Eustáquio
No vídeo “Deus ama ver o homem sofrer” publicado por Kennedy Litaiff em seu
canal “O mago do realismo”, a internauta Linda Pontes assim escreve:
“Essa de Jó é foda, quer dizer
que filhos são descartáveis, e podem ser substituídos como objetos.”
Linda
Pontes, como se vê facilmente, é uma mulher que raciocina, que faz exercícios
cerebrais. Talvez ela seja até mesmo mãe, e com certeza é cônscia do amor
profundo que uma mãe sente pelos filhos. Filhos são insubstituíveis! Quando uma
mãe perde um filho, levará essa dor até seu último dia de vida. A chegada de
outros filhos será sempre bem-vinda, porém jamais apagará a dor presente em
relação ao filho morto.
No vídeo já citado, Kennedy Litaiff lê, com maestria e com colocação de
imagens, um texto que eu fiz sobre o comentário do cristão Douglas Rodrigues.
Esse cristão me escreveu afirmando que o deus em que ele acredita abomina o
sofrimento. E o deus dele é o mesmo deus de Abraão, Moisés, David e outros. Mostrei
no vídeo que o cristão Douglas não faz uso da razão quando diz que o Deus da
Bíblia detesta o sofrimento humano. Ele, portanto, faz uma afirmação
completamente irracional, o que é comum no mundo da crença religiosa, já que
religião e razão são coisas que não se unem. Qualquer leitor sério da Bíblia
tem conhecimento de que, de Gênesis ao Apocalipse, ela está repleta de lendas
em que o Deus hebreu adora causar sofrimento às pessoas, principalmente às
pessoas inocentes. E mostrei um exemplo: a lenda do sofrimento de Jó. Jó era um
homem temente a Deus. Fazia sacrifícios diários a esse Deus. E Deus o amava
profundamente. Num certo dia, porém, o Satanás procura Deus e lhe propõe uma
aposta. Ele diz a Deus que Jó só o respeita e ama porque é um homem muito rico
e que tem uma família maravilhosa. Diz ainda Satanás que, se Jó perder tudo o
que tem, ele amaldiçoará o próprio Deus. Imagine o que aconteceu! Deus topou a
aposta!!! Deus topou a aposta! Que loucura!!! Deus permitiu que Satanás tirasse
tudo de Jó, que não merecia passar por sofrimento algum. Jó perdeu tudo, ficou
apenas com a esposa. Sua maior perda, com certeza, foram os 10 filhos (7 homens
e 3 mulheres). Como eu disse acima, filhos são insubstituíveis. Jó perdeu até
mesmo filhos adultos, já casados, que constituíram famílias. Ele sofreu tanto
que, num dado momento, se arrependeu de ter nascido. Que sofrimento! Enquanto
ele sofria sem merecer, Deus ficava muito feliz porque Jó continuava fiel a
ele. Diz a lenda que Deus ficou tão feliz que resolveu dar em dobro tudo aquilo
que Jó possuía. Jó possuía 10 filhos, então recebeu 20 filhos. Por favor, não
ria! O caso aqui é de choro, de espanto, de repugnância. Por isso mesmo, a internauta
Linda Pontes ficou chocada com esse relato bíblico macabro. Essa trágica e
insana lenda está afirmando que filhos são descartáveis, da mesma forma que os
objetos. Se um pai perde um filho, a situação é a mesma se vem a perder uma
bicicleta! Tudo é substituível! Que horror! Que insanidade!
E o pior é que nas igrejas líderes religiosos cristãos ainda enaltecem
essa lenda bárbara, afirmando, por exemplo, que Deus é maravilhoso porque deu
20 filhos ao Jó. E os fiéis, cegos pela fé, ainda concordam. A explicação para
tamanha ignorância e atraso é apenas uma: ausência de razão, de raciocínio!
Quem faz uso da racionalidade fica indignado diante da irracionalidade
da lenda bíblica, e é o caso da internauta Linda Pontes.
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