Eustáquio
Caro Ronin,
Ontem, sábado, dia 11 de maio
do corrente ano (2019), em meu vídeo “Jair Bolsonaro e Jesus
‘Cristo’”, você fez o seguinte comentário:
“Eu tenho
um livro aqui que fala de Freud. Um livro cristão. Eles tentam pegá-lo em
contradição. Quando eu disse que precisamos de pessoas como vc, eu me referi na
inteligência, na educação e na forma de se expressar. Conheço vários ateus aqui
no yt, e sei como se comportam, mas só achei vc e Salatiel Junior como pessoas
maduras. Pode ter outros, não sei. Vai ser uma tarefa difícil, mas é melhor uma
população com um pensamento mais crítico do que entregue nas mãos de líderes
religiosos com más intensões. Eu penso que religião não é pra qualquer um. Se a
pessoa não tomar cuidado ela deixa o indivíduo como você falou, que seria uma
pessoa com sérios problemas psicológicos. Se a pessoa não souber lidar com
religião, se torna exatamente igual a muitas pessoas que postaram comentários
naquela página sua, e por aí vai. É realmente um perigo, pode deixar a pessoa
sem discernimento, pode achar que é certo fazer o mal em nome de Deus, atacar
os outros, ofender os outros, manipular, ser manipulado, perder bens materiais,
se afastar de familiares em nome da religião, enlouquecer... Se é pra pessoa
ser um mal religioso, ou terminar se destruindo por causa de religião então é
melhor essa pessoa cair fora, procurar algo que a faça um ser humano melhor. Um
abraço”
Há alguns dias, escrevi a você que Sigmund Freud (1856 – 1939), médico
neurologista e psicanalista, judeu e ateu, afirmou com exatidão que a crença
religiosa conduz o homem a um estado semelhante ao de amência, demência. Em
razão desse comentário meu, você escreveu o que está registrado acima. A
essência de seu comentário confirma a afirmação freudiana. Você diz:
“Eu penso que religião não é pra qualquer um. Se a pessoa não
tomar cuidado ela deixa o indivíduo como você falou, que seria uma pessoa com
sérios problemas psicológicos. Se a pessoa não souber lidar com religião, se
torna exatamente igual a muitas pessoas que postaram comentários naquela página
sua, e por aí vai. É realmente um perigo, pode deixar a pessoa sem
discernimento, pode achar que é certo fazer o mal em nome de Deus, atacar os
outros, ofender os outros, manipular, ser manipulado, perder bens materiais, se
afastar de familiares em nome da religião, enlouquecer.”
Muito bem, caro Ronin! Você mesmo traz um rol dos efeitos catastróficos
da crença religiosa. Freud, que deixou de existir há 80 anos, quase um século,
ficaria muito feliz ao ler seu comentário. Eis, Ronin, seu rol de problemas que
a religião pode causar a um ser humano:
a)
sérios problemas psicológicos;
b)
ausência de discernimento;
c)
perda de bens materiais;
d)
afastamento dos familiares;
e)
atos de violência.
Ronin, como estou tratando de
cristianismo, então vou me ater a essa religião. Você mesmo, que já foi pastor
evangélico, tem a ciência de que o fiéis evangélicos são, em grande parte,
extremamente fanáticos. Já os fiéis católicos são mais moderados, mais calmos. Em
qualquer lugar do Brasil, é fácil ver essa realidade. E eu a vejo em minha
própria família. Nasci num lar cristão católico, em Sobral, cidade do interior
do Ceará. Minha mãe, dona Gerarda, teve 19 filhos. Atualmente, apenas 8 vivos. Minha
mãe ia a missas nos domingos e às vezes me levava porque eu estava com apenas 8
anos de idade. Meus irmãos maiores não iam. Porém, todos eram cristãos católicos.
Acreditavam na Bíblia, no Deus dos hebreus. Em minha casa, havia uma Bíblia
aberta sobre um móvel, mas obviamente ninguém a lia, apenas eu. E atualmente
meus 7 irmãos continuam católicos e também continuam não lendo a Bíblia. Pois
bem! Nessa família católica, jamais um sequer de meus irmãos apresentou
fanatismo religioso. Na casa de cada um deles, há uma Bíblia aberta sobre um
móvel, com páginas amareladas e ressecadas pelo tempo. Meus irmãos acham que a
Bíblia é a palavra de Deus, mas, no fundo, não dão a mínima importância a ela
porque não a leem. Eles sabem que eu sou o único ateu da família. Não comento
sobre a crença deles. Não faço crítica alguma. Ao contrário, eu, não raro, compro
imagens de “santas” e dou para minha irmã que mora em Sobral. Eu entendo a
ilusão religiosa de meus irmãos. Pois bem! São cristãos católicos e não mostram
um traço sequer de fanatismo, de ódio, de mágoa em relação a mim. Para ser
sincero, eu, o ateu, sou o irmão mais querido por todos. Isso prova que os
cristãos católicos, em sua quase totalidade, não são fanáticos.
Em relação aos cristãos
evangélicos e aos cristãos protestantes, não posso afirmar a mesma coisa. Em
Sobral, em Fortaleza e em Brasília, são muitos os casos que já presenciei de
fanatismo evangélico. Um cristão pertence a uma dessas porcarias qualquer
(Igreja Adventista, Assembleia de Deus, Universal do Reino de Edir Macedo,
Internacional da Graça de Deus e outras) e passa a odiar seus próprios irmãos
que não aderem à igreja dele. Eis aí a crença religiosa trazendo ódio entre os
próprios familiares, que vivem sob o mesmo teto. Repito, isso ocorre com
frequência em lares evangélico e protestante, mas não em lares cristãos
católicos. Em minha página no You Tube, é fácil encontrar centenas de
comentários de internautas, afirmando que, por serem ateus, são odiados por
pais e irmãos evangélicos. Trago, como exemplo, o internauta Richard Hoffman. Há
algum tempo, ele escreveu para mim, comentando que sua única filha se tornou
uma evangélica, e que, depois disso, deixou de falar com ele, de se comunicar
com ele simplesmente por ser um ateu. Com certeza, isso não ocorreu durante
todo o tempo em que sua filha permaneceu católica. Ela só apresentou fanatismo
religioso quando deixou o catolicismo e ingressou no mundo evangélico.
Suas observações, Ronin, são
muito boas, por isso irei dividir este artigo em várias partes, e aqui a primeira
parte. É preciso que eu analise cada ponto para mostrar claramente que Sigmund
Freud acertou em cheio em seu maravilhoso estudo acerca da fantasia religiosa,
que aliena, explora e bestializa seus portadores.
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