Trago um exemplo prático e caseiro. Eu,
Eustáquio, tenho dois irmãos com deficiências. Minha irmã Liduína, que mora em
Fortaleza, nasceu com uma terrível deficiência física: seu braço direito é
torto e imóvel. Meu irmão Nonato, que também mora em Fortaleza, nasceu com
deficiência mental. Portanto, dois deficientes em minha família. Nem minha
irmã, nem meu irmão são deficientes porque cometeram pecados. Eles, repito, já
nasceram com essas enfermidades. Não existe ligação alguma de pecado com essas
enfermidades de meus irmãos. Eles não pecaram porque eram fetos. Percebeu como
o discurso atribuído a Jesus nada tem de inteligente? E outra coisa mais: se
enfermidades e doenças tivessem ligação com pecados, todas as pessoas do
planeta Terra estariam com esses problemas porque, segundo a visão cristã,
todos pecam. Entendeu a inocência do discurso de Jesus?
E o Augusto Cury
ainda afirma que a inteligência de Jesus era assombrosa.
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