Eustáquio
--- Trim... Trim... Trim...
--- Presidência da República,
bom-dia.
Do outro lado da linha:
--- Bom-dia! Por favor, eu
poderia falar com o presidente Jair Bolsonaro?
--- Quem deseja? ---
perguntou educadamente a atendente.
--- Nonato Lins, cearense
de Sobral.
--- Um momento, por favor.
--- disse a atendente, transferindo a ligação para o presidente.
--- Diga, Fátima. --- falou
o presidente com um sorriso estampado no rosto.
--- Sr. presidente, o Sr.
Nonato Lins, de Sobral, deseja falar com vossa excelência. Posso transferir a
ligação?
--- Claro, Fátima!
--- Alô?... Presidente Bolsonaro?
--- Ele! Diga ai, Nonatão!
--- Presidente, é um grande
prazer falar com o Sr.
--- O prazer é todo meu,
macho. Mas diga aí.
--- Presidente, estou
ligando para dar-lhe alguns conselhos porque, pelo andar da carruagem, o
ex-astrólogo Olavo de Carvalho vai acabar com seu governo.
--- Você acha isso mesmo?
--- Não acho, presidente,
tenho certeza!
--- Tudo bem, Nonato. É
sempre bom ouvir um cearense, principalmente de Sobral. Ainda bem que o
famigerado Ciro Gomes não nasceu nessa terra. Muito bem, meu caro. Pode falar.
--- Presidente, logo de
início, quero pedir ao Sr. para deixar de usar as redes sociais. Com toda
sinceridade, isso não é comportamento de um presidente de uma república.
--- Mas, Nonato, o
presidente do país mais rico do mundo, Donald Trump, também faz uso das redes
sociais.
--- Sim, eu sei,
presidente, porém o Sr. não é um papagaio para ficar repetindo os atos de
Trump. Além disso, muitas ações praticadas por ele são repugnantes para o Sr. Por
exemplo, recentemente, o Trump fez uma chantagem com o Congresso
norte-americano, exigindo a liberação de uma fortuna para construir o muro na
fronteira com o México. Como o Congresso não atendeu ao pedido louco dele,
Trump deixou milhares de servidores públicos sem receber pagamento durante mais
de um mês. O Senhor faria isso, Bolsonaro?
--- Jamais, Nonato!
Jamais!
--- Então, presidente?
Por favor, não use mais as redes sociais. É muita baixeza! E outra coisa: o Sr.
está se distanciando muito do Congresso Nacional, dos deputados e senadores.
Veja que precisará do apoio deles para aprovar qualquer coisa, inclusive a
reforma da previdência.
--- Mas, Nonato, eu
trabalhei na Câmara dos Deputados durante 28 anos. Portanto, conheço aquelas
cobras! Sei que eles trabalham com o “toma lá, dá cá”. Na verdade, eles querem cargos
e verbas parlamentares, mas não vou fazer o jogo deles.
--- Mas...presidente,
pense um pouquinho. Só um pouquinho. O Sr. acha mesmo que conseguirá aprovar a
reforma nas condições propostas, se mantiver esse afastamento? Veja que
inúmeros deputados estão chateados com esse distanciamento, com essa falta de
articulação. Pense bem, homem!
--- Vou conversar amanhã
sobre isso com o Olavo de Carvalho.
--- Não faça isso,
presidente! Abra o olho! Até agora o ex-astrólogo só tem atrapalhado seu
governo, que, desculpe-me, ainda nem começou.
Tudo bem! Então vou
conversar com meus filhos.
--- Pior ainda,
presidente! Até agora, seus filhos também só têm atrapalhado seu governo. Não
faça isso! Procure ouvir, aí sim, os ministros Sergio Moro e Paulo Guedes e o
vice Hamilton Mourão. Esses, sim, de fato, estão do seu lado, e eles desejam
ardentemente que o Sr. entre em sintonia com os parlamentares.
--- Tudo bem, Nonato.
Obrigado pelos conselhos.
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