Eustáquio
Caro
leitor,
Um vizinho meu, que é ateu, pediu-me que
assistisse a um vídeo do padre Paulo Ricardo, no qual ele aborda o assunto “sexo antes do casamento”.
E ele já foi me dizendo que eu iria rir muito.
Mesmo antes de assistir ao vídeo do
padre Paulo Ricardo, eu já sabia que iria ver um festival de erros profundos e
ingênuos sobre o sexo. Por quê? Ora, porque o padre Paulo Ricardo é um
religioso católico, logo, a Igreja Católica Apostólica Romana injetou na cabeça
dele a visão errônea acerca do sexo. É justamente por isso que ele propaga
essas bobagens por onde passa. O ingênuo vídeo tem o título de “Por que o sexo antes do casamento é
pecado?”, com duração de 7 minutos
e 18 segundos, tendo sido publicado em 26 de novembro de 2014. Com todo
respeito, durante quase 8 minutos, o padre Paulo Ricardo mostra seu
desconhecimento sobre o sexo. Para evitar artigos muito longos, dividirei o
vídeo em vários artigos menores a fim de explicar melhor o tema.
No início do vídeo,
no tempo de 34 a 37 segundos, padre Paulo Ricardo diz:
“O
sexo antes do casamento é pecado e é destruidor!”
A
afirmação acima é completamente errônea e ingênua! Se você, leitor, deseja
saber alguma coisa sobre sexo, relação sexual, procure, pois, um cientista, um
doutor em psicologia, em biologia, em sexologia. Jamais recorra a um leigo,
principalmente a um sacerdote católico. O padre Paulo Ricardo já começa errando
porque condiciona a relação sexual ao casamento. Ora, o sexo é algo natural, da
essência humana, já que o homem é um animal sexuado. Já o casamento, não! O
casamento não é algo natural, mas convencional porque é uma criação do homem. Basta
ver que o homem nasce com o sexo, mas não nasce casado. Na Pré-História,
período mais longo da existência humana, não existia a figura do casamento, mas
o sexo estava presente. Na sociedade hebraica, na própria Bíblia (Velho
Testamento), não havia também o casamento, muito menos o casamento cristão,
porém o sexo estava lá. Portanto, ninguém pode atrelar o sexo (coisa natural)
ao casamento (coisa convencional). Qualquer doutor em psicologia, em sexo, sabe
disso, mas o padre Paulo Ricardo, infelizmente, ainda não alcançou esse
progresso. E talvez nunca alcançará.
A visão errônea do padre
Paulo Ricardo acerca do sexo já está petrificada em sua própria pessoa. Que eu
saiba, o padre é um ser humano, logo, um animal, por natureza, sexuado, mas não
pratica relações sexuais. Ora, o padre Paulo Ricardo não pratica relações
sexuais por causa de sua crença religiosa. Ou seja, deixa de praticar algo que
é natural, da essência humana, em razão de uma mera crença de caráter
religioso. Se ele fosse um pastor evangélico, estaria praticando sexo. É fácil
ver que o padre Paulo Ricardo agride a natureza por causa de uma convenção. E
isso não é sadio aos olhos da biologia.
Ao contrário do
que diz o padre Paulo Ricardo, o sexo antes do casamento não é pecado e não é
destruidor. O sexo antes do casamento é apenas sexo, e nada mais. Deus algum
existe, deus algum instituiu o casamento, muito menos o casamento cristão, deus
algum é contra o sexo em qualquer situação. A visão cristã, principalmente dos
católicos, sobre o sexo é uma visão completamente equivocada e doentia.
Para terminar este primeiro artigo, trago uma
passagem do maravilhoso livro “Mulher, o negro do mundo”, de autoria do médico brasileiro ginecologista e
obstetra, com especialização em Sexualidade e Reprodução Humana, Malcolm
Montgomery. Na 3ª edição, Editora Gente, 1997, na página 49, Malcolm escreve:
“As terras espirituais da
mulher foram saqueadas e queimadas no transcorrer da história. A Igreja
Católica as afastou, a partir do século XIII, porque o saber feminino era intolerável.
Tratou as mulheres como bruxas e centenas foram mortas em fogueiras, tão grande
era o pavor masculino diante da força da mulher. (...) As mulheres, os negros e
os gays, discriminados pela universidade branca e conservadora, reagiram
brilhantemente no fim do século.”
Vê-se,
pois, facilmente, a visão errônea da Igreja Católica sobre a mulher, os gays, o
sexo, o orgasmo. E lamentavelmente o padre Paulo Ricardo é um propagador dessa
visão míope.