Eustáquio
Caro leitor,
Na foto abaixo, o notável escritor
brasileiro Euclides da Cunha.
Euclides nasceu na cidade de Cantagalo, no
estado do Rio de Janeiro, no dia 20 de janeiro de 1866, e faleceu na capital
carioca, em 15 de agosto de 1909, portanto, com apenas 43 anos de idade.
Era casado com Anna Emília Solon
Ribeiro. Euclides, além de escritor, era um jornalista que, por força do
trabalho, se ausentava muito de casa. Diante de tantas ausências do lar, sua
esposa Anna acabou se apaixonando perdidamente pelo jovem cadete militar
Dilermando de Assis, 16 anos mais jovem que ela. Na última viagem de Euclides,
Anna resolveu morar com Dilermando. Ao retornar da viagem, Euclides ficou
sabendo de tudo. Naquela época, chifre era uma coisa insuportável, inaceitável,
uma vergonha sem limites.
Bastante revoltado, num domingo, dia 15
de agosto de 1909, armado com um revólver, Euclides sai de sua casa em direção
à moradia dos amantes. Ao entrar na casa, apertou o gatilho da arma, atingindo
o jovem Dinorah de Assis, irmão de Dilermando, o amante de sua esposa Anna.
Dilermando, então, sai do quarto, momento em que também é atingido por balas. Mesmo
assim, levanta-se e dispara sua arma contra Euclides. Dilermando e seu irmão
Dinorah escapam, mas Euclides morre. Dilermando é processado, mas absolvido.
Está configurada a legítima defesa. Infelizmente, Euclides invadira sua casa,
com o revólver em punho, com a finalidade de matá-lo. Legítima defesa pura,
pois!
Anna, viúva de Euclides, presenciara a
tragédia. Mesmo contra os falatórios da época, resolveu ficar com o amante, o
homem que matou seu esposo, e com os filhos. Euclides Filho, filho de Euclides
e de Anna, estava com apenas 16 anos de idade. Chegou a morar com a mãe e com o
assassino de seu pai, mas logo os deixou para morar com parentes. Com razão,
era impossível para Euclides Filho morar, sob o mesmo teto, com o homem que
matou seu pai.
Veja, leitor, o que é o amor de uma
mulher por um homem. Dilermando de Assis, em legítima defesa, matou Euclides da
Cunha, esposo de sua amante. E Anna, sua amante, não o deixou. O amor de Anna
por Dilermando era tão forte que ela permitiu que seu filho Euclides fosse
morar em outro lugar. Não acompanhou o filho, preferindo ficar com o amante.
Mais à frente, quando o filho Euclides
estava com 23 anos de idade, no dia 14 de julho de 1916, 7 anos após a morte de
seu pai, resolveu vingá-lo. Dilermando, nesse dia, se encontrava no Cartório da
Vara de Órfãos. Euclides Filho, armado com um revólver, disparou contra
Dilermando, atingindo-o. Mais uma vez, Dilermando se defende, sacando de sua
arma, e matando Euclides. Foi novamente processado, mas absolvido, também em
legítima defesa pura e indiscutível.
E, diante da morte do filho, qual foi o
comportamento da mãe Anna? Veja, leitor, que ela teve o marido e o filho
assassinados pelo amante Dilermando, mas continuou a viver com o amante.
Imagine as críticas da época contra essa mulher, não é mesmo? Como ela
sofreu!!!
Pois bem! Muitos anos depois,
Dilermando se apaixonou por outra mulher, e passou a conviver com ela.
Abandonou Anna de Assis. Anna nunca aceitou esse desprezo de Dilermando, apesar
de ter feito tudo por ele. Morreu sem lhe perdoar.
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