Dentre vários vídeos sobre José
Saramago que circulam no mundo do “You Tube”, destaco um cujo título é:
“JOSÉ SARAMAGO GERA POLÊMICA”
Esse vídeo tem a duração de 7 minutos
e 8 segundos. Analisarei aqui a fala de Saramago que se inicia a partir dos 3
minutos e 20 segundos e vai até os 5 minutos, com a fala do português Manuel Morujão,
porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa. Veja o vídeo!
Pois bem! Você acabou de ver e ouvir
duas pessoas com posições antagônicas, contrárias: José Saramago (ateu) e
Manuel Morujão (sacerdote católico português). Qual dos dois diz a verdade?
Qual dos dois está correto quanto ao que diz?
José Saramago, durante o lançamento
de mais um livro, em Portugal, numa coletiva, diz novamente que a Bíblia é um
manual de maus costumes. Que ela está repleta de violência, carnificina,
estupros, incestos, roubos, intolerância etc. E termina afirmando que ela não é
um livro que os pais podem deixar à disposição das crianças.
Já o sacerdote católico português
Manuel Morujão, ao saber dessas afirmações de Saramago, afirma que o escritor
português mostra um grande desconhecimento da Bíblia, uma ignorância acerca do
livro “sagrado” dos cristãos. Diz também que esse discurso do Saramago suja sua
reputação porque desrespeita a crença religiosa dos outros e que traz
desarmonia.
E agora quem realmente diz a verdade?
Bom! O Saramago, que diz ser a Bíblia um manual de maus costumes, ou o
sacerdote católico que insinua ser a Bíblia a “palavra” de um Deus bom e
misericordioso? Para saber quem está com a verdade é fácil. Basta abrir a
Bíblia e lê-la. Quem assim procede saberá que José Saramago está realmente com
a razão. A Bíblia não reflete o mundo de hoje. Ao contrário. Mostra o quadro terrível
de um mundo tribal. Mostra a sociedade dos hebreus (Velho Testamento) e a
sociedade dos judeus (Novo Testamento). Os hebreus, como eram seres humanos,
também criaram vários deuses. E adoravam vários deuses (Abraão, Jacó, Salomão e
outros). Após o exílio na Babilônia, passaram a adorar um Deus único, que é
hoje o mesmo Deus dos cristãos. Pois bem! O povo hebreu, igualmente a outros
povos daquela época, era nômade, ou seja, vivia em longas caminhadas pelos
desertos. Diz a lenda bíblica que Deus chamou a Abraão e deu-lhe ordens para
sair de sua terra em direção a Canaã. Ao chegar ali, Abraão se apossaria de
terras que já pertenciam a outros povos. Ou seja, Deus disse que iria tomar
terras de outros povos para dá-las a seu povo. Isso se chama invasão de terras,
roubo de terras. E aí surgiram as carnificinas, ao fio da espada. O povo hebreu
era também intolerante. Não respeitava a liberdade de crença de outros povos.
Daí, ao criar seu deus, transmitiu a ele essa intolerância. E o Deus hebreu se
tornou também um deus intolerante. E essa maldade ficou registrada no que os
cristãos chamam de 10 mandamentos. O primeiro é o pior de todos: “Não terás
outros deuses diante de mim”. E aí o lendário Moisés levantava sua espada para
matar outros hebreus que estavam adorando deuses outros. Mais carnificinas. E
tudo isso sob o comando do Deus hebreu. E tudo isso, repito, está registrado na
Bíblia, e está tão claro que até o cantor norte-americano Stevie Wonder
consegue ler. E os estupros também estão lá. Nas lendas, hebreus invadiam
aldeias, roubavam os pertences, matavam os homens e as mulheres casadas e
ficavam com as jovens virgens. Repito: tudo isso devidamente registrado na
Bíblia. E que pode ser lido também pelo Stevie Wonder. Em resumo, Saramago tem
razão quando diz que a Bíblia está lotada de violência, carnificina, estupros,
incestos, intolerância religiosa etc. A própria Bíblia confirma a afirmação de
Saramago.
Por outro lado, o sacerdote católico
Manuel Morujão diz simplesmente que José Saramago mostra uma ignorância
profunda sobre a Bíblia. Segundo os dicionários, a palavra “ignorância” quer
dizer desconhecimento. Ora, basta abrir a Bíblia para que alguém veja um mundo
de barbaridades. E o sacerdote católico Manuel diz que o ignorante é o
Saramago. Com certeza, a Bíblia do sacerdote católico não é a mesma que contém
livros de Gênesis ao Apocalipse. Deve ser uma Bíblia ainda não revelada. E veja
que o sacerdote não defende a Bíblia. Ele, ao contrário, passa a criticar o
direito de Saramago de se manifestar verbalmente sobre o que não acredita. É
sempre assim: como é impossível alguém defender a Bíblia ou qualquer livro
religioso, o fanático ataca o direito de liberdade de expressão dos outros.
Ora, Saramago tinha todo o direito de expressar sua descrença, como qualquer
religioso tem o direito de expressar sua crença. Direitos iguais, pois, para os
dois lados. Como o sacerdote cristão não consegue mostrar que a Bíblia é um
manual de amor e solidariedade, então parte para o ataque pessoal que,
infelizmente, não rende resultado algum.
Nenhum comentário:
Postar um comentário