Eustáquio
Distinto leitor,
Na foto abaixo, eu, Eustáquio, em 1996, com 40
anos de idade, em uma das maravilhosas piscinas do “Clube Privé” na cidade de
Caldas Novas, em Goiás.
Leitor, narrar-lhe-ei mais um fato
real ocorrido comigo que ficou gravado no meu baú cerebral de recordações. Esse
fato ocorreu na cidade de Caldas Novas, em Goiás, a 360 quilômetros de
Brasília. Amo essa cidade. Caldas Novas é uma cidade turística. Sua área é de
1.588 km², com população de 89.087 habitantes. É um pouco menor que a cidade de
Sobral, minha terra natal. Só que Caldas Novas é uma cidade turística, com uma
rede hoteleira de luxo, lindíssimos edifícios residenciais, inúmeros clubes
sofisticados etc. E por que Caldas Novas é uma cidade turística? Ora,
simplesmente por causa das águas termais, isto é, águas quentes. Essa cidade
possui a maior fonte hidrotermal do mundo. As águas pluviais (de chuvas)
penetram nas rochas da região, formando lençóis freáticos de águas quentíssimas.
Os empresários furam o solo, colocando canos que conduzem esse mar de água
quente para suas piscinas. Leitor, é o melhor banho do mundo! Imagine você
dentro de uma piscina com água quente. Ninguém sai das piscinas porque é
extremamente gostoso. E essa água aquecida pela Natureza é excelente para
muitos problemas de saúde, com comprovação científica. Tenho dois amigos que,
ao se aposentarem, foram morar lá só para desfrutarem todos os dias daquelas
águas. Caldas Novas tem um aeroporto movimentadíssimo. A empresa aérea GOL tem
voos de Brasília diretamente para lá. E tem voos também de São Paulo,
Fortaleza, Rio de Janeiro, Florianópolis etc. Voos diretos para Caldas Novas. A
empresa aérea LATAM também. Além disso, todos os dias chegam à cidade turistas
dos EUA (terra do maluco Trump), Itália, França, Canadá etc. Como se vê, caro
leitor, Caldas Novas é chique, e merece tudo isso porque tem muito a oferecer a
seus visitantes. Sempre vou lá de carro. Umas 6 vezes por ano. Em cada ida,
passo 3 dias. Não há coisa melhor! Veja, leitor, a foto abaixo. Essa foto data
de 1996 quando eu estava com 40 anos de idade. Apareço aí em uma das piscinas
do Clube Privé, um dos melhores da cidade. Por trás de mim, todas as pessoas
dentro da piscina porque a água é quente. Se fosse fria, ninguém ficaria. Você,
leitor, vê também uma cobertura com telhas dentro da piscina. Isso aí é um bar
aquático. O banhista, sem sair da piscina, toma seu refrigerante, suco,
cerveja, uísque, vinho, e come sanduíches, pastel, quibe etc. Faz tudo isso sem
sair da piscina. Não se usa dinheiro. Na entrada, o visitante pega um cartão
magnético, inserindo nele o valor que bem desejar. Na saída, devolve o cartão.
Se ainda houver crédito no cartão, o troco é devolvido. Tudo funciona
maravilhosamente bem.
Muito bem! Agora vou narrar o
fato muito triste que ocorreu comigo em 1996 quando eu estava com 40 anos de
idade. Naquela minha estada em Caldas Novas por 4 dias, entrei em vários
clubes, um deles o da foto. Só que o fato triste ocorreu em outro clube, o “Thermas
Di Roma”, outro fantástico
clube-hotel da cidade. Eu me encontrava numa das piscinas, brincando com uma
bola juntamente com meu filho Elvis que estava com apenas 7 anos de idade.
Coloquei esse nome nele em razão de, desde minha adolescência, adorar o
inesquecível Elvis Presley. Pois bem! Eu jogava a bola para ele, e ele me
devolvia. Num dado momento, meu filho apontou seu dedinho indicador direito
para alguém que estava atrás de mim, também dentro da água, dizendo:
--- Pai, pai, o
homem mergulhou na água e não se levantou!
Quando meu filho com apenas 7 anos de idade me
disse aquilo, eu, rapidamente, virei-me em direção ao homem, e, numa fração de
segundo, toquei no corpo submerso dele com meu dedo indicador direito. Como ele
não se mexeu, então agarrei-o rapidamente pelo quadril, levantando-o
bruscamente. Bastante preocupado, eu olhei para seu rosto branco, gelado. Vi um
filete de sangue que saía de seu nariz. Naquele momento, veio a mim uma vontade
de choro, porém dominei essa vontade. Era um homem gordo, mas o levantei
facilmente. Quando o sustentei pela região do quadril, a cabeça dele repousou
sobre meu ombro esquerdo. Caminhei dentro da piscina até a borda, colocando o corpo
dele sentado, mas segurando firme porque ele estava inconsciente. Pedi a um
jovem que passava por ali para chamar rapidamente o médico do clube. Em poucos
segundos, apareceu o médico com dois ajudantes, trazendo uma maca. Colocaram
aquele corpo inerte sobre a maca e o levaram. Fui junto. Na frente do
departamento médico do clube, uma ambulância já aguardava o paciente. Levaram-no
ao hospital. Retornei triste, muito triste, à piscina, onde estava meu filho.
Ao me ver triste, meu filho perguntou-me:
--- Pai, o homem morreu?
Segurando o choro, eu lhe
disse:
--- Não sei, Elvis! Não sei! Ele foi levado para um hospital. Vamos
torcer, meu filho, para que aquele pobre homem sobreviva.
Neste momento, caro leitor, estou aqui,
digitando diante de meu “notebook” com lágrimas escorrendo de meus olhos. É
impossível não chorar. Depois do banho, fui almoçar com minha família. Após o almoço,
dormi um pouquinho sobre uma gostosa grama, caindo depois em outras piscinas. Às
15h30, eu e minha família resolvemos deixar o clube. Antes, claro, passei pelo
departamento médico para saber como estava aquele pobre homem que eu nem
conhecia. Um dos enfermeiros me reconheceu. Perguntei-lhe pelo paciente. E ele
me respondeu:
--- Infelizmente, ele
faleceu ao chegar ao hospital. Aquele Senhor estava hospedado aqui, no hotel.
Amanhã, domingo, estaria completando 67 anos de idade. A esposa e dois filhos
dele chegariam amanhã aqui para comemorarem seu aniversário.
Recebi aquelas palavras do enfermeiro como se
fossem facadas rasgando minhas entranhas. Pobre homem! Estava ali bastante
feliz aguardando a chegada da esposa querida e de seus adoráveis filhos para
aquele domingo a fim de comemorarem seu aniversário nas águas quentes de Caldas
Novas. Uma comemoração que a morte trágica do aniversariante não permitiu.
Uma pena!!!