sábado, 13 de julho de 2019

O CRIME DA MALA DE 1928




Eustáquio



Caro leitor,


Na foto abaixo, o casal Giuseppe Pistone e Maria Féa, em 1925.
Até o presente momento, abordei 4 terríveis homicídios:


1)   do bispo católico sobralense Dom Francisco Expedito Lopes (1957);

2)   do empresário Marcos Kitano Matsunaga (2012);


3)   do jovem advogado Arthur Malheiros (1909);

4)   do comerciante Elias Farhat (1908).



                        Os homicídios de Marcos Kitano Matsunaga e Elias Farhat possuem 2 coisas em comum: esquartejamento e mala. Neste artigo, abordarei mais um homicídio com essas características ocorrido também na capital São Paulo, em 1928. Mais um crime que abalou o Brasil.
                         O casal italiano Giuseppe Pistone e Maria Mercedes Féa chegou ao Brasil, a Santos, em agosto de 1928. Em seguida, foi para a capital São Paulo. Ali, Francesco Pistone, parente de Giuseppe, acolheu com muito carinho o casal. Deu um emprego para Giuseppe em seu armazém e lhe arranjou um apartamento. Giuseppe era de uma família rica, porém tinha uma vida de boêmio, não gostava de trabalhar e se ausentava frequentemente do armazém sem explicação alguma. Todos os meses, sua mãe lhe enviava dinheiro, mas ele gastava facilmente. Sua esposa Maria Féa, grávida, não gostava do seu comportamento. E aí as discussões tiveram início.
                           Certo dia, Maria Féa fez uma cartinha para a mãe de Giuseppe, sua sogra. Nessa cartinha, ela pediu que a sogra deixasse de mandar dinheiro para o filho porque ele desperdiçava tudo, levando uma vida completamente irresponsável. Não deu outra! Seu esposo Giuseppe ficou sabendo de tudo. Em silêncio, no dia 4 de outubro daquele ano (1928), uma quinta-feira, Giuseppe saiu do armazém por volta das 11h15 e foi para o apartamento. Ele dissera a seu chefe que iria almoçar com sua querida esposa num restaurante bem perto do apartamento. Ao chegar ao condomínio residencial, bateu com força a porta do apartamento. A zeladora Maria Sitrangulo levou um susto ao ouvir a pancada. Ela disse à polícia que ouviu gritos desesperados de Maria Féa, que estava grávida, mas nada fez porque as discussões entre eles eram comuns. Só que, naquele momento, a pobre e indefesa Maria Féa estava sendo estrangulada. Com o cadáver no apartamento, no dia seguinte, na sexta-feira, Giuseppe foi à loja do italiano Domingos Mascigrande para comprar um baú e um maço de cordas. Minutos depois, o material foi entregue por um carroceiro. Giuseppe, então, pegou uma navalha, começando a cortar o corpo da vítima. Deu um corte na altura dos joelhos para que dobrassem, quebrando também o pescoço. Colocou os membros no baú, amarrando-o com as cordas. No dia seguinte, sábado, providenciou a remessa do baú, por trem, para Santos a fim de colocá-lo num navio. Não acompanhou o baú. Foi para Santos, no trem noturno. No domingo, pela manhã, pegou o baú, contratando um carroceiro para levá-lo até ao navio Massilia, que partia para a França. O primeiro problema era que o fedor do cadáver já era insuportável, mas Giuseppe dizia que no baú havia gêneros alimentícios que provavelmente haviam apodrecido. E o segundo e maior problema é que, quando o baú estava sendo içado, as cordas se soltaram, com o baú caindo no solo do navio. Dele, escorria um líquido podre, insuportável, de cor escura. Um carpinteiro do navio arrebentou a fechadura e viu o cadáver de Maria Féa, em adiantado estado de putrefação. Giuseppe, que não estava no navio, assistia a tudo. Voltou para a capital. Rapidamente, vendeu os móveis do apartamento, comunicando aos vizinhos que sua esposa Maria Féa havia adoecido, razão pela qual estava descansando na casa de um amigo. Mais à frente, Giuseppe foi preso e condenado a 31 anos de reclusão. Cumpriu 16 anos de prisão, sendo solto em seguida. Foi morar em Taubaté, trabalhando como zelador de um prédio.

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