Eustáquio
Já que este artigo
aborda questão religiosa, nunca é demais repetir a afirmação do lunático
cristão protestante Martinho Lutero (1483 – 1546):
“A razão é a cortesã
do Diabo. Deveria ser destruída em todos os cristãos. Ela é o maior inimigo da
fé.”
Lutero diz uma verdade! A razão é o maior inimigo da fé religiosa e, no
caso aqui, do cristianismo. É óbvio que ela não é cortesã do Diabo porque os
diabos não existem. Neste artigo, trago um exemplo claro de que a razão
realmente destrói qualquer fé religiosa: a escravidão!
A escravização de seres
humanos é vista, hoje, não só no Brasil, mas também em qualquer lugar
democrático, como algo repugnante, repulsivo, hediondo, macabro e infame. Essa
é a visão atual, mas não era a visão no mundo antigo, bárbaro, em que não havia
as conquistas sociais tão dificilmente adquiridas. Aqui mesmo, no Brasil,
durante 4 séculos, a escravidão se fez presente. Foi trazida pelos portugueses
cristãos católicos que, obviamente, a implantaram na nova terra. Somente no dia
13 de maio de 1888 é que ela chegou ao fim.
Muito bem! Vou mostrar agora que os cristãos não fazem uso da razão, do
raciocínio, conforme afirmou Lutero. Se eu pegar um cristão qualquer, maior de
18 anos de idade, e perguntar a ele qual é sua visão acerca da escravidão, com
certeza ele me dirá que, no Brasil passado, o povo era muito desumano,
perverso, mau porque escravizava os negros e os índios. E o cristão tem toda
razão! Por outro lado, se eu perguntar a esse mesmo cristão o que ele acha da
Bíblia, me dirá que é a palavra de Deus, que é um livro que deve ser louvado,
admirado e seguido à risca por qualquer pessoa. Justamente aqui, caro leitor, o
cristão perde a razão, o raciocínio. Ora, se ele acha repugnante e hedionda a
escravidão, então jamais deveria elogiar a Bíblia porque, de Gênesis ao
Apocalipse, a escravidão está lá, elogiada, incentivada e aplicada. Esse
cristão deveria agir assim, já que odeia a escravidão. Se ele afirma que o povo
antigo do Brasil era muito perverso por praticar a escravidão, deveria,
obviamente, dizer que o povo da Bíblia era também muito perverso por praticar
também a escravidão. A razão exige essa conclusão, mas o cristão abandona a
razão só porque colocaram na cabeça dele que a Bíblia é a palavra de Deus. E aí
a fé religiosa o cega, impedindo que veja uma realidade que está na própria
Bíblia.
Citarei poucos exemplos
bíblicos para evitar um texto extenso. Em Êxodo, capítulo 21, existem várias
leis sobre a escravidão de seres humanos praticada pelos hebreus. No versículo
1, está escrito que os hebreus escravizavam até mesmo seus pares:
“Se comprares um escravo hebreu,
seis anos servirá; mas, ao sétimo, sairá forro, de graça.”
Muito
bem! Mais à frente, em Levítico, capítulo 25, versículos 39 a 55, mais leis
hebraicas acerca da escravidão de seres humanos. No versículo 44, está escrito:
“Quanto aos escravos ou escravas
que tiverdes, virão das nações ao vosso derredor; delas comprareis escravos e
escravas.”
Como se vê, os hebreus escravizavam pessoas de sua
própria sociedade, como também pessoas de outros grupos sociais. E o tratamento
dispensado a eles era diferente. Os escravos hebreus apanhavam menos que os
vindos de outros povos. E assim em todos os textos bíblicos. No Novo
Testamento, a mesma coisa. Em Gálatas, capítulo 4, versículos 30 e 31, o
apóstolo Paulo de Tarso, o real fundador do cristianismo, levanta a bandeira a
favor da escravidão:
“30 Contudo, que diz a
Escritura?
Lança fora a escrava e seu
filho, porque de modo algum o filho da escrava será herdeiro com o filho da
livre.
31 E, assim, irmãos, somos
filhos não da escrava e sim da livre.”
O
apóstolo Paulo aqui faz uma referência à lenda hebraica envolvendo Abraão,
Sara, Hagar, Isaque e Ismael, que está no livro de Gênesis, a partir do
capítulo 16. Nessa lenda, Ismael é filho de Abraão com a escrava Hagar, e
Isaque, filho de Abraão com Sara. No dizer do apóstolo Paulo, como Ismael era
filho de uma escrava, deveria ser lançado fora, juntamente com sua mãe. Jamais
deveria ser equiparado ao filho da mulher livre. E os cristãos ainda dizem que
o apóstolo Paulo era muito bonzinho! Bote bonzinho nisso! Mais à frente, em
Efésios, capítulo 6, versículos 5 a 9, novamente o apóstolo Paulo ergue sua
bandeira a favor da escravidão. Ele dá vários conselhos aos escravos e aos seus
proprietários. No versículo 5, está escrito:
“Quanto a vós outros, servos,
obedecei a vosso senhor segundo a carne com temor e tremor, na sinceridade do
vosso coração, como a Cristo.”
O
apóstolo Paulo, nessa passagem, dá um conselho aos pobres escravos. Eles devem
obedecer com temor e tremor aos seus proprietários, da mesma forma que obedecem
ao Deus hebreu, criado pelos hebreus. Quando morrerem, os escravos irão para o
céu. Por favor, não ria, caro leitor, não ria!
Volto àquele cristão que diz odiar a escravidão. Se ele odeia a
escravidão, se odeia o povo brasileiro antigo que aprovava a escravidão, então
o cristão deveria também odiar o povo antigo da Bíblia, de Gênesis ao
Apocalipse. Não deveria jamais invocar a Bíblia para alguma coisa. Só que a
invoca justamente por abandonar a razão, a racionalidade. E só porque lhe
colocaram na cabeça que a Bíblia é a palavra de Deus.
É fácil ver que deus algum existe! Nem na Bíblia, nem em qualquer livro
religioso, nem fora dos livros religiosos. É o homem que cria deuses conforme
sua cultura. Imagine, uma entidade “espiritual” inteligente e justa decretando
a escravidão de seres humanos, um absurdo, não é mesmo? O que ocorreu aqui, na
Bíblia? O povo hebreu acreditava em vários deuses e, um deles, o Javé. Ao criar
o deus Javé, o povo colocou nele suas características, suas marcas, ou seja, o
povo hebreu praticava escravidão, logo, o deus criado elogiava a escravidão. É
simples assim! Cada povo cria seus deuses conforme seus costumes. Um povo que
tem um olho só, criará um deus caolho. Um povo que tem apenas uma mão, criará
um deus maneta. E, como diz o Kennedy Litaiff, em seu canal “O Mago do Realismo”,
um povo que vive no gelo criará um deus boneco de gelo.
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