sábado, 20 de abril de 2019

O DEUS DOS CRISTÃOS ADORAVA A ESCRAVIDÃO




Eustáquio



                       Já que este artigo aborda questão religiosa, nunca é demais repetir a afirmação do lunático cristão protestante Martinho Lutero (1483 – 1546):


                       A razão é a cortesã do Diabo. Deveria ser destruída em todos os cristãos. Ela é o maior inimigo da fé.”


                       Lutero diz uma verdade! A razão é o maior inimigo da fé religiosa e, no caso aqui, do cristianismo. É óbvio que ela não é cortesã do Diabo porque os diabos não existem. Neste artigo, trago um exemplo claro de que a razão realmente destrói qualquer fé religiosa: a escravidão!
                        A escravização de seres humanos é vista, hoje, não só no Brasil, mas também em qualquer lugar democrático, como algo repugnante, repulsivo, hediondo, macabro e infame. Essa é a visão atual, mas não era a visão no mundo antigo, bárbaro, em que não havia as conquistas sociais tão dificilmente adquiridas. Aqui mesmo, no Brasil, durante 4 séculos, a escravidão se fez presente. Foi trazida pelos portugueses cristãos católicos que, obviamente, a implantaram na nova terra. Somente no dia 13 de maio de 1888 é que ela chegou ao fim.
               Muito bem! Vou mostrar agora que os cristãos não fazem uso da razão, do raciocínio, conforme afirmou Lutero. Se eu pegar um cristão qualquer, maior de 18 anos de idade, e perguntar a ele qual é sua visão acerca da escravidão, com certeza ele me dirá que, no Brasil passado, o povo era muito desumano, perverso, mau porque escravizava os negros e os índios. E o cristão tem toda razão! Por outro lado, se eu perguntar a esse mesmo cristão o que ele acha da Bíblia, me dirá que é a palavra de Deus, que é um livro que deve ser louvado, admirado e seguido à risca por qualquer pessoa. Justamente aqui, caro leitor, o cristão perde a razão, o raciocínio. Ora, se ele acha repugnante e hedionda a escravidão, então jamais deveria elogiar a Bíblia porque, de Gênesis ao Apocalipse, a escravidão está lá, elogiada, incentivada e aplicada. Esse cristão deveria agir assim, já que odeia a escravidão. Se ele afirma que o povo antigo do Brasil era muito perverso por praticar a escravidão, deveria, obviamente, dizer que o povo da Bíblia era também muito perverso por praticar também a escravidão. A razão exige essa conclusão, mas o cristão abandona a razão só porque colocaram na cabeça dele que a Bíblia é a palavra de Deus. E aí a fé religiosa o cega, impedindo que veja uma realidade que está na própria Bíblia.
                       Citarei poucos exemplos bíblicos para evitar um texto extenso. Em Êxodo, capítulo 21, existem várias leis sobre a escravidão de seres humanos praticada pelos hebreus. No versículo 1, está escrito que os hebreus escravizavam até mesmo seus pares:


               “Se comprares um escravo hebreu, seis anos servirá; mas, ao sétimo, sairá forro, de graça.”


               Muito bem! Mais à frente, em Levítico, capítulo 25, versículos 39 a 55, mais leis hebraicas acerca da escravidão de seres humanos. No versículo 44, está escrito:


               “Quanto aos escravos ou escravas que tiverdes, virão das nações ao vosso derredor; delas comprareis escravos e escravas.”


                Como se vê, os hebreus escravizavam pessoas de sua própria sociedade, como também pessoas de outros grupos sociais. E o tratamento dispensado a eles era diferente. Os escravos hebreus apanhavam menos que os vindos de outros povos. E assim em todos os textos bíblicos. No Novo Testamento, a mesma coisa. Em Gálatas, capítulo 4, versículos 30 e 31, o apóstolo Paulo de Tarso, o real fundador do cristianismo, levanta a bandeira a favor da escravidão:



                      “30 Contudo, que diz a Escritura?
                       Lança fora a escrava e seu filho, porque de modo algum o filho da escrava será herdeiro com o filho da livre.
                    31 E, assim, irmãos, somos filhos não da escrava e sim da livre.”


                    O apóstolo Paulo aqui faz uma referência à lenda hebraica envolvendo Abraão, Sara, Hagar, Isaque e Ismael, que está no livro de Gênesis, a partir do capítulo 16. Nessa lenda, Ismael é filho de Abraão com a escrava Hagar, e Isaque, filho de Abraão com Sara. No dizer do apóstolo Paulo, como Ismael era filho de uma escrava, deveria ser lançado fora, juntamente com sua mãe. Jamais deveria ser equiparado ao filho da mulher livre. E os cristãos ainda dizem que o apóstolo Paulo era muito bonzinho! Bote bonzinho nisso! Mais à frente, em Efésios, capítulo 6, versículos 5 a 9, novamente o apóstolo Paulo ergue sua bandeira a favor da escravidão. Ele dá vários conselhos aos escravos e aos seus proprietários. No versículo 5, está escrito:


              “Quanto a vós outros, servos, obedecei a vosso senhor segundo a carne com temor e tremor, na sinceridade do vosso coração, como a Cristo.”


               O apóstolo Paulo, nessa passagem, dá um conselho aos pobres escravos. Eles devem obedecer com temor e tremor aos seus proprietários, da mesma forma que obedecem ao Deus hebreu, criado pelos hebreus. Quando morrerem, os escravos irão para o céu. Por favor, não ria, caro leitor, não ria!
                 Volto àquele cristão que diz odiar a escravidão. Se ele odeia a escravidão, se odeia o povo brasileiro antigo que aprovava a escravidão, então o cristão deveria também odiar o povo antigo da Bíblia, de Gênesis ao Apocalipse. Não deveria jamais invocar a Bíblia para alguma coisa. Só que a invoca justamente por abandonar a razão, a racionalidade. E só porque lhe colocaram na cabeça que a Bíblia é a palavra de Deus.
                 É fácil ver que deus algum existe! Nem na Bíblia, nem em qualquer livro religioso, nem fora dos livros religiosos. É o homem que cria deuses conforme sua cultura. Imagine, uma entidade “espiritual” inteligente e justa decretando a escravidão de seres humanos, um absurdo, não é mesmo? O que ocorreu aqui, na Bíblia? O povo hebreu acreditava em vários deuses e, um deles, o Javé. Ao criar o deus Javé, o povo colocou nele suas características, suas marcas, ou seja, o povo hebreu praticava escravidão, logo, o deus criado elogiava a escravidão. É simples assim! Cada povo cria seus deuses conforme seus costumes. Um povo que tem um olho só, criará um deus caolho. Um povo que tem apenas uma mão, criará um deus maneta. E, como diz o Kennedy Litaiff, em seu canal “O Mago do Realismo”, um povo que vive no gelo criará um deus boneco de gelo.

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