Eustáquio
O teólogo, psicanalista,
escritor e ex-pastor protestante Rubem Alves, no livro “É uma
pena não viver. Uma biografia de Rubem Alves”, de Gonçalo Junior, editora Planeta,
2015, na página 163, afirmou:
“Onde estava a minha
inteligência? Tenho vergonha de haver acreditado no que acreditei. (...) Joguei
minha vida inteira nas ideias doidas.”
Rubem Alves
reconhece que sua inteligência, sua capacidade intelectual, o abandonou a
partir do momento em que se tornou um cristão. Ele mesmo afirma que as ideias
cristãs são ideias doidas, completamente irracionais e notavelmente desumanas.
Ele se arrependeu amargamente de ter acreditado na religião.
Quando eu afirmo que a doutrina
cristã é sem cérebro, exageradamente irracional, pode ser que alguns cristãos
pensem que os odeio, ou coisa assim. De minha parte, não há ódio algum. Essa
afirmação minha é decorrente de uma análise profunda nessa religião, já que é a
dominante no Brasil. Lamentavelmente, os cristãos que frequentam igrejas
desconhecem essa doutrina que está tão clara principalmente nos 4 evangelhos do
Novo Testamento. O teólogo Rubem Alves, profundo conhecedor do cristianismo,
abandonou essa religião, afirmando, entre outras coisas, que a doutrina cristã
foi fundada sobre um edifício de absurdos. E uma novela nova da Rede Globo de
Televisão, de forma indireta, mostra um dos absurdos do cristianismo.
No evangelho de Marcos,
capítulo 10, versículos 11 e 12, está escrito:
“11 E ele lhes disse: Quem repudiar sua
mulher e casar com outra
comete adultério contra aquela.
12 E, se ela repudiar seu
marido e casar com outro, comete adultério.”
Nessa passagem bíblica, Jesus diz aos
discípulos que um casal deve se manter unido até à morte porque o que Deus
ajuntou o homem não pode separar. Para ser mais claro, Jesus prega o casamento
indissolúvel. Eis, aqui, mais uma aberração da doutrina cristã. Por essa e por
outras, é que o teólogo Rubem Alves gritou:
“Onde estava a minha inteligência? Tenho
vergonha de haver acreditado no que acreditei. (...) Joguei minha vida inteira
nas ideias doidas.”
Hoje, em meu
apartamento, à tarde, estava assistindo ao capítulo de hoje da novela “Éramos
seis”. Trata-se de uma novela de época, e isso me atrai por mostrar um pedaço
da história do Brasil. A novela é exibida no final da tarde, só que eu sou
assinante da “Globoplay”, razão pela qual assisto antes. Pois bem! No capítulo
de hoje, os personagens Argemiro de Almeida e Clotilde se encontram novamente. São
namorados. O Argemiro tem um problema gravíssimo para revelar à sua namorada,
mas está com bastante medo de perdê-la, após a revelação. E que problema é
esse? Ora, ele já foi casado e, há muito tempo, está separado da esposa. Porém,
por força da lei, continua casado até à morte, já que naquela época não havia o
divórcio. O pobre do Argemiro está sofrendo muito, há vários dias não dorme por
causa dessa situação. No capítulo de hoje, diante de sua amada Clotilde, ele
tocou de leve no assunto, sem dizer que era o caso dele, só para ver a reação
dela. E ela disse que era a favor do casamento eterno porque o que Deus uniu o
homem não pode separar. O Argemiro ficou muito triste diante do ponto de vista
cristão de Clotilde.
Pois bem! O Jesus das narrativas lendárias
do Novo Testamento pregava a união matrimonial indissolúvel. O casamento até à
morte, com a morte de um dos cônjuges. Ora, essa exigência é uma aberração terrível.
É por isso que se diz que a doutrina cristã é contra a felicidade das pessoas.
Ora, exigir que um casal permaneça unido até à morte é assinar um atestado de
ignorância acerca da natureza humana. Quando duas pessoas se casam, é óbvio,
desejam viver juntos até à hora de vestir o paletó de madeira. Só que a relação
conjugal não é uma proposição matemática, não é, por exemplo, 2 mais 2= 4. Uma
coisa é a fase de namoro. Coisa bem diferente é a vida a dois, sob o mesmo
teto. É muito comum casais se separarem pelos mais variados motivos:
incompatibilidade de gênios, dificuldades financeiras, insatisfação sexual,
agressões verbais e físicas etc. Narro um caso real aqui. Quando eu morava na
cidade do Gama, aqui mesmo, no Distrito Federal, minha vizinha chamada Lúcia,
todos os dias, era espancada pelo marido. Numa madrugada, ouvi seus gritos de
dor, e liguei para a polícia. Ela abriu a porta, e o marido foi levado preso.
Depois, continuou apanhando em silêncio, com medo de que eu chamasse novamente
a polícia. Já pensou que absurdo exigir que essa pobre esposa aguente o
miserável do marido até que a morte os separe? Uma monstruosidade, não é mesmo?
Não deu outra: de tanto apanhar, Lúcia saiu de casa, sem que ele soubesse, e
pediu o divórcio. Hoje, ela está feliz em Fortaleza, ao lado de um homem que a
ama. Ela merece ser feliz, não é mesmo? E são tantos os casos. Um amigo meu
bastante rico se divorciou da esposa porque ela não gostava de fazer sexo. Além
disso, ela vivia dentro de casa só reclamando da vida que levava, e era uma
vida de luxo. Que esposo aguenta uma vida assim? Ele tem o direito de ser
feliz, não é mesmo? Divorciou-se, e hoje vive muito feliz ao lado de outra
mulher que o ama. Percebeu como é uma monstruosidade decretar que um casal é
obrigado a viver junto até que a morte os separe? Quem cria uma lei maluca
dessa desconhece totalmente a natureza humana.
Na novela da Globo, o pobre
Argemiro de Almeida está sofrendo demais porque, em sua época, não havia o
divórcio. O medo dele é que sua querida namorada Clotilde o deixe, após saber
que ele é um homem casado para sempre.
E, lamentavelmente, um
universo de cristãos que frequentam igrejas nem percebem que estão contrariando
a ordem absurda de Jesus. Todos os casais divorciados que eu conheço, todos,
são cristãos, e muitos frequentam igrejas.
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