Eustáquio
Prezado leitor,
Na foto abaixo, à esquerda, o
Cemitério São José, e, à direita, a loja de compensados “O Tintão”, ambos situados na Rua Anaihd Andrade, no
centro de Sobral, bem próximos do Mercado Municipal.
Esse lugar me traz maravilhosas recordações.
À sua direita, caro leitor, você vê hoje a loja “O Tintão”, frente a frente
com a porta de entrada do cemitério. Em 1975, quando eu estava com 19 anos de
idade, no lugar dessa loja, funcionava o Tiro de Guerra nº 10-011, uma unidade
do Exército brasileiro destinada aos jovens que estavam prestando o serviço
militar obrigatório. Comecei a cumprir ali o serviço militar no dia 6 de junho
de 1975, terminando em 30 de novembro do mesmo ano.
Eu desejava muito cumprir o
serviço militar. Fiquei com bastante medo de ser dispensado, já que era muito
magro. Porém, deu tudo certo. Naquele Tiro de Guerra, havia 4 sargentos:
Alexandre, Passos, Eliel e Assis. Cada sargento ficava responsável por um
determinado grupo de soldados. O responsável pelo meu grupo era o sargento
Alexandre, homem de fino trato e muito amigo de meu irmão José Lins Neto, mais
conhecido por Deca, que mora hoje na cidade de Imperatriz, no Maranhão. Na
terceira semana de Tiro de Guerra, houve um concurso interno para o posto de
cabo. Havia 4 vagas, ou seja, um cabo para cada sargento. 12 soldados
concorreram, e eu fui um deles. A prova foi muito simples: uma redação sobre o
serviço militar e conhecimentos gerais. Obtive o 1º lugar, e fui designado para
trabalhar com o sargento Alexandre. Os 4 cabos e os soldados não recebiam
remuneração, nem 1 centavo, nem 1 real. Uma pobreza danada. Todos os dias, de
segunda a sexta, nós deveríamos estar na unidade às 5 horas da manhã. Eu morava
com minha família na Rua Maria Tomásia, numa casa alugada, defronte para a casa
do enfermeiro Antônio Arquelau. Acordava precisamente às 4 horas da madrugada.
A primeira coisa que eu fazia, quando me levantava, era abrir os olhos, claro. Depois,
partia para o banheiro todo estragado. Enquanto tomava um banho, com água muito
fria, minha mãezinha (Gerarda Alves Lins) interrompia seu sono apenas para
preparar meu café. Amor de mãe, o amor mais puro, mais sincero e mais forte que
existe! Mamãe fazia um cafezinho gostoso, que eu tomava acompanhado por um
pãozinho amanteigado. Que delícia! Após o café, eu vestia a calça e a camisa
verdes, pertencentes ao Exército, colocava os dois coturnos (botas) pretos e o
quepe (boné) preto. Exatamente, às 4h 30 da madrugada, eu abria a porta de
entrada da casa, saindo, a pé, à esquerda, pela minha rua Maria Tomásia. Subia pela
Avenida Boulevard Pedro II, hoje, Avenida Dr. Guarani. Passava pela Praça do
Teatro São João, pegando a Avenida Dom José, e chegando à Praça Coluna da Hora.
Dali, continuava caminhando pela Rua Coronel Ernesto Deocleciano, passando pelo
Cine Alvorada e chegando ao prédio mais lindo de Sobral, o Palace Club, hoje,
Palácio de Ciências e Línguas Estrangeiras, onde há uma pracinha. Dali, eu
entrava na Rua General Tibúrcio e virava à direita, na Rua Anaihd Andrade, onde
estava situado o Tiro de Guerra. Para fazer esse percurso, eu gastava uns 15
minutos, ou seja, chegava 15 minutos antes do horário estabelecido. Às 5 h 30,
eu colocava meu grupo de soldados em ordem porque os sargentos chegavam às 6
horas da manhã. Os cabos estavam livres da faxina e do horário noturno. Sem que
o sargento Alexandre soubesse, mudei isso. Eu era o único cabo que fazia faxina
e, durante o plantão noturno, entrava na lista para ficar de vigia. Seria
horrível de minha parte, ficar dormindo no alojamento, enquanto meus colegas
permaneciam acordados durante algumas horas. Se estávamos no mesmo barco,
deveríamos remar juntos e unidos. Durante dois dias na semana, havia a prática
de inúmeros exercícios com as mãos livres, com bastão e com fuzil. Era uma
relação extensa de exercícios. Eu memorizei todos e treinei bastante. Por isso
mesmo, fui indicado para ser o guia. Nós colocávamos uma madeira longa sobre os
cavaletes, defronte à porta do cemitério. Eu subia na madeira, ficando num
nível mais elevado que meus colegas. A cada exercício que eu fazia, a turma me
acompanhava. Haja garganta para produzir os gritos que deveriam ser altos. Enfim,
guardo muitas recordações daquela época. Há muito o que escrever aqui acerca do
que vivenciei ali. No final de novembro de 1975, concluímos o serviço militar.
A festa de solenidade foi realizada na Praça Coluna da Hora. Foi armado um
palanque. Nele, os 4 sargentos, o prefeito de Sobral (José Parente Prado) e
outras autoridades. Na ocasião, eu mais 4 pessoas recebemos o diploma de honra
“Ao Mérito” pelo excelente comportamento durante a prestação do serviço
militar.
VALEU PROFESSOR ABRAÇOS AMIGO
ResponderExcluirA FOTO NÃO APARECEU NO BLOG PROFESSOR
ResponderExcluir