O
cristianismo chegou ao Brasil em abril de 1500 trazido pelos portugueses
com Pedro Álvares Cabral em destaque. Pouco tempo depois, tornou-se a religião
oficial. Nesse período, as outras religiões não podiam, por exemplo, erguer
templos ou igrejas. Só era permitido o culto doméstico. Essa situação se
prolongou até 1889, com o advento da Proclamação da República. Com a nova
Constituição, o Brasil se tornou um país laico, sem religião oficial. País
laico é aquele que não tem religião, mas garante e protege a liberdade de
crença de seus cidadãos.
Para os cristãos, a Bíblia cristã é o
livro “sagrado”. É a “palavra” de Deus. Mas que “deus”? O Deus hebreu, criado
pelo povo hebreu. Bom! Já que os cristãos dizem que a Bíblia é a “palavra” de
Deus, então todos os dias eles leem a Bíblia, não é mesmo? Errado! Regra geral,
eles não leem a Bíblia. E trago um exemplo caseiro.
Nasci em Sobral, no Ceará, numa
família cristã católica apostólica romana. Minha mãe teve 19 filhos! Hoje
existem apenas 8. Quando eu estava com 9 anos de idade, havia em minha casa 9
pessoas. Papai já havia falecido. Aos domingos, mamãe ia assistir à missa na
Igreja da Sé, a mais famosa ainda hoje. E, às vezes, me levava. Ela nunca me
obrigou a ir. Já com essa idade, o discurso do padre me parecia estranho. A
coisa não encaixava. Em minha casa, como em qualquer casa de um cristão, havia
uma Bíblia. E ela ficava sobre um armário aberta. Perguntei à minha mãe por que
a Bíblia ficava aberta, toda arreganhada. E ela me disse que era para Deus
proteger a casa. Achei aquela afirmação mais estranha ainda. Como pode? Um
simples livro proteger um lugar? Num certo dia, um ladrão entrou em nossa casa,
durante a noite, levando apenas umas panelas velhas que ficavam na cozinha. Normalmente,
ladrão que entra em casa de pobre só leva susto. Pela manhã, perguntei à minha
mãe:
--- Mãe, a Senhora disse que a Bíblia
aberta protege a casa, mas o ladrão entrou aqui.
Mamãe olhou para mim e apenas abriu
um leve sorriso. Nada disse.
Pois bem! Naquela época, em minha
casa, havia 9 pessoas convivendo todos os dias. E a Bíblia aberta, mas ninguém
a lia. Até que eu despertei para isso. Comecei a folheá-la. Mamãe ficava feliz
ao ver seu filhinho lendo a “palavra” de Deus. Só que a única pessoa da casa
que lia a Bíblia, pouco tempo depois, se transformou num ateu. Mamãe faleceu há
5 anos. E os 8 filhos continuam vivos. Dois irmãos moram em Sobral, um em
Imperatriz, no Maranhão, e os outros em Fortaleza. À exceção de mim, todos são
cristãos católicos. E nenhum deles vai às missas. E nenhum deles lê a Bíblia. Se
alguém perguntar a um de meus irmãos qual é o primeiro livro da Bíblia, ele não
saberá responder, mas, mesmo assim, a Bíblia é a “palavra” de Deus para eles. Diante
deles, não falo sobre religião. Deixo-os quietos em sua ilusão religiosa. E eu,
ateu, até compro imagens de “santinhas” para minha irmã que mora em Sobral. É a
ilusão dela!
E o que acontece na casa de meus
irmãos se verifica em qualquer casa de um cristão. A Bíblia está lá, aberta,
toda arreganhada. Nada protege! E, regra geral, ninguém a lê. O cristão lê
revistas que são verdadeiras porcarias: Caras, Contigo, Ti-ti-ti etc., mas não
dão a mínima para aquele livro que eles próprios dizem que é a “palavra” de
Deus. Os próprios cristãos não estão nem aí para a Bíblia. Se realmente a
Bíblia representasse para eles a “palavra” de Deus, é óbvio que eles iriam
lê-la, mas não é isso o que ocorre. Para um universo de cristãos, outras
leituras são mais atraentes que a própria “palavra” de Deus. Isso soa estranho,
muito estranho!
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