Eustáquio
Caro Ronin,
Este é o 8º e último artigo de
uma pequena série em que analiso os principais trechos de seu brilhante
comentário exposto sábado passado, dia 11 de maio do corrente ano (2019), em
meu vídeo “Jair Bolsonaro e Jesus ‘Cristo’”. Seu
comentário, na íntegra, está lá, no primeiro artigo. Até o presente momento, o placar está assim: Freud 3 X 0 Jesus. Coloquei
em análise 4 pontos iniciais:
1º) a certeza da existência histórica;
2º) a farta produção de livros.
3º) a inteligência.
4º) a característica de educador
Apresento agora outro ponto: a
característica de educador. É sempre bom lembrar que eu jamais compararia
Sigmund Freud ao Jesus das narrativas lendárias do Novo Testamento, mas fui
obrigado a fazê-lo por causa da maluquice do psiquiatra Augusto Cury ao afirmar
que ele acredita que “Jesus foi o
maior educador do mundo, maior ainda do que Freud.” Muito bem! Faço a seguinte pergunta:
“Qual dos dois, Freud ou
Jesus, foi realmente um grande educador?”
Para os dicionários da língua portuguesa, educador é aquele que educa. É
aquele que promove a educação, que transmite conhecimento. É fácil ver que
Sigmund Freud foi um excelente educador. Formou-se em Medicina, em 1882, com
apenas 26 anos. Como médico neurologista, Freud percebeu que as pacientes histéricas
afligidas por sintomas físicos sem causa aparente, comumente, eram tratadas com
indiferença médica e negligência no ambiente hospital. E ele trouxe novos ares:
a Psicanálise! Afirmou na época que o inconsciente e a sexualidade eram campos
inexplorados da psique humana. Arregaçou as mangas,
buscando as raízes psíquicas do sofrimento histérico. Dava voz a tais
pacientes, ouvia o que eles tinham a dizer.
E o Jesus do Novo Testamento
foi um grande educador, maior ainda que Freud, no dizer do psiquiatra Augusto
Cury? Você, Ronin, fez parte de uma igreja evangélica e lá é dito que Jesus foi
o homem mais inteligente do mundo, o maior educador do mundo. É óbvio que
ninguém pode dar crédito ao que é propagado por cristãos porque eles agem pela
fé, que os cega, e não pela razão. Trago o primeiro exemplo. Os líderes
cristãos nas igrejas dizem que Jesus foi o maior propagador do amor, do perdão,
da compreensão, do afeto, do carinho e da esperança. E provam essa afirmação
recorrendo a várias passagens bíblicas que são conhecidas por um universo de
pessoas. Mas eles não mostram algumas passagens bíblicas que elencarei aqui. Por
exemplo, no evangelho de Mateus, capítulo 10, versículos 14 e 15, está escrito:
“14 Se alguém não vos
receber, nem ouvir as vossas palavras, ao sairdes daquela casa ou daquela
cidade, sacudi o pó dos vossos pés.
15 Em verdade vos digo
que menor rigor haverá para Sodoma e Gomorra, no dia do juízo, do que para
aquela cidade.”
Jesus, na passagem acima, dá
orientações a seus 12 discípulos. Ele diz que, se os moradores de uma casa não
quiserem ouvir seus discípulos, então, no dia do juízo final, esses moradores
sofrerão muito mais do que os moradores das lendas de Sodoma e Gomorra. Em
primeiro lugar, Jesus errou em sua profecia. Ele pregava que o Filho do Homem
(ele mesmo) haveria de aparecer nos céus com os anjinhos tocando trombetas. E
tudo isso ocorreria naquela época. Seus seguidores tiveram uma grande decepção
porque Jesus morreu e não apareceu nos céus. Mas o problema não é esse. O importante
aqui é que Jesus perdeu aquelas características que lhe são impostas pelos
fiéis. Se os moradores daquela cidade não abrirem a porta de sua casa para os
discípulos de Jesus, serão condenados ao fogo eterno. Que belo educador, não é
mesmo, Ronin? Imagine isso hoje. Você, Ronin, num domingo qualquer, não abre a porta
de sua casa para os fanáticos fiéis das Testemunhas de Jeová. Você e sua
família serão condenados pelo Deus Jeová no futuro. Trago mais um exemplo. Em
Mateus, capítulo 10, versículo 37, está dito:
“Quem ama seu pai ou
sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha
mais do que a mim não é digno de mim.”
Jesus realmente foi um grande educador? Essa passagem acima até hoje
traz muitos problemas em lares cristãos evangélicos onde impera um fanatismo
mais forte. Jesus não se contenta com o amor de um fiel. Ele quer mais: quer que
o fiel o ame mais ainda do que ama seus próprios pais. E que os pais o amem
mais ainda do que amam seus próprios filhos. Se um pai ama mais seu filho que a
Jesus, então não é digno de Jesus. Que coisa horrível, não é mesmo, Ronin? Imagine
também isso hoje, no seu lar. Você tem um filho. Se seu filho ama mais a mãe
dele, sua esposa, então esse seu filho não é digno de você, Ronin. Com certeza,
esse cristão que escreveu Mateus, colocando essa afirmação na boca de Jesus,
não entendia nada de amor entre filhos e pais. Afirmei no início que essa fala
atribuída a Jesus traz muitos problemas sérios a muitas famílias. Jovens que
aceitam a Jesus em muitas igrejas evangélicas tornam-se excessivamente
fanáticos, deixando até seus familiares que possuem outras crenças. Já citei o
caso do internauta Richard Hoffman. Ele me escreveu há algum tempo, afirmando
que sua filha aderiu a uma igreja evangélica. A partir daí, tornou-se uma
fanática. Já que o pai é ateu, ela o deixou para morar com a mãe. E nunca mais
conversou com o próprio pai nem por telefone. Essa pobre cristã evangélica
fanática levou a sério a afirmação de Jesus. Ela deve amar mais a Jesus do que
ao próprio pai. Por isso, ela se afastou dele. Poderia, enfim, trazer mais
exemplos, só que isso iria deixar este artigo muito longo.
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