Eustáquio
Já que o tema tratado
aqui é de caráter religioso, nunca é cansativo repetir a afirmação do lunático
cristão protestante Martinho Lutero (1483 – 1546):
“A razão
é a cortesã do Diabo. Deveria ser destruída em todos os cristãos. Ela é o maior
inimigo da fé.”
Como se vê, os cristãos não fazem uso da razão, da
racionalidade. No dizer de Lutero, ela é o maior inimigo da fé cristã. Isso
explica os absurdos cometidos por líderes religiosos e seus seguidores. No
vídeo “A onisciência de deus X livre-arbítrio” publicado pelo Léo, ontem, domingo, dia 21 de abril
do corrente ano (2019), em seu canal “LeoAdventures”, com duração de 10 minutos
e 19 segundos, surge mais uma prova de que a crença religiosa é equiparada a um
estado de demência, como bem afirmou, há quase um século, Sigmund Freud (1856 –
1939).
Para quem tem juízo, o
vídeo é extremamente cômico, engraçado. Ri tanto que, por várias vezes, levei
minha mão direita aos meus dois olhos esverdeados para que as lágrimas não
escorressem ao longo de meu rosto. O Léo, que é um ateu gaiato, no finalzinho
do vídeo, ainda colocou imagens de um vídeo meu. Adorei! Nesse vídeo, Léo
mostra trechos de um vídeo em que o pastor cristão Leandro Quadros explica que
não existe atrito, choque, contradição entre a onisciência do Deus bíblico e o
livre-arbítrio. A Rede Globo de Televisão não tem a menor ideia do que está
perdendo. Com a morte do inesquecível cearense Chico Anysio (1931 – 2012),
acabaram-se os bons programas de humor. A Globo deveria contratar esses líderes
cristãos para que o humor voltasse com carga total. No início do vídeo, antes
de mostrar os trechos do vídeo do pastor, no tempo de 1 minuto e 27 segundos, Léo,
com maestria, deixa claro o choque entre onisciência de Deus e livre-arbítrio:
“Porque, se Deus sabe de todas
as coisas, então eu não tenho livre-arbítrio. Entendeu! Nada do que faça, irá
surpreender Deus porque ele já sabe o que vai acontecer.”
Como afirmei acima, o Léo hoje é
um ateu. Porém, durante longos anos foi um cristão evangélico fervoroso. Graças
à razão, conseguiu desvencilhar-se desse mundo ilusório que aliena e explora
suas vítimas. Por ser hoje ateu, Léo trabalha com o Deus da Bíblia apenas de
forma hipotética a fim de anular as afirmações de religiosos cristãos. Na
verdade, o Deus da Bíblia, criado pelos hebreus, em toda a narrativa bíblica
perde a onisciência. Mas, já que os cristãos pregam que seu deus é onisciente,
então o Léo resolve trabalhar com essa afirmação. E aí surge o atrito, o
choque, a contradição. Onisciência de Deus e livre-arbítrio do ser humano são
coisas que se chocam, que se anulam. Veja bem o que Léo diz:
“Nada do que faça, irá
surpreender Deus porque ele já sabe o que vai acontecer.”
Perfeito, o Léo! Vamos tornar
isso mais claro com um exemplo bem simples. Peguemos o Deus hebreu na época do
lendário Abraão. Por volta de 6 mil anos. Vamos colocar a onisciência nesse
deus. Portanto, há 6 mil anos, Deus já sabia que, no dia 20 de abril de 1889,
nasceria na Áustria um menino que se chamaria Adolf Hitler e que, na fase
adulta, iria mandar matar mais de 6 milhões de judeus, seu povo. Deus sabia, ou
não sabia? Claro que sabia! Se Deus sabia que Adolf Hitler iria cometer aquelas
atrocidades, Hitler não teria a menor condição de evitar esse caminho porque,
na mente de Deus, esse caminho já estava traçado. Ou seja, Hitler não teve o
livre-arbítrio diante da onisciência do Deus. Para ficar mais claro ainda, Deus
traçou, em sua mente, o caminho de Adolf Hitler: nascimento na Áustria,
juventude em Viena, vida adulta na Alemanha, ingresso em partido político,
ascensão no Nazismo e extermínio de judeus, comunistas, Testemunhas de Jeová e
ciganos. Tudo isso estava registrado na mente de Deus. E aí apareceu Hitler
para tão-somente cumprir aquele caminho que já estava traçado na mente de Deus.
Simples assim! Quem não entender isso, deve ser hospitalizado numa clínica
psiquiátrica. Como disse o Léo, “Deus já sabe o que vai acontecer”. Se Deus já
sabe o que vai acontecer, nenhum ser humano poderá agir de forma diferente,
nada de livre-arbítrio, de vontade livre e própria.
Vamos agora ver as
explicações do pastor Leandro Quadros. Aconselho que você, leitor, pegue um
lenço para sugar suas lágrimas porque você rirá muito, como também eu o fiz. No
tempo de 5 minutos e 47 segundos, o pastor diz:
“Realmente, meu irmão, é muito
pra nós tentarmos compreender os atributos divinos, como onisciência,
onipresença e onipotência. Os atributos divinos realmente são misteriosos pra
nós. E, por mais que tentemos explicar, nós não conseguimos.”
Ri muito com esse discurso do
pastor Leandro Quadros. E estou rindo muito neste momento. Como tudo não passa
de bobagens religiosas, o pastor já vem logo afirmando que a coisa é complexa.
Ora, ninguém tem culpa pelo fato de os hebreus criarem loucuras que a própria
Bíblia revela. Na verdade, não se explicam loucuras, idiotices. Como é
impossível defender loucuras religiosas, o pastor tenta sair pela tangente,
dizendo que “os atributos divinos realmente são misteriosos pra nós.” Na
verdade, nada existe de misterioso. É fácil explicar essa maluquices. O homem
hebreu criou mais um deus, atribuindo a ele características próprias e
características inerentes aos deuses. As inerentes aos deuses são: onisciência,
onipresença e onipotência. Essas são as características dos deuses, e não só do
Deus hebreu. Só que a Bíblia, de Gênesis ao Apocalipse, em seus relatos, anula
essas características. Ou seja, o Deus hebreu perde a onisciência, a onipresença
e a onipotência. O Deus hebreu não tem a menor ideia do que vai ocorrer daqui a
um segundo, minuto, hora ou dia. Imagine anos e séculos. E a Bíblia, que é o
melhor livro de ateísmo do mundo ocidental, está aí para provar essa verdade. Só
para você ter uma ideia, caro leitor, vamos ao primeiro livro, Gênesis. Nessa
lenda hebraica, Deus está sozinho, nada existe ainda, somente o Deus (não ria,
por favor). Deus está só, e aí resolve criar todas as coisas. Cria a Terra,
água, luz, estrelas, animais irracionais, o homem etc. E a Bíblia diz que Deus
achou tudo muito bom. Só que, mais tarde, por causa da obra do homem, esse
mesmo Deus se arrepende do que fez. Percebeu, leitor, como Deus perdeu sua
onisciência. Vamos voltar ao início. Quando Deus estava sozinho, ele não sabia
que, mais tarde, iria se arrepender de sua criação. Quando ele fez o homem, não
sabia que o homem iria estragar tudo. Se soubesse, então teria preferido
continuar vivendo sozinho. Não teria feito o homem! E a lenda hebraica é tão
fraca e ingênua que ainda diz que Deus, apenas por causa da ação do homem,
resolveu destruir plantas e animais irracionais. Ora, destruir plantas e matar
animais irracionais porque o homem fez isso e aquilo, é maluquice total que nem
Adolf Hitler foi capaz de fazer. Repito: em toda a Bíblia, o Deus hebreu perde
todos os seus atributos. Para evitar um texto mais longo, veja outro exemplo
bíblico em que Deus perde a onisciência, ou seja, não sabe o que vai ocorrer
daqui a um minuto. Vamos à lenda que está em Êxodo, em que Deus conversa com
Moisés. No capítulo 4, Deus concede poderes a Moisés para que os mostre ao
Faraó para que ele deixe o povo hebreu partir do Egito. E são dois os poderes
neste capítulo: a transformação do bordão em serpente e a mão que se torna
leprosa. Deus pede que Moisés vá ao Faraó e lhe mostre esses sinais. Veja agora
como Deus perde a onisciência nos versículos 8 e 9:
“8 Se eles te não crerem, nem
atenderem à evidência do primeiro sinal, talvez crerão na evidência do segundo.
9 Se nem ainda crerem
mediante estes dois sinais, nem te ouvirem a voz, tomarás das águas do rio e as
derramarás na terra seca; e as águas que do rio tomares tornar-se-ão em sangue
sobre a terra.”
Deus
perdeu totalmente a onisciência. Ele diz a Moisés que, se Faraó não acreditar
no primeiro sinal, talvez acreditará no segundo. Ou seja, Deus não sabe qual
será a atitude do Faraó. E ele diz também a Moisés que, se Faraó não acreditar
nos dois sinais, aí partirá para outro sinal: a transformação das águas de rios
em sangue. E continua o festival de fantasias infantis bíblicas. No tempo de 6
minutos e 23 segundos, o pastor Leandro diz:
“O irmão está vendo a
onisciência de Deus como sendo causativa. Se a onisciência de Deus é causativa,
ou seja, por ele saber as coisas acontecem, então realmente o livre-arbítrio
não existiria. Não teria como.”
Como não há saída para o pastor
Leandro Quadros, ele inventa uma tal de onisciência “causativa”! Causativa???
Que maluquice! Onisciência é conhecimento antecipado. Apenas prévio
conhecimento e nada mais. Não existe esse negócio de prévio conhecimento que
causa alguma coisa. Se o Deus bíblico sabia que Hitler iria cometer crimes,
eliminou de Hitler o livre-arbítrio, já que este não podia ter agido de forma
diferente. Hitler surgiu apenas para seguir os caminhos já traçados pelo
desígnio de Deus. No tempo de 6 minutos e 44 segundos, o pastor deixa registrado:
“Agora,
se entendermos que a onisciência de Deus não é causativa, aí não veremos
incompatibilidade com a onisciência e o livre-arbítrio. Por quê? Porque as
coisas acontecem, na nossa história, não por que Deus as prevê, mas Deus as
prevê porque elas vão acontecer.”
Como é que é, pastor? Quer dizer,
então, que as coisas ocorrem não por que Deus as prevê, mas as prevê porque
elas vão ocorrer? Como afirmei acima, a Rede Globo de Televisão está perdendo
um grande humorista! Diz o pastor que não há incompatibilidade entre a
onisciência de Deus e o livre-arbítrio das pessoas porque Deus apenas prevê o
que vai ocorrer. Estou rindo demasiadamente! Para explicar isso direitinho,
voltemos ao exemplo com Hitler. Há 6 mil anos, o Deus hebreu já sabia que Adolf
Hitler iria praticar atrocidades. O caminho a ser trilhado por Hitler já estava
na mente de Deus. O que restava a Hitler? Ele poderia ter se desviado desse
caminho? Como ele poderia se afastar desse desígnio, se já estava traçado na
mente de Deus? Nessa maluquice religiosa, Hitler apareceu tão-somente para
cumprir o que estava reservado a ele. Não se trata de Deus ser o responsável
pela conduta de Hitler, mas de Hitler não ter alternativa alguma para sair
dessa conduta. Simples assim! E, para piorar a situação, o pastor Leandro
afirma, no tempo de 7 minutos e 57 segundos:
“Deus sabe o transcurso da
história. Agora, Deus também sabe que ele tem poder suficiente para mudar o
curso da história, se o pecador assim se arrepender.”
O pastor diz que o Deus dele tem
poder suficiente para mudar o curso da história, ou seja, tem o poder para
mudar o comportamento de qualquer pessoa, até mesmo de Adolf Hitler. Sem
perceber, de forma indireta, o pastor está transferindo a responsabilidade das
condutas das pessoas ao Deus hebreu! Está eliminando o livre-arbítrio das
pessoas. Que absurdo! Se, como ele afirma, o Deus hebreu tem o poder suficiente
para mudar o comportamento de um criminoso, e não o faz, a culpa é exclusiva
dessa entidade. Assim, Hitler praticou as maldades porque o Deus hebreu não
quis mudar esse curso. Para aumentar mais ainda o absurdo da afirmação do
pastor, peguemos, como exemplo, uma pessoa com deficiência mental,
completamente louca. Esse doente mental matou 10 pessoas e estuprou 30
mulheres. Por ser maluco, ele não pode ser responsabilizado por esses crimes. É
recolhido para tratamento. A culpa, segundo a mentalidade do pastor Leandro, é
do Deus bíblico porque poderia ter mudado o curso das condutas do maluco, e não
o fez.
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