Eustáquio
Caro leitor,
Na foto abaixo, o casal Giuseppe
Pistone e Maria Féa, em 1925.
Até o presente momento, abordei 4
terríveis homicídios:
1) do bispo católico
sobralense Dom Francisco Expedito Lopes (1957);
2) do empresário Marcos
Kitano Matsunaga (2012);
3) do jovem advogado
Arthur Malheiros (1909);
4) do comerciante Elias
Farhat (1908).
Os
homicídios de Marcos Kitano Matsunaga e Elias Farhat possuem 2 coisas em comum:
esquartejamento e mala. Neste artigo, abordarei mais um homicídio com essas
características ocorrido também na capital São Paulo, em 1928. Mais um crime
que abalou o Brasil.
O casal
italiano Giuseppe Pistone e Maria Mercedes Féa chegou ao Brasil, a Santos, em
agosto de 1928. Em seguida, foi para a capital São Paulo. Ali, Francesco
Pistone, parente de Giuseppe, acolheu com muito carinho o casal. Deu um emprego
para Giuseppe em seu armazém e lhe arranjou um apartamento. Giuseppe era de uma
família rica, porém tinha uma vida de boêmio, não gostava de trabalhar e se
ausentava frequentemente do armazém sem explicação alguma. Todos os meses, sua
mãe lhe enviava dinheiro, mas ele gastava facilmente. Sua esposa Maria Féa,
grávida, não gostava do seu comportamento. E aí as discussões tiveram início.
Certo
dia, Maria Féa fez uma cartinha para a mãe de Giuseppe, sua sogra. Nessa
cartinha, ela pediu que a sogra deixasse de mandar dinheiro para o filho porque
ele desperdiçava tudo, levando uma vida completamente irresponsável. Não deu
outra! Seu esposo Giuseppe ficou sabendo de tudo. Em silêncio, no dia 4 de
outubro daquele ano (1928), uma quinta-feira, Giuseppe saiu do armazém por
volta das 11h15 e foi para o apartamento. Ele dissera a seu chefe que iria
almoçar com sua querida esposa num restaurante bem perto do apartamento. Ao
chegar ao condomínio residencial, bateu com força a porta do apartamento. A
zeladora Maria Sitrangulo levou um susto ao ouvir a pancada. Ela disse à
polícia que ouviu gritos desesperados de Maria Féa, que estava grávida, mas
nada fez porque as discussões entre eles eram comuns. Só que, naquele momento,
a pobre e indefesa Maria Féa estava sendo estrangulada. Com o cadáver no
apartamento, no dia seguinte, na sexta-feira, Giuseppe foi à loja do italiano
Domingos Mascigrande para comprar um baú e um maço de cordas. Minutos depois, o
material foi entregue por um carroceiro. Giuseppe, então, pegou uma navalha,
começando a cortar o corpo da vítima. Deu um corte na altura dos joelhos para
que dobrassem, quebrando também o pescoço. Colocou os membros no baú,
amarrando-o com as cordas. No dia seguinte, sábado, providenciou a remessa do
baú, por trem, para Santos a fim de colocá-lo num navio. Não acompanhou o baú.
Foi para Santos, no trem noturno. No domingo, pela manhã, pegou o baú,
contratando um carroceiro para levá-lo até ao navio Massilia, que partia para a
França. O primeiro problema era que o fedor do cadáver já era insuportável, mas
Giuseppe dizia que no baú havia gêneros alimentícios que provavelmente haviam
apodrecido. E o segundo e maior problema é que, quando o baú estava sendo
içado, as cordas se soltaram, com o baú caindo no solo do navio. Dele, escorria
um líquido podre, insuportável, de cor escura. Um carpinteiro do navio
arrebentou a fechadura e viu o cadáver de Maria Féa, em adiantado estado de
putrefação. Giuseppe, que não estava no navio, assistia a tudo. Voltou para a
capital. Rapidamente, vendeu os móveis do apartamento, comunicando aos vizinhos
que sua esposa Maria Féa havia adoecido, razão pela qual estava descansando na
casa de um amigo. Mais à frente, Giuseppe foi preso e condenado a 31 anos de
reclusão. Cumpriu 16 anos de prisão, sendo solto em seguida. Foi morar em
Taubaté, trabalhando como zelador de um prédio.
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