Eustáquio
Em seu livro “O Mestre Inesquecível”,
editora Sextante, 2006, na página 18, o psiquiatra Augusto Cury, ex-ateu, entre
outras coisas, escreve o seguinte:
“(...) Surpreso, disse uma frase
poética, não sobre o poder de Jesus, mas sobre sua capacidade de amar e se
doar: ‘Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo’ (João 1:29). O homem
de quem não era digno de desatar as sandálias era um cordeiro tranquilo que
morreria por ele e pelo mundo.”
Augusto Cury diz que
João Batista, quando viu a Jesus, dirigiu-lhe uma frase poética linda e
fantástica. Eis a frase: “Eis
o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. E Cury afirma que Jesus morreu por João Batista e
por toda a humanidade. Com esse gesto, Jesus mostrou sua capacidade de amar e
de se doar. Por favor, não ria, que isso aqui é coisa séria.
Todos os cristãos
fazem coro ao Augusto Cury. Dizem que Jesus foi sacrificado para que o deus
hebreu perdoasse os pecados da humanidade. Essa doutrina cristã me causa
arrepios. Sem dúvida alguma, é uma das maiores barbaridades do cristianismo.
Sob a ótica cristã, Jesus era um inocente e foi sacrificado pelo próprio deus
hebreu para o perdão dos pecados da humanidade. Desconheço uma doutrina mais
louca do que essa. Não conheço!!!
Por que os cristãos
inventaram essa maluquice? De onde eles extraíram isso? A resposta é fácil e está na Bíblia cristã. Os
livros que estão no Velho Testamento são escrituras hebraicas, dos judeus, e
não cristãs. Quando esses textos foram escritos, não havia um cristão sequer no
planeta Terra. Não havia Bíblia alguma. Após o surgimento dos cristãos, o que
eles fizeram? Pegaram as escrituras hebraicas, e as colocaram em sua Bíblia,
formando, assim, o Velho Testamento, que não é velho para os judeus. E você
pode perguntar: e o que isso tem a ver com o sacrifício de Jesus? A resposta é:
tudo!
Ora, o mundo da
Bíblia era de profunda ignorância. Na sociedade hebraica (Velho Testamento), os
sacrifícios e holocaustos eram diários. O povo hebreu sacrificava animais
irracionais (e também seres humanos), ofertando-os ao deus hebreu. Veja, por
exemplo, o livro de Levítico, capítulo 9, versículo 2:
“E disse a Arão: Toma um bezerro,
para oferta pelo pecado, e um carneiro, para holocausto, ambos sem defeito, e
traze-os perante o Senhor.”
Nessa passagem bíblica, o lendário Moisés dá uma ordem a Arão. Ele deve
trazer um bezerro e um carneiro, sem defeitos físicos, para holocausto, ou
seja, para queimá-los, ofertando-os ao deus hebreu para que perdoasse os
pecados do povo de Israel. Com o sacrifício desses animais, o deus hebreu
haveria de perdoar os pecados do povo. Quanta ignorância, não é mesmo?
Pois bem! Diante
desses sacrifícios presentes em todo o Velho Testamento, os cristãos resolveram
aplicá-los a Jesus. E tornaram a coisa mais feia ainda, já que se trata de um
sacrifício envolvendo um ser humano. Portanto, a ideia de os cristãos
sacrificarem a Jesus tem origem nas escrituras hebraicas. O próprio Augusto
Cury traz a passagem que está no evangelho de João, capítulo 1, versículo 29:
“No
dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o cordeiro de
Deus, que tira o pecado do mundo.”
Por que “cordeiro”? Por
que os hebreus sacrificavam carneiros, bezerros, cordeiros etc. E veja a
ligação com Jesus feita pelos cristãos. Os animais sacrificados não poderiam
apresentar defeitos. E, na ótica cristã, Jesus não apresentava defeitos.
Entendeu? Daí o sacrifício de Jesus para que o deus hebreu perdoasse os pecados
do mundo. E o Augusto Cury acha isso uma coisa linda, fantástica.
Ora, na verdade,
isso é uma aberração do mundo antigo. É um absurdo você sequer imaginar uma
entidade “espiritual” evoluída que exija o sacrifício de uma pessoa inocente
para que essa mesma entidade possa perdoar a humanidade. Além de absurdo, uma
profunda injustiça. E por que sacrificar um inocente? Por que era comum, no
mundo da Bíblia, a punição recair sobre o inocente. O inocente pagando pelos
pecados dos outros. Da mesma forma, Jesus pagando pelos pecados da humanidade.
Entendeu? Ora, em mundos civilizados, no Brasil de hoje, por exemplo, só os
culpados é que devem ser punidos. A punição não pode ir além do culpado, não
pode se estender a pais, filhos e, muito menos, a uma sociedade. Se o Jesus das
narrativas lendárias do Novo Testamento fosse vivo hoje, não teria sido
sacrificado em Jerusalém.
E o Augusto Cury
diz que, ao ser sacrificado, Jesus mostrou sua capacidade de amar e de se doar.
Estou bastante
arrepiado aqui.
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