sábado, 6 de abril de 2019

KENNEDY LITAIF E A RESSURREIÇÃO DE JESUS




Eustáquio


            O Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, 5ª edição, na página 608, traz os conceitos para o vocábulo fanático. Entre outras coisas, diz:


            “1. Que se considera inspirado por uma divindade, pelo espírito divino; iluminado. 2. Que tem zelo religioso cego, excessivo; intolerante. 3. Que adere cegamente a uma doutrina, a um partido.”


             É fácil ver que o próprio filólogo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, para explicar a palavra fanático, a associa à crença religiosa. E por que ele age assim? Simplesmente porque as crenças religiosas trazem em seu bojo, em maior grau, o fanatismo. Nenhuma atividade humana é mais fanática do que a atividade religiosa. Assim, em nome das religiões e dos deuses, o homem é capaz de aceitar e praticar os mais horrorosos absurdos.
               Em seu canal no You Tube, com o título O mago do realismo, o ateu Kennedy Litaif, recentemente, tornou públicos dois vídeos curtos acerca da lenda sobre a ressurreição de Jesus. Eis os títulos dos vídeos: “Jesus ressuscitou! Será mesmo?” e “Jesus e a ressurreição! Verdade ou mentira?” Como não poderia ser diferente, por força de seu notável conhecimento, Kennedy brilha, mostrando resumidamente a ilusão religiosa.
             Na verdade, a ressurreição de Jesus, que está relatada nos 4 evangelhos do Novo Testamento, é mais uma lenda, entre outras, que marcava a ignorância reinante na época. Para entender a Bíblia, é necessário estudá-la profundamente de acordo com a visão de mundo reinante há 2 mil anos, na Palestina.  É preciso conhecer os costumes de época dos judeus, suas fantasias, aspirações, desejos etc. Da mesma forma, para alguém entender, por exemplo, a Primeira Guerra Mundial (1914 -1918), é preciso analisar aquele mundo com a lupa daquela época. E assim por diante. Como afirmei acima, a ressurreição de Jesus é mais uma lenda bíblica. Se eu afirmo que é uma lenda, tenho, pois, que mostrar as provas, não é mesmo? E as provas são fáceis demais, claras e cristalinas. Mostrarei aqui apenas algumas, as principais.
                     Eis a primeira prova: será que, na Bíblia cristã, a primeira ressurreição foi a de Jesus? Veja que o Jesus das narrativas lendárias bíblicas, e não histórico, era um judeu, fazia parte, pois, da sociedade judaica de seu tempo. Pois bem! E aí vem outra pergunta: aqueles judeus da época que aderiram a Jesus souberam pela primeira vez de um caso de ressurreição? A resposta às duas perguntas é, para a tristeza dos cristãos, um forte não. Na verdade, a ressurreição de Jesus não foi a primeira e muito menos a última. Quando o Jesus das narrativas lendárias do Novo Testamento ainda nem havia nascido, nem existia, a sociedade judaica já trabalhava com a figura da ressurreição. Ou seja, os judeus já relatavam casos de ressurreição. Antes da existência de Jesus e após o surgimento de Jesus, não havia um livro chamado Bíblia, com capa, capítulos e versículos. Eram escritos espalhados, sem ordem alguma, chamados de escrituras hebraicas que hoje estão no Velho Testamento, que não é velho para os judeus. O que fizeram aqueles judeus que aderiram a Jesus? Ora, eles pegaram a ressurreição, que já fazia parte da cultura deles e que estava nos relatos do Velho Testamento e a aplicaram em Jesus. Veja, como exemplo, o que está escrito no livro de 2º Reis, capítulo 4, versículos 8 a 37. Não se esqueça de que, nessa época, Jesus nem existia ainda, porém já existiam os relatos lendários acerca da ressurreição. Nessa passagem bíblica, Eliseu ressuscita o filho da mulher sunamita. Mais à frente, no mesmo livro, capítulo 13, versículo 21, um cadáver de um homem ressuscita com apenas o contato com os ossos de Eliseu (por favor, não ria!). Repito, casos lendários de ressurreição que já faziam parte da cultura dos judeus antes mesmo do nascimento de Jesus. Já que a figura da ressurreição era do conhecimento dos judeus que aderiram a Jesus, eles simplesmente a empregaram também a Jesus. Se Eliseu e outros ressuscitaram cadáveres, por que não Jesus também?
                     Eis a segunda prova acerca da lenda da ressurreição de Jesus: mesmo na época de Jesus, muitos judeus não acreditavam em ressurreição de cadáveres. Esses merecem sinceros parabéns por, numa época muito ignorante, levantarem a voz contra essa ignorância. E os judeus saduceus são um exemplo. A Bíblia cristã, no Novo Testamento, no livro de Atos, capítulo 23, versículo 8, traz:


                  “Pois os saduceus declaram não haver ressurreição, nem anjo, nem espírito; ao passo que os fariseus admitem todas essas cousas.”


                   Como se vê facilmente, mesmo naquela época de profunda ignorância e atraso, havia pessoas que se sobressaíam. Os judeus saduceus, obviamente, não acreditavam em ressurreição, em anjinhos e nem em espíritos. Eram, portanto, muito mais evoluídos que os fariseus, Jesus, Norman Geisler, Lane Craig e Gilberto Santos.
                    Eis a terceira prova acerca da lenda da ressurreição de Jesus: os relatos sobre a ressurreição de Jesus estão somente nos 4 evangelhos do Novo Testamento. Se alguém vier a ler esses relatos, fazendo o estudo comparativo sério entre eles, encontrará inúmeros erros, contradições, discrepâncias e ingenuidades. Isso ocorre justamente porque não se trata de um fato histórico, mas de lendas em que os escritores se sentiam livres para escrever o que queriam de acordo com suas conveniências. Assim, os relatos sobre a ressurreição de Jesus que estão em Mateus, Marcos, Lucas e João são muito diferentes e contêm tantas ingenuidades que levam pessoas sérias ao riso. Em inúmeros vídeos, mostro algumas delas, e trago aqui apenas uma que, repito, leva as pessoas sérias ao riso, dado o tamanho da ingenuidade: no livro de Marcos, capítulo 16, versículo 1, está escrito que 3 mulheres compraram aromas e foram ao sepulcro de Jesus, no domingo, para embalsamar o cadáver que estava lá desde a sexta-feira. Quando essas 3 malucas saíram de casa e foram ao sepulcro, elas sabiam que iriam encontrar um corpo em putrefação. Ora, nenhum ser humano mentalmente sadio vai embalsamar um cadáver que já foi sepultado. O embalsamamento é uma técnica que visa retardar a decomposição de um cadáver, logo, é feito assim que a pessoa morre. Essa maluquice bíblica é mais uma prova de que a ressurreição de Jesus é apenas uma lenda, repito, em que o escritor se sentia livre para escrever o que desejava, pouco importando as fantasias.
                            Eis a quarta prova acerca da lenda sobre a ressurreição de Jesus: o próprio apóstolo Paulo, numa passagem, faz uma alusão à importância para os cristãos da crença na ressurreição de Jesus. Em 1 Coríntios, capítulo 15, versículos 13 e 14, Paulo escreve:


                        “ 13 E, se não há ressurreição de mortos, então, Cristo não ressuscitou.
                                      14  E , se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé.”


                      O apóstolo Paulo sabia que muitos judeus não acreditavam em ressurreição de mortos. Ele pedia aos cristãos para acreditarem, do contrário, seria o fim da fé cristã. Mera crença, e nada mais!
                       Resumindo, mostrei apenas 4 provas claras e cristalinas de que é lenda a ressurreição de Jesus: a primeira: a ressurreição de mortos já era pregada nas escrituras hebraicas, antes do aparecimento de Jesus; a segunda: inúmeras pessoas não acreditavam na ressurreição de mortos; a terceira: os 4 relatos sobre a ressurreição de Jesus estão repletos de erros, contradições e discrepâncias justamente por serem lendários, e não históricos; e a quarta prova: o próprio apóstolo Paulo medita sobre a hipótese de Jesus não haver ressuscitado.

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