quinta-feira, 17 de outubro de 2019

AUGUSTO CURY E O SACRIFÍCIO DE JESUS




                                                                                                              Eustáquio



               
                Em seu livro “O Mestre Inesquecível”, editora Sextante, 2006, na página 18, o psiquiatra Augusto Cury, ex-ateu, entre outras coisas, escreve o seguinte:



               “(...) Surpreso, disse uma frase poética, não sobre o poder de Jesus, mas sobre sua capacidade de amar e se doar: ‘Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo’ (João 1:29). O homem de quem não era digno de desatar as sandálias era um cordeiro tranquilo que morreria por ele e pelo mundo.”



               Augusto Cury diz que João Batista, quando viu a Jesus, dirigiu-lhe uma frase poética linda e fantástica. Eis a frase: “Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. E Cury afirma que Jesus morreu por João Batista e por toda a humanidade. Com esse gesto, Jesus mostrou sua capacidade de amar e de se doar. Por favor, não ria, que isso aqui é coisa séria.
               Todos os cristãos fazem coro ao Augusto Cury. Dizem que Jesus foi sacrificado para que o deus hebreu perdoasse os pecados da humanidade. Essa doutrina cristã me causa arrepios. Sem dúvida alguma, é uma das maiores barbaridades do cristianismo. Sob a ótica cristã, Jesus era um inocente e foi sacrificado pelo próprio deus hebreu para o perdão dos pecados da humanidade. Desconheço uma doutrina mais louca do que essa. Não conheço!!!
              Por que os cristãos inventaram essa maluquice? De onde eles extraíram isso?  A resposta é fácil e está na Bíblia cristã. Os livros que estão no Velho Testamento são escrituras hebraicas, dos judeus, e não cristãs. Quando esses textos foram escritos, não havia um cristão sequer no planeta Terra. Não havia Bíblia alguma. Após o surgimento dos cristãos, o que eles fizeram? Pegaram as escrituras hebraicas, e as colocaram em sua Bíblia, formando, assim, o Velho Testamento, que não é velho para os judeus. E você pode perguntar: e o que isso tem a ver com o sacrifício de Jesus? A resposta é: tudo!
                 Ora, o mundo da Bíblia era de profunda ignorância. Na sociedade hebraica (Velho Testamento), os sacrifícios e holocaustos eram diários. O povo hebreu sacrificava animais irracionais (e também seres humanos), ofertando-os ao deus hebreu. Veja, por exemplo, o livro de Levítico, capítulo 9, versículo 2:



              “E disse a Arão: Toma um bezerro, para oferta pelo pecado, e um carneiro, para holocausto, ambos sem defeito, e traze-os perante o Senhor.”



             Nessa passagem bíblica, o lendário Moisés dá uma ordem a Arão. Ele deve trazer um bezerro e um carneiro, sem defeitos físicos, para holocausto, ou seja, para queimá-los, ofertando-os ao deus hebreu para que perdoasse os pecados do povo de Israel. Com o sacrifício desses animais, o deus hebreu haveria de perdoar os pecados do povo. Quanta ignorância, não é mesmo?
              Pois bem! Diante desses sacrifícios presentes em todo o Velho Testamento, os cristãos resolveram aplicá-los a Jesus. E tornaram a coisa mais feia ainda, já que se trata de um sacrifício envolvendo um ser humano. Portanto, a ideia de os cristãos sacrificarem a Jesus tem origem nas escrituras hebraicas. O próprio Augusto Cury traz a passagem que está no evangelho de João, capítulo 1, versículo 29:



           “No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.”




              Por que “cordeiro”? Por que os hebreus sacrificavam carneiros, bezerros, cordeiros etc. E veja a ligação com Jesus feita pelos cristãos. Os animais sacrificados não poderiam apresentar defeitos. E, na ótica cristã, Jesus não apresentava defeitos. Entendeu? Daí o sacrifício de Jesus para que o deus hebreu perdoasse os pecados do mundo. E o Augusto Cury acha isso uma coisa linda, fantástica.
               Ora, na verdade, isso é uma aberração do mundo antigo. É um absurdo você sequer imaginar uma entidade “espiritual” evoluída que exija o sacrifício de uma pessoa inocente para que essa mesma entidade possa perdoar a humanidade. Além de absurdo, uma profunda injustiça. E por que sacrificar um inocente? Por que era comum, no mundo da Bíblia, a punição recair sobre o inocente. O inocente pagando pelos pecados dos outros. Da mesma forma, Jesus pagando pelos pecados da humanidade. Entendeu? Ora, em mundos civilizados, no Brasil de hoje, por exemplo, só os culpados é que devem ser punidos. A punição não pode ir além do culpado, não pode se estender a pais, filhos e, muito menos, a uma sociedade. Se o Jesus das narrativas lendárias do Novo Testamento fosse vivo hoje, não teria sido sacrificado em Jerusalém.
               E o Augusto Cury diz que, ao ser sacrificado, Jesus mostrou sua capacidade de amar e de se doar.
               Estou bastante arrepiado aqui.

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