Eustáquio
Ontem, sábado, dia 6 de abril do
corrente ano, Kennedy Litaif tornou público, em seu canal no You Tube intitulado O mago do realismo, o vídeo A
misoginia na Bíblia – A inferioridade da mulher. Após assistir ao vídeo com
a duração de 3 minutos e 32 segundos, resolvi ler todos os comentários, e
escolhi para este artigo 3: o primeiro comentário feito por um homem, e os
outros dois, por mulheres. Edson Martins, que tem participação no próprio
vídeo, escreveu, entre outras coisas:
“A
bíblia é um livro bruto, cascudo, machista, onde as mulheres são vistas apenas
como posse, um objeto do homem ignorante”
Já
os outros dois comentários foram feitos por Fernanda Soares Dias e Florisa
Braga respectivamente:
“TODA MULHER QUE TEM
UM MINIMO DE AMOR PROPRIO, E UM SENCO DE VERGONHA NA CARA, SE ENOJA COM ESTE
LIVRO” e
“O pior é a quantidade de mulheres que
defendem esse livro”
Os três (Edson Martins, Fernanda Soares e
Florisa Braga) possuem um ponto de vista comum: a Bíblia é um livro
excessivamente machista! E a Fernanda Soares afirma que todas as mulheres
conscientes deveriam ficar com nojo da Bíblia, dada sua inferioridade gritante
naqueles textos arcaicos. Já a Florisa Braga fica escandalizada diante do
número grande de mulheres que defendem a Bíblia. Como é possível milhões de
mulheres amarem a Bíblia, um livro que as trata com maldade, indiferença e
desigualdade?
Muito bem! Como o assunto aqui
se refere à crença religiosa, é importante citar uma passagem de um cristão
famoso que explica o porquê de as mulheres cristãs adorarem a Bíblia, apesar de
todas as maldades endereçadas a elas. Trato aqui do lunático cristão
protestante Martinho Lutero (1483 – 1546) que afirmou o seguinte:
“A razão é a cortesã do Diabo. Deveria
ser destruída em todos os cristãos. Ela é o maior inimigo da Fé.”
Como afirmei acima,
essa afirmação de Lutero explica o porquê de as mulheres cristãs adorarem a
Bíblia, apesar de colocá-las num plano de humilhação e inferioridade diante do
macho. Com razão, Lutero! Ele dizia que a razão (racionalidade) é a maior
inimiga da fé cristã. Os cristãos devem se afastar da razão, do contrário
perderá a fé. Ou seja, os cristãos não podem jamais contestar, colocar em
dúvida os textos bíblicos. Devem simplesmente seguir rigorosamente as
orientações dos líderes religiosos, sem desviarem do caminho. No mundo da
crença religiosa, é proibido raciocinar, analisar, fazer estudos comparativos
porque tudo isso está relacionado com a razão, que é a pior inimiga das crenças
religiosas, no caso aqui, da crença cristã. Aqui está a explicação de por que
as mulheres cristãs adoram a Bíblia, um conjunto de livros que as coloca na
posição mais degradante da sociedade. Milhões de mulheres cristãs brasileiras,
por exemplo, sabem que a mulher, no passado, sempre foi considerada um ser
inferior ao macho, reduzida a mero objeto, coisa. Essa situação deplorável da
mulher está gravada nos livros de história do Brasil. Essas mulheres cristãs
veem essa inferioridade nos livros de história, mas ficam cegas diante da
Bíblia. Ora, a situação da mulher em toda a Bíblia, de Gênesis ao Apocalipse,
era pior ainda que a posição da mulher no Brasil, desde o seu descobrimento. O
problema é que as mulheres cristã não trabalham com a razão, que é inimiga da
fé, mas tão somente com a crença, que é cega. Trago aqui apenas alguns exemplos
bíblicos para ilustrar as afirmações feitas. O primeiro livro da Bíblia
chama-se Gênesis. Obviamente, a mulher já começa no seu lugar de inferioridade,
de humilhação perante a figura do macho. Isso ocorre porque a sociedade
hebraica era patriarcal, ou seja, tudo destinado ao macho, em detrimento da
fêmea. No segundo relato lendário da criação, que começa em Gênesis, capítulo
2, versículo 4, o Deus criado pelos hebreus resolve fazer o homem, apenas o
macho. Nada de fêmea. Para que fazer a mulher, se o homem já é suficiente? A
fêmea é dispensável. O homem (Adão) vivia entre os animais. Ele via os
casaizinhos (boi e vaca; jumento e jumenta; carneiro e ovelha; bode e cabra).
Ao ver esses casaizinhos, o homem ficou também desejando uma companheira. Por
que os animais machos possuíam uma fêmea, e ele não? Já que o homem estava
triste porque não tinha uma fêmea, Deus então resolveu fazer uma fêmea. Veja
que somente resolveu fazer essa fêmea por causa da tristeza do macho Adão. A
fêmea, obviamente, não estava nos planos de Deus, devido à sua total
insignificância. Deus resolve agir:
“Disse mais o Senhor Deus: Não é
bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea.” Gênesis 2: 18.
Deus, então, fez a mulher
apenas para servir de auxiliadora do macho porque o macho não precisava dela
para nada, a não ser para lhe servir de companheira. Além disso, a mulher deveria ser idônea ao macho. E a
humilhação e a inferioridade da fêmea se agravam em Gênesis 3: 16
“ (...) o teu desejo será
para o teu marido, e ele te governará.”
Como se vê, a mulher numa
posição de profunda humilhação e inferioridade diante do homem. E isso se
refletia em toda a sociedade hebraica (Velho Testamento), que não é velho para
os judeus, e em toda a sociedade judaica (Novo Testamento). Qualquer mulher
brasileira, por exemplo, hoje, diante desses textos, deveria ficar ofendida,
irritada com essa gritante desigualdade, mas, se for uma mulher cristã, não conseguirá
ver essa realidade porque não faz uso da razão, que, como dizia Lutero, é a
maior inimiga da fé cristã. Em toda a Bíblia, a única finalidade da mulher era
parir e auxiliar o macho. Era proibida de sair de casa sem autorização do
marido, não podia falar em público, não podia herdar dos pais havendo um macho
na família, podia apanhar do marido etc. Se hoje, no Brasil, a situação da
mulher fosse essa, as mulheres cristãs iriam lutar por seus direitos, mas, como
essas aberrações estão na Bíblia, essas mesmas mulheres ficam cegas e não veem
esses absurdos, justamente porque não trabalham com a razão. Em toda a Bíblia,
nenhum direito às mulheres. A mulher não poderia ter dois ou mais maridos, já
que esse direito só era reservado aos machos. Assim, os machos bíblicos, reais
e imaginários, podiam e tinham várias esposas ao mesmo tempo. O adultério era
maravilhoso para os machos, e péssimo para a mulher. O homem casado podia trair
a esposa, desde que não pegasse a mulher de outro homem. Já a mulher casada
jamais poderia trair o marido. As igrejas cristãs enganam os fiéis, dizendo que
a fidelidade conjugal era igual para o macho e a fêmea, e os pobres fiéis
acreditam. Quando uma mulher paria um macho (menino), era considerada imunda durante
7 dias. Se parisse uma fêmea (menina), era considerada imunda durante 14 dias,
ou seja, o dobro apenas porque nasceu uma mulher. E a sociedade era tão
atrasada que a mãe recente era considerada imunda. E indo para o Novo
Testamento, a mesma humilhação, a mesma inferioridade da fêmea. Para evitar um
artigo muito longo, apenas um exemplo do apóstolo Paulo. Em 1 Coríntios,
capítulo 14, versículos 34 e 35, está escrito:
“ 34
conservem-se as mulheres caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido
falar, mas que estejam submissas como também a lei o determina.
35 Se,
porém, querem aprender alguma cousa, interroguem, em casa, a seu próprio
marido; porque para a mulher é vergonhoso falar na igreja.”
Veja que esse mundo
bíblico era realmente terrível para as pobres mulheres. Deus algum existe, deus
algum fixou hediondas leis para as fêmeas. Tudo isso, na verdade, criação do
homem que se restringe à sua cultura. Essas leis bíblicas eram terríveis para
as mulheres porque eram determinações de um mundo muito antigo. Hoje, no
Brasil, esses dispositivos bíblicos não têm eficácia alguma, não têm efeito
algum. A mulher brasileira, por exemplo, está longe da mulher bíblica. Só que
as mulheres brasileiras cristãs, por causa da crença, não conseguem ver as
barbaridades bíblicas contra elas. E não conseguem ver porque não fazem uso da
razão, que, segundo Lutero, é a maior inimiga da fé cristã.
Ainda bem que nem tudo
está perdido. Milhares de mulheres brasileiras conseguem ver o quadro triste da
fêmea em toda a Bíblia porque fazem uso da razão, do conhecimento. E, como
exemplos aqui, a Fernanda Soares Dias e a Florisa Braga.
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