quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

O DEUS DE RUBEM ALVES ( XIII )



Nessa série de vídeos, analiso a ideia do Deus de Rubem Alves. No momento, em destaque, seu livro “O Deus que conheço”, editora Verus, 2010. Na página 141, o doutor em teologia escreve:

“Nos Estados Unidos, a televisão no domingo de manhã é uma catástrofe. Em quase todos os canais, há a cara de um evangelista pregando. Aqui no Brasil já está igual. Parei num canal em que não vi a cara de nenhum evangelista. Parecia-me coisa da National Geografic, uma reportagem sobre o El Niño. Mas logo me desapontei. A reportagem era uma ilustração do sermão de um evangelista sobre a próxima vinda de Cristo. E qual era o sinal que indicava sua volta próxima? El Niño. “El Niño quer dizer ‘o menino’!”, ele berrava convencido.”

Rubem Alves morou por alguns anos nos EUA, onde cursou mestrado e doutorado em teologia. Na passagem acima, ele apresenta a situação atual das televisões norte-americanas aos domingos em que os programas religiosos cristãos, com maior força, estão presentes em quase todos os canais. O que é uma catástrofe, no dizer de Rubem. E aqui, no Brasil, a coisa não é diferente, salvo raríssimas exceções. A televisão Globo, por exemplo, ainda não se rendeu aos milhões de reais mensais das igrejas evangélicas.
Rubem Alves diz que, sem querer, ao apertar o controle remoto, viu mais um evangelista norte-americano pregando aos fiéis a “volta” de Jesus à Terra. E o pastor cristão apontava como sinal o “El Niño”, o fenômeno atmosférico. Dizia o pastor que “El Niño” significa “menino”, daí o menino Jesus. Logo, Jesus estava voltando. Que loucura! O pastor, a essa altura, pode ser que esteja vivo ou morto. E assim os fiéis que o ouviram. E, mais uma vez, nada de Jesus voltar. Já o “El Niño” continua sempre ativo pelo mundo afora.
O poder de criatividade de um crente é imenso. Para fortalecer sua ilusão religiosa, ele invoca o absurdo. Em tudo que vê procura transformar em realização de sua superstição. Por exemplo, a “volta” de Jesus. O cristianismo é uma religião apocalíptica. Os cristãos primitivos, lá em seu berço, pregavam a chegada do Filho do Homem para seu tempo, sua época, porque a Palestina estava sob o jugo dos romanos. Eles sonhavam com o aparecimento de um judeu forte que tivesse força suficiente para expulsar os invasores. E diz a história que surgiram vários judeus, todos afirmando ser o Messias, em grego, Cristo. E o que aconteceu com esses judeus? Todos foram trucidados pelos romanos. E com Jesus a coisa não foi diferente. Ele também dizia ser o Filho do Homem que retornaria em breve e que alguns de seus discípulos ainda vivos o veriam descendo pelas nuvens. E o que aconteceu? Os discípulos, todos, morreram. E Jesus foi mais um judeu trucidado pelos romanos. E a coisa não parou por aí não. Depois da morte de Jesus, surgiram mais judeus afirmando ser o Messias. E nenhum deles conseguiu expulsar os romanos da Palestina. E os judeus até hoje ainda aguardam a chegada do Messias que, obviamente, nunca virá. São ilusões religiosas!

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