Eustáquio
Ontem, dia 3 de abril do
corrente ano, estava assistindo ao Jornal Nacional da Rede Globo de Televisão. E
aí veio uma notícia que envergonha qualquer mamífero humano que raciocina, que
faz uso da razão. Num pequeno país, rico em petróleo, situado no sudeste da
Ásia, chamado de Brunei, com 420 mil habitantes, o governo (se é que se pode
chamar isso de governo) instituiu a pena de morte por apedrejamento aos cidadãos
adúlteros e homossexuais. A autoridade máxima do país, o sultão Hassanal
Bolkiah, amparou-se na sharia (leis islâmicas), isto é, leis religiosas, já que
o islamismo é a religião oficial do país, com mais de dois terços da população.
Em número muito menor, o budismo, o cristianismo, o confucionismo e o taoísmo. Como
se vê facilmente, mais uma vez, surge a religião, que, como dizia o intelectual
britânico Christopher Hitchens (1949 – 2011), “envenena tudo”. Assim, só mesmo
um cérebro humano doentio para considerar crimes o adultério e a
homossexualidade. É lastimável dizer que o crime de adultério, aqui, no Brasil,
era uma realidade, também por causa da cultura cristã que foi imposta pelos
portugueses a partir de abril de 1500. Só que, nos dias atuais, não existe mais
o crime de adultério. Foi banido do Código Penal Brasileiro, indo parar numa
lata de lixo mais próxima. Se esse ignorante sultão de Brunei pôr em prática a
pena de morte para adúlteras e homossexuais, pode ter certeza de que a
população atual com 420 mil habitantes sofrerá uma redução incalculável, em
razão do grande número de adúlteros e homossexuais. Desde a Idade da Pedra até
os dias atuais, em todo o planeta Terra, houve, há e haverá adúlteros e homossexuais.
Naturalmente, nenhum ser humano comete crime ou pecado por ser um adúltero ou
um homossexual. Essa noção infantil de “pecado” é criada por cérebros presos à
ilusão religiosa. Daí, o repugnante atraso.
A mesma matéria
televisiva mostrou a indignação do mundo ocidental diante dessa barbaridade. Cantores,
atores, escritores, presidentes de repúblicas democráticas (o que não existe em
Brunei) se manifestaram com veemência. O ator norte-americano George Clooney e
o grande cantor Elton John se manifestaram, solicitando boicote aos hotéis
pertencentes a Brunei que estão espalhados pelos EUA e Reino Unido. Os dois,
diferentemente dos pobres cidadãos de Brunei, nasceram em mundos civilizados.
Muito bem! Afirmei acima
que, no mundo ocidental, um universo de pessoas se manifestou contra essa
barbaridade asiática. Os próprios jornalistas da Globo, durante a transmissão
do jornal, deixaram sua indignação, e assim os profissionais dos outros
jornais. Todavia, há um detalhe aqui que passa despercebido por milhões de
brasileiros. Poucos conseguem ver esse detalhe. E que detalhe é esse? É
simples: religiosos cristãos, por exemplo, ficaram indignados diante dessa
aberração das autoridades de Brunei, estabelecendo a pena de morte por
apedrejamento. Dizem os cristãos, com toda razão, que isso é um atraso
tremendo. Só que aqui está o detalhe: os cristãos não percebem que esse “atraso”
é a marca da Bíblia cristã, que eles consideram “sagrada”. De fato, de Gênesis
ao Apocalipse, nas sociedades hebraica e judaica, a pena de morte por
apedrejamento, nos casos de adultério e homossexualidade, estavam presentes. Ou
seja, cristãos, ao reprovarem essa lei islâmica, indiretamente, sem perceberem,
estão reprovando leis bíblicas. Repito, como a Bíblia é um conjunto de livros
muito antigos, as leis que estão lá são muito arcaicas e injustas,
representando um mundo medieval, muito diferente do nosso de hoje. Para
ilustrar essa afirmação, em relação ao crime de adultério, a Bíblia, em Levítico,
capítulo 20, versículo 10, estabelece:
“Se um
homem adulterar com a mulher do seu próximo, será morto o adúltero e a adúltera”
Como se vê, pena de morte por
apedrejamento em caso de adultério, ou seja, o mesmo atraso imposto hoje, em
Brunei. E, na Bíblia, a figura do adultério era pior ainda, mas isso é assunto para
outro texto. Já, no tocante ao crime de homossexualidade, novamente a Bíblia,
em Levítico, no mesmo capítulo, versículo 13, dita:
“Se
também um homem se deitar com outro homem, como se fosse mulher, ambos
praticaram cousa abominável; serão mortos; o seu sangue cairá sobre eles.”
Isto é, o mesmo atraso imposto hoje no Brunei, e que causa repugnância a
cérebros humanos evoluídos.
Na verdade, ninguém pode
invocar livros religiosos, tais como o Corão, a Bíblia cristã, a Bíblia
hebraica, as lições de Buda etc. Livros religiosos são livros muito antigos que
mostram uma visão distorcida do mundo de hoje.
A evolução, em todos os
sentidos, melhora a vida de cada um.
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