Circulam
no mundo do “You Tube” inúmeras cópias de um vídeo com uma entrevista
do ateu José Saramago, no Brasil, patrocinada pelo jornal Folha de São
Paulo. Auditório lotado. Uma das cópias tem o seguinte título:
“JOSÉ SARAMAGO --- PRECISAMOS DE DEUS?”
Esse
vídeo tem a duração apenas de 2 minutos e 59 segundos. Não deixe de
assistir por completo. Para esse trabalho meu, vou analisar o início do
vídeo. Você verá que o auditório cai na risada diante de cada explicação
de José Saramago em relação às perguntas bobas com carga religiosa.
Saramago era um gênio! Veja agora o início do vídeo.
Como você viu, o entrevistador lê uma pergunta feita por alguém que estava ali, no auditório. Eis o teor da pergunta:
“Após passar por um problema de saúde, o Senhor mudou a concepção que tem de Deus?”
O
entrevistador estava se referindo ao problema de saúde pelo qual passou
o escritor português. E José Saramago respondeu assim, levando o
auditório ao riso:
“E
porque que eu teria que mudar a concepção de Deus? Porque me salvou a
vida, supostamente? É verdade, quem me salvou a vida foram os médicos e
aquela senhora que está ali sentada. Então Deus se esqueceu de Santa
Catarina? Não brinquemos com as coisas. Para mim, não quero ofender
ninguém, Deus simplesmente não existe. Existe, ou melhor, existe na
cabeça das pessoas, onde provavelmente também deva estar o Diabo. O mal,
o bem, quer dizer, o cérebro que temos é de tal ordem que leva tudo
dentro. Tudo, tudo!”
Que
resposta linda e inteligente para uma pergunta idiota, não é mesmo?
Freud já dizia que “a religião é uma neurose obsessiva coletiva da
humanidade”. Aquela pessoa que estava no auditório, por meio do
entrevistador, fez uma pergunta idiota com carga religiosa ao Saramago.
Por que pergunta “idiota”? Porque, no mundo da religião, é comum afirmar
que os deuses curam, que Deus cura. É comum também afirmar que se
conhece a Deus por meio do sofrimento. Então, aquela pessoa do auditório
queria saber se o José Saramago havia mudado a concepção de Deus depois
do problema grave de saúde pelo qual ele passou. Diante daquela
pergunta ingênua, Saramago disse claramente que quem o salvou foram os
médicos e a esposa dele que estava ali no auditório. E isso é uma
verdade! Deuses não existem. Deuses não curam a ninguém. José Saramago
foi curado pelos médicos, pela medicina, pela Ciência. Sua doença foi
extinta pela ingestão de medicamentos. Apesar de não ter sido um homem
rico, ele tinha uma condição financeira favorável que o levou a um bom
hospital. Se fosse um religioso qualquer, por exemplo, um cristão
fervoroso sem dinheiro, teria morrido na calçada de um hospital qualquer
por falta de atendimento médico, quadro esse muito comum na saúde
pública do Brasil. Todos os dias, jornais de televisão mostram o
sucateamento da saúde pública. Dói, e como dói presenciar o sofrimento
de pessoas muito pobres que voltam para casa, para morrerem, porque não
foram atendidas nos hospitais públicos. E Deus algum quer que aquelas
pessoas sofram muito antes de morrerem. E veja que nesse universo de
sofredores estão crianças e idosos. Já os ricos têm outro tratamento.
Não ficam sem assistência médica. Diante de qualquer problema de saúde,
correm para os hospitais mais caros do país: Albert Einstein e
Sírio-Libanês. Já os pobres correm para os necrotérios. Portanto,
Saramago livrou-se da doença por ação dos médicos, da medicina e também
pelos cuidados de sua querida esposa.
E
Saramago diz, com razão, que Deus algum existe. Que Deus é apenas uma
criação do cérebro humano, o que é a mais pura verdade. O homem, desde
as eras patriarcais, cria deuses à sua imagem e semelhança. Basta
estudar a Pré-História, basta estudar a História. O homem, em sua
profunda ignorância, criando seres imaginários ao sabor de sua cultura. E
Saramago diz que, no cérebro, está também o Diabo. Acertou em cheio! No
cérebro, somente no cérebro, estão os deuses, os demônios, os anjinhos,
o céu, o Inferno, o purgatório, o lobisomem, o saci-pererê, o boitatá, a
mula sem cabeça, o bicho-papão etc.
Saudades de José Saramago!
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