Eustáquio
Caro leitor,
Este é o 2º artigo da série “As
Igrejas Cristãs e a Lavagem Cerebral”.
Em meu vídeo “Jair Bolsonaro e Jesus ‘Cristo’”, publicado no dia 16 de janeiro do corrente
ano (2019), há 2 dias, o ex-pastor Ronin fez um belo e extenso comentário cujo
parágrafo inicial é o seguinte:
“é certo
mesmo que a passagem de Jesus com a mulher adultera foi acrescentada por um
escriba, entrou na cópia posterior e permaneceu como se fosse uma história
verídica”.
O ex-pastor Ronin
afirma algo que é do conhecimento de qualquer pessoa séria que estuda a Bíblia
com amor, responsabilidade e seriedade. Todos os teólogos sérios sabem que o
relato sobre a mulher adúltera, que está somente no evangelho de João, trata-se
de mais uma lenda bíblica que não existia nos textos originais, mas que foi
incluída muitos anos depois. Ou seja, essa lenda foi acrescentada por copistas
posteriores. É fácil ver que Deus algum existe e que Deus algum inspira ou
orienta alguém a escrever livros. Estudos sérios mostram o porquê de a lenda
sobre a mulher adúltera ter sido introduzida no Novo Testamento muito tempo
depois. Analisarei aqui apenas os erros ingênuos da narrativa lendária. No evangelho
de João, e somente nele, essa lenda se localiza no capítulo 8. É dito ali que
Jesus estava no templo, ensinando para várias pessoas. De repente, chegaram os
escribas e os fariseus, trazendo uma mulher que fora pega em adultério. A
mulher ficou em pé, diante de Jesus. Eles disseram a Jesus que ela havia sido
pega em adultério, e que a lei da época estabelecia pena de morte por
apedrejamento. E perguntaram a Jesus o que ele achava? Jesus ficou em silêncio.
Os escribas e fariseus insistiram na pergunta. Então, Jesus respondeu:
“Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire
pedra.”
Líderes religiosos enganam os fiéis, ao afirmarem que essa resposta de
Jesus é de uma inteligência fora de série. Ao contrário, caro leitor! A
resposta de Jesus acima, na lenda, é profundamente infantil e errônea. Uma
mulher cometeu o crime de adultério. Se cometeu um crime, então deveria ser
punida de acordo com as leis da época. Deveria ter sido apedrejada até à morte.
E o que fez ingenuamente Jesus? Ele absolveu uma criminosa, já que os
executores da pena eram pecadores. Se eram pecadores, então não poderiam atirar
pedras em alguém. Jesus, então, com suas palavras, absolveu todos os criminosos
e impediu que eles pagassem por seus crimes por mais terríveis que fossem. Se
essa afirmação de Jesus fosse levada a sério, então a sociedade judaica teria
desaparecido do mapa naquela época. Todos os criminosos agiriam livremente
porque não poderiam sofrer punições por partes dos agentes de segurança da
época porque todos eram pecadores, não podendo apedrejar sequer uma pessoa. Entendeu
a desgraça, caro leitor? Explicarei melhor com um exemplo de hoje, aqui, no
Brasil. No dia 31 de outubro de 2002, na capital paulista, a jovem Suzane Von
Richthofen abriu a porta da mansão onde morava, permitindo a entrada dos irmãos
Cravinhos: Daniel, seu namorado, e Cristian. Os pais dela (Manfred Richthofen e
Marísia) estavam em seu quarto, dormindo, após um dia de muito trabalho. Sob as
ordens da própria filha Suzane, os dois irmãos foram ao quarto onde dormiam os
pais de Suzane e, com barras de ferro, afundaram o cérebro das vítimas,
matando-as em poucos minutos. Agora, eu pergunto: qualquer ser humano fica
indignado diante de tamanha perversidade, não é mesmo? Qualquer ser humano
deseja que os três criminosos sejam punidos, não é mesmo? Eu sou a favor da
pena de morte, mas eles foram condenados à prisão. Pois bem! Se você, caro
leitor, fosse levar em consideração as palavras de Jesus, então esses 3
criminosos não poderiam jamais sofrer condenação alguma. Deveriam ficar livres.
Por quê? Ora, porque o delegado de polícia é um pecador, logo, não deveria
abrir o inquérito. Quem o delegado pensa que é, senão um pecador. Se ele é
também um pecador, então não pode atirar pedra em outros pecadores. O promotor de Justiça também é um pecador,
logo, não poderia oferecer denúncia contra os criminosos. Quem o promotor de
Justiça pensa que é, senão também um pecador. Se é pecador, então não pode atirar
pedra em outros pecadores. O juiz de Direito também é um pecador, logo, não
deveria condenar os 3 criminosos. Quem o juiz de Direito pensa que é, senão um
pecador. Se é pecador, então não pode atirar pedra em outros pecadores.
Percebeu, leitor, a ingenuidade da lenda? E assim por diante. O ex-juiz Sergio
Moro não deveria ter condenado vários criminosos ao longo de sua carreira
porque é um pecador. Se é um pecador, não pode condenar outros pecadores, não
pode atirar pedra sobre outros pecadores. É essa maluquice que está na lenda da
mulher adúltera. Percebeu, leitor, a ingenuidade do relato lendário? E existem
mais ingenuidades, mas paro por aqui para evitar um artigo muito longo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário