domingo, 20 de outubro de 2019

AUGUSTO CURY E O REINO DE JESUS




                                                                                                              Eustáquio

            
                 Em seu maravilhoso livro “O Mestre Inesquecível”, editora Sextante, 2006, o psiquiatra Augusto Cury, ex-ateu, na página 49, entre outras coisas, escreve:



                “Nesse clima apareceu Jesus, sem exércitos nem pompa, desafiando o poderoso Império Romano ao proclamar um outro reino... (...) Nesse reino, ninguém jamais seria excluído, discriminado, ofendido, rejeitado, incompreendido.”



                Você, que está assistindo a esse vídeo nesse momento, muito cuidado com o que você vê e lê. O Jesus das narrativas lendárias do Novo Testamento jamais desafiou o Império Romano. Em sua época, os romanos dominavam a Palestina, impondo regras e impostos exorbitantes. O povo judeu, dominado por estranhos em sua própria terra, ansiava pela chegada do Messias (Cristo, em grego). Esse Cristo seria obviamente um judeu que se tornaria rei em Israel, como Davi o foi, e iria expulsar os romanos. Surgiram muitos judeus, afirmando ser o Cristo, e todos foram presos, torturados e crucificados pelos invasores romanos. E o mesmo fim teve o Jesus dos cristãos. Os romanos o prenderam, torturaram-no e crucificaram-no.
                 Augusto Cury diz que Jesus proclamava um outro reino. E, nesse reino, ninguém jamais seria excluído, discriminado, ofendido, rejeitado, incompreendido. Em primeiro lugar, Jesus, como não tinha força alguma para expulsar os romanos da Palestina (o maior sonho de seu povo), pregava um reino fantasioso, uma nova Jerusalém, com a chegada do Messias salvador, o Filho do Homem. E diz o Augusto Cury que, nesse reino de Jesus, ninguém seria excluído, isto é, todas as pessoas seriam bem-vindas. Como é que é? Como é que é?
                   Ora, vejamos o que está no evangelho de Mateus, capítulo 20, versículo 23:



                   “Então, lhes disse: Bebereis o meu cálice; mas o assentar-se à minha direita e à minha esquerda não me compete concedê-lo; é, porém, para aqueles a quem está preparado por meu pai.”



                  Como é possível que o psiquiatra Augusto Cury tenha escrito que, no reino proclamado por Jesus, ninguém será excluído? Ora, na passagem bíblica acima, uma mulher, mãe de Tiago e João, seguidores de Jesus, pede a este que, no futuro reino, um de seus filhos se assentem, um à direita, e o outro, à esquerda. A resposta de Jesus é terrível. Ele diz que não compete a ele conceder esse desejo porque o reino proclamado é somente para aqueles escolhidos por seu pai, o deus hebreu. Como é que o Augusto Cury teve a coragem de escrever que, no reino de Jesus, ninguém será excluído?
                  E no mesmo evangelho de Mateus, capítulo 10, versículos 14 e 15, está escrito:



             “14 Se alguém não vos receber, nem ouvir as vossas palavras, ao sairdes daquela casa ou daquela cidade, sacudi o pó dos vossos pés.
               15 Em verdade vos digo que menos rigor haverá para Sodoma e Gomorra, no Dia do Juízo, do que para aquela cidade.”



              Jesus dá orientações aos 12 discípulos. Ele diz que os discípulos devem ir a várias cidades, batendo de porta em porta. Se os moradores, em sua casa, receberem os discípulos, tudo bem. Se não receberem, Jesus diz que, no Dia do Juízo, com a volta do Messias, os moradores daquela cidade serão destruídos, a exemplo dos moradores das lendárias cidades de Sodoma e Gomorra. Como é que Augusto Cury afirma que, no reino de Jesus, ninguém será excluído?
              No evangelho de Marcos, capítulo 16, versículo 16, está registrado:



             “Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado.”      



               Jesus diz aqui que quem crer em sua doutrina e for batizado será salvo, terá um lugar garantido no futuro reino pregado para aquela época. Já os que não creem (a maioria) serão condenados. Isto é, mais uma exclusão de seres humanos. Na ótica de Jesus, somente os cristãos batizados morarão no reino anunciado por ele. Os demais (a maioria) serão excluídos. Na verdade, Jesus morreu. Seus discípulos morreram. Os romanos continuaram dominando a Palestina. E a volta do Messias para aquele tempo fracassou.
                Como é possível que o Augusto Cury tenha escrito que, no reino proclamado por Jesus, ninguém seria excluído? Como é possível?      

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