Eustáquio
Caro Ronin,
Ontem, sábado, dia 11 de maio
do corrente ano (2019), em meu vídeo “Jair Bolsonaro e Jesus
‘Cristo’”, você fez um comentário que apresentei, na íntegra, no
1º artigo. Você mesmo, Ronin, apresentou um rol de efeitos catastróficos que a
religião pode causar a um ser humano, a saber:
a)
sérios problemas psicológicos;
b)
ausência de discernimento;
c)
perda de bens materiais;
d)
afastamento dos familiares;
e)
atos de violência.
No primeiro artigo,
fiz uma rápida abordagem acerca do problema constante do item “d”: afastamento
dos familiares. Neste, farei uma rápida explanação acerca do problema que está
no item “b”: ausência de discernimento. A palavra “discernimento” é um substantivo formado a partir do
verbo “discernir”. E o que quer dizer o verbo “discernir”? Ora, discernir é sinônimo de distinguir, medir,
diferenciar, avaliar, perceber etc. No mundo das religiões, esse verbo é desprezado,
ou seja, fiéis religiosos sofrem de ausência de discernimento. Por desprezarem
a razão, o raciocínio, esses fiéis estão a anos-luz do discernimento. Já que
estou tratando de cristianismo, então ater-me-ei a essa religião. Pego aqui um
cristão evangélico porque é mais fanático do que um cristão católico. Um pastor
evangélico diz a esse cristão que a Bíblia é a palavra de Deus, razão pela qual
não apresenta contradições e erros. O fiel passa mesmo a acreditar nas palavras
de seu pastor e, pior, propaga essa ignorância por onde passa. Esse fiel
evangélico simplesmente aceita as palavras de seu líder religioso. Não elabora
um estudo, não faz uma pesquisa, enfim, não faz esforço algum para verificar se
aquele pastor diz a verdade ou não. Enfim, a ausência de discernimento é a
marca característica do fiel evangélico. Se esse fiel evangélico passasse a
fazer uso do discernimento, a estudar a Bíblia com afinco, a avaliar seus
textos, a compará-los, com certeza chegaria à conclusão de que seu pastor o
está conduzindo ao erro. Quem estuda a Bíblia com discernimento, avaliando seus
textos, distinguindo-os, medindo-os, diferenciando-os, verá facilmente que ela
não é a palavra de Deus e que está recheada de lendas, mitos, alegorias,
fábulas, contradições, discrepâncias, hipérboles, anacronismos e erros das mais
variadas espécies. Eu mesmo mostro em meus vídeos e artigos que livros
evangélicos só levam os fiéis ao erro. E pego livros não de principiantes, mas
de teólogos cristãos fundamentalistas norte-americanos, doutores em teologia, famosos
no mundo evangélico, um deles, o Norman Geisler. O Geisler gastou 40 anos de
sua vida para escrever o livro “Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e ‘Contradições” da Bíblia.” Em todo o livro,
Geisler se esforça para propagar aos fiéis evangélicos que a Bíblia é a palavra
de Deus, por isso não contém contradições e erros. Ora, ao contrário da
intenção dele, de capa a capa, seu livro é uma prova de que a Bíblia está
lotada de lendas, mitos, contradições e erros inúmeros. As explicações do
Geisler são muito infantis e engraçadas porque é impossível a um ser humano mostrar
que a Bíblia é o que o Norman Geisler diz ser. Na verdade, de Gênesis ao
Apocalipse, a Bíblia está lotada de lendas, daí as ingenuidades, as
infantilidades que saltam aos olhos. Os cristãos não as veem porque não trabalham
com o discernimento, com a razão, com o raciocínio. Eles estão contaminados
pela fé religiosa, que os cega totalmente. Eu poderia muito bem mostrar cada
lenda bíblica, desde Gênesis, mas isso exigiria milhares de artigos. Porém,
mostro muitas por meio de vídeos e artigos. Neste artigo, caro Ronin, trarei
apenas um relato lendário bíblico, ou seja, um fato que nunca existiu, mas que
os teólogos fundamentalistas cristãos evangélicos, em sua loucura, pregam aos
fiéis como se tratasse de um fato real: a maldição de Jesus a uma árvore! Só o
título já mostra uma maluquice total! Pois bem! No evangelho de Mateus,
capítulo 21, versículos 18 e 19, está escrito:
“18 Cedo de manhã, ao voltar para a cidade,
teve fome;
19 e, vendo uma figueira à beira do caminho,
aproximou-se dela, e, não tendo achado senão folhas, disse-lhe: Nunca mais
nasça fruto de ti! E a figueira secou imediatamente.”
Ora, caro Ronin! Esse relato lendário é tão infantil e bobo que os
organizadores dos livros do Novo Testamento deveriam ter retirado da Bíblia. Mas,
se tivessem feito isso, hoje não haveria quase nada na Bíblia, em razão do
grande número de lendas. Ora, uma pessoa que faz uso do discernimento, ou seja,
uma pessoa que raciocina, que avalia, que diferencia, que compara, percebe
facilmente que essa lenda boba anula duas características que os próprios
cristãos empregam a Jesus: a sanidade mental e a onisciência. Os cristãos, em
sua fé religiosa, pregam que Jesus é o filho de Deus, mentalmente sadio e
onisciente. Ora, a lenda acima aniquila a sanidade mental de Jesus e sua
onisciência. É dito que, cedo da manhã, ao voltar para Jerusalém, Jesus estava
com muita fome. Caminhando com seus discípulos, no meio do caminho, ao longe,
avistou uma árvore, uma figueira. Jesus pensou que aquela figueira estava
repleta de figos. Aproximou-se dela e teve uma grande decepção: só havia
folhas, e não figos. Revoltado, Jesus jogou uma maldição contra a árvore, e ela
secou imediatamente. Ora, qualquer pessoa mentalmente sadia vê facilmente que
essa lenda destrói a onisciência de Jesus e sua sanidade mental. Jesus era uma
pessoa completamente louca, tanto que amaldiçoou uma árvore. Onde já se viu,
amaldiçoar, jogar pragas numa árvore? Uma loucura total! E a lenda destrói também
a onisciência de Jesus. Ele, de longe, não sabia que só havia folhas naquela
árvore. Jesus pensava que a árvore estava carregada de figos, mas se enganou
totalmente. Ou seja, perdeu sua onisciência. Repito: qualquer pessoa
mentalmente sadia haverá de chegar a essa conclusão, caro Ronin. Todavia, o cristão
evangélico lê essa lenda, mas ainda continua dizendo que Jesus é o filho de
Deus, sadio mentalmente e onisciente. Eis a ausência de discernimento!
Por aqui, concluo o 2º
artigo!
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